Entre Sombras e Dragões- Aemond Targaryen

Lamento nas sombras

Os dias que se seguiram à tragédia eram como uma procissão silenciosa pela Fortaleza Vermelha. Um véu de melancolia cobria cada pedra, e o peso da dor pairava no ar como sombras densas. Os corredores, antes vibrantes com o eco das vozes e risos da corte, agora eram preenchidos por um silêncio pesado, interrompido apenas pelos sussurros dos servos e o som distante das bandeiras tremulando ao vento. Visenya, buscando um abrigo solitário para suas feridas emocionais, solicitou a mudança para novos aposentos, um refúgio onde pudesse enfrentar o luto e a desconfiança que a envolviam.

Aemond, sentindo-se perdido e consumido pelo remorso, decidiu enfrentar as sombras que ameaçavam separá-los. Com um suspiro pesado, ele adentrou o novo recinto de Visenya, suas palavras tentando romper a barreira do sofrimento. As paredes, adornadas com tapeçarias antigas, pareciam absorver o desespero em suas vozes, tornando o ambiente ainda mais opressivo.

"Visenya, por favor, você precisa acreditar em mim. Aquela cena com Aegon foi uma armadilha, uma artimanha terrível que nem eu previ. Nunca a trairia, nunca colocaria nossa união em risco de propósito."

As palavras de Aemond, como fios frágeis, flutuavam no ar carregado de tensão. Visenya, com olhos que refletiam uma tempestade de emoções, ouvia em silêncio, seu olhar uma mistura complexa de dor e desconfiança. Cada palavra de Aemond parecia se chocar contra um muro invisível de mágoa e ceticismo, construído pela noite de traição e pelas cicatrizes do recente passado.

"Palavras são como vento, Aemond. Sua verdade é obscurecida pelas sombras do que ocorreu. Não sei se posso voltar a confiar completamente em você." A voz de Visenya era um sussurro, um eco suave que ressoava na sala e se perdia nas sombras que dançavam ao redor. O silêncio seguinte era tão espesso que quase se podia tocar, carregado com o peso das palavras não ditas e das emoções reprimidas.

Aemond, desesperado para dissipar as nuvens que encobriam sua relação, buscava as palavras certas, mas cada tentativa parecia se perder na vastidão do abismo emocional que se formara. Ele podia sentir a distância entre eles, uma fenda que se alargava a cada palavra não dita. O brilho nos olhos de Visenya, que antes refletia amor e confiança, agora mostrava um mar de incertezas.

"Visenya, por favor, não permita que esta sombra nos separe. Eu amo você mais do que qualquer coisa neste mundo. Juntos, podemos superar isso, se você me der uma chance." Aemond implorou, suas palavras carregadas de sinceridade. Seu coração batia descompassado, cada pulsação um lembrete da fragilidade de seu apelo.

No entanto, no átrio dos sentimentos feridos, o futuro deles permanecia incerto. As sombras dançavam, criando uma coreografia de incertezas. Visenya, ainda envolta em seu manto de reserva, enfrentava a encruzilhada entre o perdão e a desconfiança. Ela olhou para Aemond, tentando encontrar uma centelha de verdade em seus olhos, algo que pudesse acender a chama da esperança.

A Fortaleza Vermelha, que testemunhara tantos momentos de glória e desespero ao longo dos séculos, agora guardava os lamentos que ressoavam em seus corredores sombrios. As paredes, cúmplices silenciosas de tantas histórias de amor e traição, pareciam absorver a dor de Visenya e Aemond, mantendo seus segredos em seu âmago de pedra. As noites tornaram-se longas e os dias, intermináveis, enquanto ambos navegavam pelas águas turbulentas de seus sentimentos, tentando encontrar um caminho de volta um para o outro.

E enquanto as palavras ecoavam na penumbra, a promessa de um novo amanhecer permanecia distante, obscurecida pelas nuvens de desconfiança e mágoa. Visenya e Aemond sabiam que a jornada para a reconciliação seria árdua, marcada por altos e baixos, mas também estavam cientes de que, em meio às sombras, existia uma luz tênue, uma esperança frágil que, se nutrida com cuidado, poderia um dia brilhar novamente.