Raízes do Pacto

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O crepúsculo dourado envolvia Pedra do Dragão quando me aventurei, com coragem infantil, para explorar os domínios misteriosos do castelo. Aos oito anos, a curiosidade ardia em meu peito como uma chama incessante. A fortaleza antiga, envolta em histórias de dragões e guerreiros, despertava minha imaginação, e eu ansiava por descobrir seus segredos ocultos.

Atraída por uma intuição infantil que desafiava a lógica, encontrei a entrada de uma caverna escondida nas falésias, um santuário sombrio e esquecido que poucos ousavam explorar. Era como se o próprio destino me guiasse até ali. Ao adentrar o abrigo secreto de Cannibal, o temido dragão que aterrorizava as histórias da corte, senti o ar vibrar com uma energia desconhecida. Seus olhos flamejantes me encararam com surpresa e desconfiança, e naquele momento, soube que havia cruzado uma fronteira invisível entre o mundo dos homens e o dos monstros alados.

Num instante, a cauda do dragão ergueu-se com uma velocidade aterradora e, com um movimento rápido, atingiu-me brutalmente, lançando-me ao chão. A dor aguda nas costas revelou a crueldade da cauda de Cannibal, e cicatrizes se formaram como testemunhas permanentes daquele encontro fatídico. Senti o gosto amargo do medo, mas também algo mais profundo — a compreensão de que havia despertado algo dentro do dragão, uma emoção que desafiava sua natureza feroz.

Enquanto eu jazia no chão, sem fôlego e confusa, algo notável aconteceu. Cannibal, em sua brutalidade, percebeu meu estado vulnerável e, pela primeira vez, experimentou a inquietação da preocupação. Seus olhos, antes chamas de fúria, agora brilhavam com uma luz hesitante, como se uma nova consciência despertasse em sua mente antiga. Naquele momento de angústia, ele não era apenas uma fera indomada, mas uma criatura complexa, capaz de emoções que transcenderiam as lendas que o cercavam.

De repente, Oton, meu leal protetor, adentrou a cena com uma fúria protetora que rivalizava com a do próprio dragão. Com uma bravura desesperada, ele tentou enfrentar Cannibal, mas o dragão, agora mais consciente de si, desviou-se habilmente, embora uma de suas garras tenha acertado o rosto de Oton. O som do impacto ecoou pela caverna, mas a batalha que se seguiu foi mais uma dança de compreensão do que de violência.

A escuridão da inconsciência me envolveu, mas dentro desse véu, vi um vislumbre do verdadeiro coração de Cannibal. Ele não era o monstro sanguinário das lendas, mas sim uma criatura que, de maneira estranha, compartilhava uma conexão singular comigo. Quando acordei, a luz do amanhecer derramava-se pela caverna, e vi Oton ferido, mas determinado, ao meu lado. Cannibal estava próximo, não como um inimigo, mas como um ser incompreendido, cuja presença agora fazia parte de mim.

Com uma coragem além dos meus anos, estendi a mão a Cannibal. A resposta veio na forma de uma aproximação cautelosa, um passo hesitante em direção a um vínculo que desafiava o destino. Eu sabia que uma mudança fundamental havia ocorrido — não apenas em Cannibal, mas também em mim. Juntos, rompemos as barreiras do medo e da desconfiança, forjando um laço que o tempo e o espaço não poderiam romper.

Levando Cannibal para fora da caverna, iniciamos uma jornada que nos levaria à Ponta da Tempestade, onde as nuvens dançavam em turbilhão e os ventos sussurravam segredos antigos. Sob o céu vasto e tempestuoso, Cannibal se tornara meu aliado, um guardião cujas cicatrizes refletiam as minhas. Agora, aos dezoito anos, recordo-me das cicatrizes em minhas costas e do rosto marcado de Oton como testemunhos das raízes incomuns de nossa aliança — marcas de um passado que moldou o presente de maneira irrevogável.

No crepúsculo dourado, entre as sombras do passado e a promessa do presente, eu, Visenya, Lady Baratheon, preparei-me para enfrentar um destino que, agora, estava intrinsecamente entrelaçado com o formidável Cannibal. Juntos, estávamos prontos para enfrentar as incertezas que se desenrolavam diante de nós, sabendo que nosso vínculo desafiaria as convenções de Westeros e redefiniria o significado de lealdade e coragem. As cicatrizes que carregávamos não eram apenas lembranças de dor, mas símbolos de uma força compartilhada, uma promessa silenciosa de que enfrentaríamos o futuro lado a lado.


REVISADO E REESCRITO

Entre Sombras e Dragões- Aemond TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora