O grande salão da Fortaleza Vermelha ressoava com a agitação da corte, onde nobres se reuniam em um jantar marcado pela pompa e circunstância. Sob os candelabros reluzentes, as vozes murmuravam como um zumbido constante, enquanto Visenya e Aemond compartilhavam um lugar à mesa real.
A atmosfera era tensa, uma tensão que persistia desde o ato tumultuado na noite anterior. Aemond, por sua vez, parecia decidido a dissipar qualquer sombra que ainda pairasse entre nós. Seu olhar encontrou o do pai, o Rei Viserys, em um momento de silêncio.
"Pai," Aemond começou, sua voz ecoando no salão, "precisamos providenciar uma nova cama. A antiga, como pode ter notado, não resistiu aos nossos... desentendimentos."
O olhar do rei percorreu a mesa, sua expressão impenetrável enquanto absorvia a revelação inesperada. A corte, inicialmente envolta em suas próprias conversas, silenciou gradualmente, atentos à cena que se desenrolava diante deles.
Visenya, sentindo as atenções convergindo sobre nós, desviou o olhar para o próprio prato, a face corando de vergonha diante da franca revelação de Aemond. O murmúrio na corte se intensificou, cochichos e olhares indiscretos trocados entre os nobres.
O Rei Viserys, entretanto, manteve uma postura impassível, seus olhos fixos alternadamente em Aemond e Visenya. O peso de seu olhar parecia uma avaliação cuidadosa do que havia sido dito e das implicações da situação.
"A nova cama será providenciada imediatamente," declarou ele, sua voz grave cortando o murmúrio. "Certamente, desejamos que este novo leito seja mais... resistente."
A resposta do rei desencadeou uma onda de risadas comedidas entre os nobres presentes, que tentavam amenizar a situação constrangedora com humor cortês. Visenya, por sua vez, mantinha os olhos baixos, desejando que a terra se abrisse para engoli-la. Era como se cada olhar, cada risadinha abafada, aumentasse o peso da vergonha que sentia, mesmo quando sabia que o gesto de Aemond tinha sido uma tentativa de alívio cômico.
Aemond, notando a tensão na expressão de sua esposa, estendeu a mão para ela com um sorriso travesso. "Não se preocupe, Visenya. Pelo menos teremos uma cama mais resistente da próxima vez."
Ela lançou-lhe um olhar misto de embaraço e reprovação, mas não pôde conter um leve sorriso diante da tentativa de Aemond de amenizar a situação. A luz das velas dançava em seus olhos, capturando um momento raro de intimidade pública que não poderia passar despercebido entre os observadores astutos.
O jantar prosseguiu, mas o incidente permaneceu como uma sombra pairando sobre nós. Na superfície, as aparências de normalidade eram mantidas, mas nas entrelinhas dos diálogos corteses e dos brindes, as cicatrizes do nosso casamento tumultuado eram percebidas por olhos atentos na corte. Cada gesto e cada palavra eram analisados meticulosamente, pois os nobres estavam sempre ávidos por qualquer sinal de discórdia ou unidade entre nós.
Viserys, enquanto continuava a presidir o jantar, parecia satisfeito com a forma como Aemond estava lidando com a situação. Havia uma faísca de aprovação em seu olhar, talvez uma esperança de que seu filho finalmente estivesse amadurecendo em seu papel não apenas como príncipe, mas como marido.
Aegon, por outro lado, assistia tudo com um misto de diversão e interesse genuíno. Ele, mais do que ninguém, entendia as pressões de manter uma aparência diante da corte, mas não resistia a uma boa provocação.
"Não se preocupem, os melhores artesãos serão convocados," Aegon disse, erguendo sua taça com um sorriso maroto. "Certamente criarão uma cama digna de um dragão."
Mais uma rodada de risadas ecoou, desta vez mais relaxada, e Visenya sentiu-se ligeiramente aliviada por perceber que a atenção estava começando a se desviar. O foco lentamente retornava para as conversas triviais e os assuntos de Estado que sempre dominavam esses eventos.
Quando o jantar finalmente chegou ao fim, Aemond e Visenya retiraram-se do salão sob o olhar curioso e especulativo dos nobres. Caminharam juntos pelos corredores da Fortaleza Vermelha, lado a lado, como um casal que estava aprendendo a navegar as águas turbulentas de seu relacionamento.
Ao entrarem nos aposentos agora arrumados, Visenya parou por um momento, observando o quarto com uma nova perspectiva. Aemond, percebendo sua hesitação, virou-se para ela, segurando suas mãos com firmeza e determinação.
"Nós provocamos a tempestade, mas também somos capazes de sobreviver a ela," ele disse, sua voz firme e sincera. "Construiremos algo forte e duradouro, Visenya. Não apenas uma cama, mas um lar e uma vida juntos."
Ela assentiu, sentindo a verdade em suas palavras e o calor de sua promessa. Havia uma nova determinação em ambos, uma compreensão de que o que tinham era precioso, e que ambos precisariam trabalhar juntos para que florescesse.
Na penumbra de seus aposentos, longe dos olhares indiscretos da corte, Aemond e Visenya se uniram mais uma vez, desta vez com a certeza de que, como dragões, poderiam enfrentar qualquer tempestade que o destino lhes reservasse. O amor e a determinação, forjados na fornalha de suas experiências compartilhadas, seriam sua força enquanto continuavam a trilhar o caminho incerto de seu casamento real.
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Entre Sombras e Dragões- Aemond Targaryen
Fanfic1° Livro da Duologia: "As Crônicas dos Dragões e Sombras" Em um período de crescente tensão e traição, Visenya Baratheon, uma princesa de espírito indomável, e Aemond Targaryen, um príncipe marcado por seu passado tumultuado, enfrentam uma batalha n...