Capítulo 140

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Eu abracei minhas pernas e chorei muito. Eu por 15 minutos não pensei em nada só chorei. Duda voltou e sentou do meu lado sem dizer nada.

Eu: Ela pediu guarda compartilhada. – falei quase sem voz.

Duda: A Rosana?

Eu: Sim.

Duda: E ela pode fazer isso?

Eu: Achou que podia. Só que eu tenho 16 anos e meu irmão tem 18, e guarda compartilhada só pode ser pedido com crianças antes dos 12 anos, porque a partir dai, elas já podem dizer com quem quer ficar. Só que no nosso caso, além da idade, ela não tem direitos como mãe. Essa convivência que ela forçou nossa goela abaixo, ela conseguiu porque a promotora do caso é uma idiota, e a gente aceitou para acabar com tudo isso. Eu e o Hugo convivíamos com ela, com o marido dela que é um cara legal, com os filhos dela que são crianças adoráveis. Eu sempre mantive uma distancia segura dela e pra mim estava bom assim. Mas não... Pra ela não estava bom. Ela fez isso e ela sequer pensou em falar com a gente antes. – sequei a lágrima que caia.

Duda: Ela foi falsa.

Eu: Foi.

Duda: E o que acontece agora?

Eu: Legalmente, nada. E pessoalmente, eu quero distancia dela. A bloqueei de tudo e quando sai do restaurante ela estava me esperando querendo falar comigo. Pra mim chega. Acabou a politica da boa vizinhança. Ela estragou tudo, mais uma vez.

Duda: Sinto muito amor. – pegou minha mão.

Eu: Desculpa te expulsar daqui. Eu só precisava ficar sozinha um pouco.

Duda: Tudo bem. Eu te entendo. E vai falar para as suas mães?

Eu: Não. Elas já estão sofrendo bastante com o que minha irmã está passando. Chega de problemas pra elas.

Duda: Não acha que seria bom falar disso com a Sueli sua terapeuta?

Eu: Sim. Eu tenho terapia hoje e vou falar sobre isso. – ela ficou ali comigo. Logo a aula da tarde começou, eu não prestei atenção em nada. Sai dali e fui para a terapia. Contei o que houve.

Sueli: E como se sente agora com tudo isso?

Eu: Cansada. Eu nunca quis a aproximação dela. Ela forçou, a gente aceitou, eu aceitei, mas mantendo uma distância segura dela. Ai ela faz isso de novo, pisa na bola feio. Eu cansei. Ela quer forçar uma coisa que não somos. Uma família... A gente não vai ser uma família de novo, nunca mais. Na verdade a gente nunca foi. Meu nome é Helena Smith Pugliese, minhas mães são Natalie Smith Pugliese empresária e Priscilla Pugliese, desembargadora, eu tenho quatro irmãos, eu moro no Leblon, estudo na Escola Americana do Rio de Janeiro, eu namoro a Eduarda que estuda no meu colégio, eu faço ballet. Essa sou eu. Eu não tenho mais nada da família dela, ou dela ou do marido dela. A gente nunca foi uma família e não vai ser entrando na justiça que ela vai fazer isso acontecer. Só que ela parece não entender isso, ela quer ganhar no grito. A adoção foi totalmente legal. Minha mãe era advogada na época, minha mãe foi promotora, foi juíza, agora é desembargadora, ela jamais faria algo tão sério como uma adoção, de maneira ilegal ainda mais correndo o risco dos genitores irem atrás no futuro como aconteceu. Adoção é irrevogável e a Rosana não entende isso.

Sueli: Você tentou a aproximação por causa das crianças que ela tem não é?

Eu: Sim. São crianças boas, o marido dela é uma ótima pessoa também. Ela se mostrou uma boa pessoa no começo então eu e meu irmão tentamos nos dar bem, conviver, manter uma amizade e deixamos isso claro pra ela, mas parece que não foi suficiente pra ela. E ela arrumou uma advogada tão ruim que sequer avisou a ela que era impossível o que ela estava tentando, que isso jamais seria aceitou por nenhum juiz e que ela implodiria tudo que ela conseguiu de aproximação conosco nesse tempo. Mais uma vez, ela nos perdeu.

Sueli: É... Ela agiu impulsivamente. Essas marcas no seu braço Helena... O que houve?

Eu: Eu tive uma crise de ansiedade hoje na escola e me arranhei. Eu só percebi que tinha ferido quando vi os sangue nas minhas unhas – suspirei.

Sueli: Eu vou te passar um exercício de respiração para quando a ansiedade vir ok? – ela me passou o exercício, conversamos mais um pouco, eu peguei um uber e fui pra casa. Eu não tinha ballet, a professora está doente então a aula do dia foi cancelada. Eu tomei banho, passei um antisséptico no meu braço e fui fazer lição de casa. Logo meu irmão veio.

Hugo: Oi...

Eu: Oi – sorri de leve.

Hugo: Como você está?

Eu: Com raiva e você?

Hugo: Eu também. Ela foi atrás de mim na faculdade.

Eu: Ela foi atrás de mim no colégio também. Isso tudo é tão ridículo que nem sei explicar.

Hugo: Pois é. Só que agora acabou qualquer tipo de convivência. Ela conseguiu destruir o pouco que ela conseguiu atoa.

Eu: Sim. Melhor assim. Agora a gente não tem mais o sentimento de obrigação de absolutamente nada com ela.

Hugo: É... O que é isso no seu braço? – pegou no meu braço.

Eu: Nada demais.

Hugo: Helena...

Eu: Eu tive uma crise de ansiedade e me arranhei eu não percebi que tinha me ferido. Mas está tudo bem.

Hugo: Falou disso na terapia?

Eu: Sim.

Hugo: Conversa comigo, ou com a Duda se não quiser falar com as nossas mães, mas não se machuque ok?

Eu: Fica tranquilo.

Hugo: Te amo.

Eu: Te amo. – minha irmã saiu do hospital no sábado no fim da tarde. Ela estava feliz por ter voltado pra casa, mas estava triste por ter que ficar 3 meses fora do vôlei. Eu dormi com ela no sábado contei da Rosana e ela achou ridículo o que ela fez. A gente conversou bastante aquela semana sobre isso. 

A GRANDE FAMÍLIA SMITH-PUGLIESEOnde histórias criam vida. Descubra agora