No Refúgio da Floresta

25 1 0
                                    

A notícia da caçada organizada pelo rei espalhou-se como fogo, alcançando os ouvidos de todos os nobres em Rochedo do Dragão. Sob o manto verde da floresta, a comitiva real se reuniu, pronta para embarcar em uma busca pelo esplendor da natureza. A ocasião era aguardada com ansiedade, tanto por aqueles que viam a caçada como um esporte quanto por aqueles que a consideravam uma oportunidade de se destacar na corte.

Aemond, com sua costumeira preocupação, aproximou-se de mim antes da partida. Ele sempre fora protetor, algo que eu entendia, mas que por vezes considerava um pouco excessivo. "Visenya, é melhor que fique próxima às outras damas durante a caçada. As florestas podem ser traiçoeiras, e não quero preocupações extras."

Seu conselho foi recebido com um olhar de desdém, refletindo a tensão que ainda existia entre nós. "Príncipe Aemond, tenho enfrentado desafios maiores do que uma floresta. Não tema por minha segurança; eu sei me cuidar." Minhas palavras saíram mais afiadas do que eu pretendia, mas não retiraria o que disse. Sempre valorizei minha independência, e isso não mudaria agora.

As palavras afiadas eram como lâminas entre nós, mas antes que pudesse dizer mais, ele se afastou, deixando-me com a decisão de seguir suas instruções ou seguir meu próprio caminho. Optei pela última opção, movida por uma mistura de curiosidade e desejo de provar que era capaz de cuidar de mim mesma.

Enquanto a caçada se desenrolava, afastei-me da comitiva e entrei na densidade da floresta. As sombras das árvores altas dançavam ao meu redor, criando um mosaico de luz e escuridão. A sensação de liberdade era revigorante, e, por um momento, esqueci as complexidades da vida na corte. A floresta oferecia uma paz que raramente encontrava entre os murmurinhos e julgamentos constantes dos nobres.

A noite caiu sobre a floresta, e as estrelas se acenderam no firmamento escuro. Sem um caminho definido, deixei-me levar pelos sons da natureza, pelos suspiros suaves do vento nas folhas e pelos ruídos distantes de animais noturnos. Cada som, cada sombra, parecia contar uma história que a corte jamais compreenderia.

Enquanto a lua alcançava seu auge no céu, decidi repousar em um claro, cercada pela serenidade da natureza. A grama macia serviu como leito improvisado, e a quietude da floresta acalmou minha mente inquieta. Ali, deitada sob o manto estrelado, senti-me parte de algo maior, livre das correntes das expectativas reais.

Na distância, ouvi o eco da comitiva retornando ao acampamento. Aemond, visivelmente preocupado, liderava o grupo, varrendo a área com um olhar acerbo. Quando seus olhos encontraram meu refúgio na floresta, uma fúria incontrolável se acendeu em seu olhar. Seu rosto expressava uma mistura de alívio e raiva, sentimentos que ele claramente lutava para equilibrar.

"Visenya!" ele rugiu, a voz ecoando pelos recantos da floresta. "O que pensa que está fazendo?" Sua frustração era palpável, e não apenas por eu ter me aventurado sozinha. Havia algo mais, um medo não admitido de que eu pudesse não estar lá para ouvir sua reprimenda.

Levantei-me, ignorando a raiva em seu tom. "A floresta oferece mais companhia do que a corte, príncipe Aemond. Não vejo mal algum em buscar um momento de paz." Minhas palavras foram ditas calmamente, mas carregavam uma verdade que ele não podia simplesmente descartar.

Sua expressão era um furacão de emoções, mas eu permaneci impassível. A tensão entre nós era densa, mas também havia algo mais — um entendimento silencioso de que nossas jornadas eram inevitavelmente entrelaçadas, gostássemos ou não. Com um gesto impaciente, ele indicou o caminho de volta ao acampamento. "Volte agora. Não preciso de suas escapadas imprudentes." Suas palavras eram duras, mas sua preocupação era evidente.

Retornei ao acampamento sob sua guarda feroz, sem um traço de arrependimento em meu coração. Aemond, enfurecido e impotente diante da minha autonomia, percebeu que, mesmo nas sombras da floresta, eu era uma força incontrolável. Ele sabia que não podia me proteger de tudo, e talvez esse fosse o verdadeiro motivo de sua fúria — a realização de que eu era tão indomável quanto as florestas que tanto temia.

E assim, com a lua como testemunha silenciosa, a dança entre nós continuou, cada passo moldando o curso imprevisível que nossa jornada conjunta seguiria. Entre nós, uma nova compreensão surgia — um reconhecimento de que, apesar de nossas diferenças e teimosias, éramos parceiros em um jogo que só o tempo poderia desvendar. A floresta, em toda sua magnificência e mistério, servira como um lembrete do que significava ser verdadeiramente livre, mesmo dentro dos limites de uma aliança real.

Entre Sombras e Dragões- Aemond TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora