Trouxe a memória a gestação do Samuel. Foi muito difícil engravidar, foram 4 tentativas que não deram certo, e quando deu certo com ele, eu tinha medo de me mexer. Quando fiz 3 meses e meio eu cai no banheiro e fiquei apavorada. Aos 4 meses eu sofri uma batida de carro, um bêbado me acertou em cheio. Eu tive um descolamento de placenta e precisei ficar 3 meses na cama. Eu me levantava para ir ao banheiro e tomar banho. Aos 7 meses outro descolamento e mais um medo porque ele era pequeno demais pra nascer. Com 34 semanas eu tive pré eclampsia e pedi para salvarem meu filho. Quando meu filho saiu eu tive duas paradas cardíacas e uma hemorragia que eu quase perdi meu útero, mas perdi uma das minhas trompas. Foram dois dias em coma sem a certeza se eu voltaria ou não. Meu filho passou um mês no hospital até poder ir pra casa. Eu passei por uma depressão pós parto, a qual eu não rejeitava meu filho, mas eu não deixava ninguém se aproximar dele e foi assim por quase um mês. Eu chorava desesperadamente sempre que alguém chegava perto dele, além de mim, dos meus filhos e da Natalie. Foi aterrorizante. Meu médico me aconselhou a não engravidar novamente para o meu bem estar. A história daquela moça mexeu comigo. Ela não teve a chance de conhecer o filho e a mãe dela estava velando a filha a duas semanas, era angustiante. Aquilo mexeu demais comigo. Eu cheguei em casa a Natalie estava nervosa no quarto. – Está tudo bem amor? – perguntei quando saia do banho.
Nat: Parece que está tudo bem? – cruzou os braços irritada.
Eu: Parece bem irritada, o que foi?
Nat: No ginecologista Priscilla... No ginecologista... Tem noção de como isso é constrangedor?
Eu: O que tem o ginecologista Natalie? - Eu não estava entendendo onde ela queria chegar.
Nat: Os seus queridos seguranças, estavam me esperando na porta do ginecologista, e não era na entrada do prédio não era na porta do consultório, você tem ideia do quanto isso é ridículo? Só faltou abrirem a porta e pedirem para olhar também lá embaixo se estava tudo bem. – ela estava muito brava. Trocaram os seguranças dela e os dois não eram nada discretos.
Eu: Sinto muito amor... O que eu posso fazer pra melhorar seu dia?
Nat: Um pix de 1 milhão e esses seguranças na rua.
Eu: A gente viaja amanhã vamos poder aproveitar em paz, e um pix de um milhão nem pensar e você tem mais dinheiro que eu, é mais fácil você me mandar um. – ri baixo.
Nat: Boba. – riu relaxando. – Chequei todas as malas, e está tudo ok. Chequei os remédios de todo mundo e está tudo ok também.
Eu: Ótimo. Tem algo que eu possa ajudar agora?
Nat: Pode fazer o café da manhã, eu preciso dormir um pouco mais amanhã.
Eu: Claro – a beijei. – Vou tomar um banho. – ela me segurou.
Nat: Está tudo bem com você?
Eu: Sim está. – sorri de leve e fui tomar banho. Eu fui invadida por uma vontade absurda de chorar. Aquelas memórias não me fizeram bem. Depois de um longo banho e de muitas lágrimas eu sai, fiz uma skincare sequei meu cabelo e logo sai do banheiro. Eu fui buscar os pequenos na escola com o motorista, as meninas já tinham chegado. Todo mundo dormiu cedo, a gente tinha que estar no aeroporto as 9 da manhã, nosso voo era as 10:30. Então todo mundo tinha que estar de pé as 7 horas para não atrasar. Eu tive um pesadelo, com o dia que o Samuel nasceu. Acordei gritando e a Natalie me segurando.
Nat: Priscilla... Calma... Olha pra mim... Calma...
Eu: Cadê o Samuel? Cadê meu filho? – ofegava e chorava.
Nat: Pri, fica calma... A gente está no nosso quarto, o Samuel está dormindo. Acabei de vê-lo, a Ana Júlia acordou chorando eu fui vê-la a fiz dormir de novo e passei para vê-lo está tudo bem. – eu a abracei forte e chorei muito. – Calma amor está tudo bem. Fica calma. – eu deitei de novo e ela me abraçou. – Está tudo bem... – não demorei muito e dormi de novo. Acordei as cinco da manhã, tomei banho, me troquei, desci coloquei a mesa do café, comecei a fazer tudo e logo a Natalie desceu, já tinha acordado nossos filhos, eu subi, dei banho na Ana Julia e inspecionei o banho do Samuel, logo todos nós tomamos café, colocamos as malas no carro, o Francisco já tinha ido para o apartamento da minha mãe, ele ia ficar lá, e quando fossemos para Orlando ele ia para um hotelzinho. Chegamos no aeroporto meia hora antes do previsto, fizemos check in, despachamos as malas que precisavam ser despachadas, meus filhos foram comprar algumas coisas numa lojinha e logo nosso embarque foi anunciado e embarcamos. Eram 9h45 de voo com uma escala rápida. No meio do voo a Nat puxou papo sobre o meu pesadelo. – Amor?
Eu: Hum?
Nat: O que você sonhou pra acordar daquele jeito?
Eu: Com tudo que aconteceu quando eu fiquei grávida do Samuel. – suspirei – Foi horrível amor. Foi como se tudo que eu vivi tivesse sido condensado e passado super rápido na minha mente. Mas eu morria... Eu ficava presa no meu corpo, eu tinha pensamentos, eu me via fora do meu corpo e sabia que não podia me mover, não sei bem explicar, como se eu estivesse num coma profundo e que ninguém conseguisse me acordar e todos pensavam a mesma coisa, desligar os aparelhos porque para todos eu já estava morta.
Nat: Mas porque isso assim amor? Você nunca mais teve pesadelos com tudo isso. Foi traumático pra você, mas você nunca mais pensou nesse dia assim.
Eu: A audiência de ontem de manhã... – contei pra ela resumidamente. – Me fez reviver aquela fase da minha vida sabe. Ainda tem uma dorzinha aqui no fundo.
Nat: É... Algumas lembranças quando voltam são bem difíceis de reviver né... Mas está tudo bem agora. O Samuel está muito bem, e bem provável que ele vai causar um avalanche e soterrar a todos nós nessa viagem – demos risadas.
Eu: Tá repreendido. – dei um beijo nela. – Te amo. Mais que tudo.
Nat: Te amo. - Tínhamos um transfer para o hotel que ficava numa estação de esqui e o lugar era lindo. Tinha uma vista incrível. O Hugo e Maria Elisa ficariam numa suíte, Helena e Laura iam dividir uma suíte de frente para a nossa, e pedimos uma suíte conjugada para mim e a Natalie onde era só abrirmos uma porta que estaríamos no quarto ao lado, para o Samuel e a Juju. Essa viagem era tudo que a gente precisava agora.
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Estamos perto do fim pessoal...
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A GRANDE FAMÍLIA SMITH-PUGLIESE
FanfictionMeu nome é Priscilla Álvares Pugliese, tenho 36 anos sou juíza estadual e tutora universitária de uma universidade particular no Rio de Janeiro, moro numa numa cobertura no Leblon no Rio de Janeiro. Eu sou casada com Natalie Kate Smith Pugliese, ela...