Capítulo 132

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Era sexta feira eu precisava conversar porque eu acordei me sentindo vazia e explodindo ao mesmo tempo, chorando muito.

Rafa: Priscilla, vamos? – ela me chamou e eu entrei e me sentei. – Quer uma água?

Eu: Quero. – ela me deu uma garrafinha e colocou um copo na mesinha do lado. Eu pedi que ela me tratasse como uma paciente dela. E esquecesse o nosso vinculo pelo menos por um dia. Eu marquei dois horários seguidos com ela eu precisava entender tudo isso.

Rafa: Então, o que te trouxe aqui? Você parecia bastante desesperada.

Eu: Eu não consegui horário com a minha terapeuta, e nem com nenhuma terapeuta de nenhum dos meus filhos e nem mesmo da Natalie, enfim, eu estou explodindo, eu preciso conversar.

Rafa: Tudo bem. O que está te deixando nesse estado?

Eu: Hoje eu faço 17 anos de casada. E eu não consigo retomar meu casamento. Já se passaram quatro meses desde aquela noite de réveillon onde tudo deu um ponto final que logo virou uma pausa e eu não consigo retomar meu casamento de onde ele parou. Eu não consigo olhar pra minha esposa e falar, vamos voltar, vamos viver nossa vida de antes. Eu não consigo... Eu durmo na mesma cama que ela as vezes e não consigo tocá-la, sinto que estou num terreno desconhecido pra mim. E nos últimos dias eu me pego pensando se eu ainda quero continuar esse casamento, e ao mesmo tempo sinto uma dor absurda porque eu tenho esse pensamento enquanto eu amo demais a minha mulher, amo tanto que chega a doer – deixei as lágrimas tomarem conta – Eu não consigo retomar, eu não sei porque eu não consigo retomar. Quando eu penso nisso eu me lembro da acusação dela e meu Deus, eu jamais a trairia, eu jamais faria isso com ela. Ela me expulsando de casa como se eu fosse uma qualquer sem sequer me dar o beneficio da dúvida. Eu não fui um exemplo de esposa nos últimos tempos, porque eu estava trabalhando muito, mas eu também nunca fui um monstro e jamais trairia minha esposa ainda mais com a Luiza Cezar, a pessoa mais mau caráter que eu já tive o desprazer de me envolver algum dia. E eu estou mastigando isso, eu estou com isso preso aqui dentro de mim, em como ela pôde fazer isso comigo, com a minha família, com a minha esposa, tendo a filha dela namorando o nosso filho. Como ela foi baixa, como ela foi fria e como isso magoou a Natalie e a nossa família o nosso casamento. E isso está me matando aos poucos, eu sinto as vezes que eu estou sendo comida viva e aos poucos por dentro porque eu parei, eu congelei, eu estou aqui com uma dor dentro de mim porque eu não consigo retomar. – chorava.

Rafa: Priscilla... Você já parou para avaliar que você talvez não esteja conseguindo retomar o seu casamento, porque retomar não é a solução? - esse questionamento bateu em mim como um soco.

Eu: Como assim?

Rafa: Retomar de onde essa relação parou, naquela dor onde ela parou. Por que talvez a solução para o casamento de vocês que completa 17 anos hoje, não seja retomar de onde parou. Ele parou na dor, na raiva, na discussão, na decepção de ambas as partes. Houve uma quebra de confiança dos dois lados. Você perdeu ali um pouco daquela confiança bonita que você tinha na sua mulher, e ela perdeu em você também. Houve uma ruptura e essa ruptura criou um abismo entre vocês. Um lado sentindo dor, se sentindo traída, e o outro lado ferido, magoado, desacreditado. Não há o que retomar a partir de tanta dor, de tanta ferida, e sim reconstruir. aquilo alugou um tríplex na minha mente. – Não dá para recomeçar em cima de ruinas, de escombros. Essa relação precisa ser reconstruída. Ela te ama, você a ama e as duas querem voltar, mas a sua insegurança não te permite porque você quer retomar. Não há nada para retomar. Precisa ser refeito.

Eu: Eu não sei como fazer isso. - suspirei - Como eu faço isso?

A GRANDE FAMÍLIA SMITH-PUGLIESEOnde histórias criam vida. Descubra agora