Sombras de Expectativas

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Aemond e eu continuamos a dança delicada da convivência, um mês após nossa união, cada passo carregado com a tensão de nossos desentendimentos passados. No entanto, o silêncio que se seguiu à reprimenda real no banquete trouxe uma trégua frágil, uma pausa volátil na tempestade que pairava sobre nossa união.

Uma manhã, enquanto caminhávamos pelos jardins da Fortaleza Vermelha, as sombras das árvores pareciam dançar, ecoando os movimentos imprevisíveis de nosso relacionamento. O som suave da brisa passando pelas folhas era a única música que nos acompanhava. Aemond, em sua armadura negra, parecia mais uma sombra do que um homem, e eu, com minha expressão desafiadora, refletia o fogo que queimava dentro de mim.

A tensão era palpável, como um elástico prestes a se romper. Por semanas, evitávamos o confronto direto sobre os assuntos mais delicados, cada um de nós resistindo a ceder um milímetro de terreno. Mas naquele dia, Aemond decidiu romper o silêncio.

"Visenya, Westeros espera por um herdeiro", disse Aemond, rompendo o silêncio tenso que nos cercava. Sua voz era firme, mas havia um tom de desespero mal disfarçado, a urgência de alguém que sabia que o tempo não estava ao nosso lado.

Olhei para ele, meus olhos não revelando nada além de determinação. "Não serei pressionada por prazos. Nossa casa precisa de um herdeiro, mas eu não serei forçada a um papel que não escolhi." Minhas palavras eram afiadas como uma lâmina, uma defesa contra o que eu via como uma tentativa de controle.

Aemond cerrou o punho, um lampejo de frustração em seus olhos. "Não é apenas um papel, é um dever para com nossa linhagem, para com Westeros." Ele parecia lutar para manter a compostura, cada palavra enraizada em anos de doutrina e tradição.

"Dever?" Debochei, minhas palavras carregadas de desafio. "Não terei meu destino traçado por convenções antiquadas. Se quer um herdeiro, terá que aprender a lidar com uma esposa que não se curvará às sombras de expectativas alheias." Eu estava determinada a não ser uma peça em um jogo que não ajudara a definir.

A tensão entre nós aumentou, as palavras quebrando a frágil trégua que havíamos forjado. As árvores ao nosso redor eram testemunhas silenciosas do nosso conflito, suas sombras dançando ao ritmo da nossa discórdia. A corte, sempre ávida por escândalos e intrigas, começou a pressionar por notícias de um herdeiro. Murmúrios e olhares inquisitivos nos cercavam, como sombras famintas por detalhes de nossas vidas privadas.

Meses se passaram, e a pressão persistia. Enquanto eu me afundava nas sombras da Fortaleza Vermelha, Aemond lutava com a crescente expectativa de dar continuidade à linhagem dos Targaryen. Ele passava mais tempo em conselhos e reuniões, sua mente dividida entre a responsabilidade e o desejo de encontrar um equilíbrio em nosso casamento. A corte, impiedosa em seus julgamentos, alimentava-se da narrativa de um casamento destinado a desmoronar.

A relação entre Aemond e eu havia se tornado uma dança de resistência, uma série de passos cautelosos entre o desejo de encontrar uma solução e a determinação de não ceder aos caprichos da tradição. Eu sentia o peso das expectativas, mas também a liberdade de traçar meu próprio caminho, mesmo que esse caminho fosse incerto.

Certa noite, confrontei Aemond nos aposentos reais, as sombras dançando nas paredes enquanto a lua lançava sua luz pálida sobre nós. "Não posso trazer um herdeiro ao mundo sob o peso de sua impaciência", declarei com firmeza. Minhas palavras eram uma declaração de autonomia, uma afirmação de que eu não seria governada pelo medo ou pela pressão.

Ele me encarou, uma mistura de frustração e resignação em seus olhos. "Visenya, Westeros exige um herdeiro, e essa exigência não desaparecerá." Sua voz estava mais suave agora, quase um sussurro, como se ele estivesse cansado da luta incessante.

"Então, teremos um herdeiro quando eu decidir que é o momento certo", respondi, minha voz ecoando pelas paredes como um desafio aos deuses e homens. Eu sabia que ele entendia a verdade das minhas palavras, mesmo que fosse difícil aceitar.

O destino dos Targaryen, envolto em sombras e expectativas, permanecia incerto. O que Westeros não compreendia era que, mesmo nas sombras, eu, Visenya, continuaria a lutar por meu próprio caminho, resistindo às correntes que tentavam moldar meu destino.

Apesar das dificuldades, havia um vislumbre de esperança em nossa luta. A dança que Aemond e eu travávamos era uma dança de entendimento, uma busca por um terreno comum onde nossas vontades e desejos pudessem coexistir. Sabíamos que a estrada à frente seria difícil, mas estávamos dispostos a trilhar esse caminho juntos, desafiando as sombras que ameaçavam nos engolir.

Naquele momento, em meio às sombras e à luz da lua, percebi que nosso relacionamento era mais do que apenas um cumprimento de dever. Era uma jornada de descoberta, uma busca por identidade e propósito em meio ao caos de Westeros. E, enquanto continuássemos a dançar, sempre haveria a possibilidade de criar algo novo a partir das cinzas do que havia sido.

Entre Sombras e Dragões- Aemond TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora