Capítulo 59

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Acordei no horário de costume fui fazer o café da manhã e preparar o lanche dos meus filhos. Terminei de embalar, arrumei a lancheira do Samuel, arrumei as bolsas de lanches dos mais velhos, subi para acordá-los. Logo eles tomaram café, dei o remédio da Laura e foram para a escola. Assim que o Samuel saiu a Julia acordou chorando muito. Eu a peguei troquei a fralda, e a coloquei no chão. Ela pisou num brinquedo e caiu abrindo a boca para chorar. Desci a acalmando e a Pri estava tomando café. A cumprimentei e quando falei que tínhamos que conversar e ela jogou uma bomba em cima de mim.

Pri: Natalie, eu quero o divórcio. – falou séria e abatida.

Eu: O quê? Priscilla... Não... Claro que não. – falei em total espanto e choque.

Pri: Eu estou cansada Natalie. Cansada dessa loucura. Cansada da intromissão da sua mãe e ela sempre consegue o que ela quer. Pra mim chega... Isso me machuca, isso está respingando nos nossos filhos, isso está te fazendo muito mal também porque pra ficar do meu lado você tem que abdicar da presença da sua mãe e até do seu pai que as vezes nem sabe o que está acontecendo a volta dele. – soluçou – Isso é desgastante, pra todo mundo, e isso só está machucando você e eu e agora os nossos filhos também... Não dá... – pegou as coisas dela e saiu.

Eu: Priscilla, não pode sair assim... Priscilla... – a gritei.

Pri: Eu tenho que trabalhar... – entrou no carro e saiu rapidamente. Peguei o telefone e liguei pra ela e ela não atendeu nenhuma ligação. Acalmei a Julia que estava sensível nesse dia e depois fui tentar ligar pra ela de novo e ela não me atendeu. Liguei pra Lohana e ela disse que a Pri estava trancada na sala dela não queria falar com ninguém e ela achou melhor não atrapalhar. Meus filhos chegaram da escola falando que uma mulher os abordou na rua da escola quando saíram para almoçar e eles ficaram um pouco assustados. Quando vi a foto eu não reconheci mas quando eles falaram do nome que ela mencionou, era o sobrenome deles de antes da adoção. Eu gelei toda. Era a Rosana. A Pri chegou era por volta de 17:30. Eu estava dando banho na Julia na banheira e o Samuel tomava banho no banheiro dela no chuveiro, assim eu cuidava do banho dos dois. Logo troquei os dois e fui dar um lanchinho pra eles. O Hugo e a Helena tinham saído. Hugo foi para o futebol e a Helena para o ballet. A Laura estava num jogo escolar e teria jogo a semana toda então eu tinha que busca-la as oito da noite. Deixei a Juju brincando no tapete no meu quarto e entrei no banheiro.

Eu: Priscilla?

Pri: Oi? – lavava o cabelo.

Eu: A Rosana... Ela sabe dos dois... – falei preocupada e ela suspirou.

Pri: O Hugo e a Helena me mandaram mensagem eu vi antes de sair do fórum – desligou o chuveiro. – O Hugo tirou uma foto dela escondido, e é a Rosana eu a conheci pessoalmente. É ela.

Eu: Como... Como ela descobriu?

Pri: Eu tenho certeza que foi pelo advogado dela. Ela contratou o Tiago Deam pra ser advogado dela e ele já foi detetive. Ele nos conhece, ele não é burro, com certeza ele conseguiu os dados.

Eu: E agora? O que a gente faz?

Pri: Eu vou denunciá-la por perseguição, e vou fazer uma denuncia por quebra de sigilo judicial. Ele não pode quebrar esse sigilo. A adoção é sigilosa, ainda mais quando na época havia até investigação por um suposto assassinato teve. Ok que ela hoje tem outra vida, que ela seja uma pessoa do bem, que viva tranquila, que trabalhe muito. Ótimo... Felicidades pra ela, mas longe dos meus filhos... – enrolou uma toalha no cabelo e colocou um roupão.

Eu: A gente vai ter que conversar com eles. Contar a história deles com mais detalhes antes que ela faça isso. Porque ela ficou vigiando nossos filhos na porta do colégio. Eles foram almoçar ali na rua do colégio e ela os abordou, isso é muito sério.

Pri: Ela quebrou tantas regras e leis que acho que ela não tem noção e o advogado dela não teve o menor cuidado em instrui-la. – se vestia.

Eu: Preciso buscar a Laura no jogo. Coloquei a carne no forno, o arroz já está pronto e a salada também. Fica com a Juju?

Pri: Fico. – eu sai e fui pegar minha filha. Uma filha com um corte no lábio.

Eu: O que foi isso Laura? – assustei.

Laura: Minha boca bateu na mão de uma garota lá.

XX: A garota que te bateu né Laura.

Eu: Você está trocando socos por ai Laura? – olhei pra trás. Ela estava parada. – Laura... Laura... Laura... – soltei o cinto e desci. – Filha está ouvindo a mamãe?

XX: Laurinha... Está me ouvindo? – ela voltou.

Laura: Eu não estou trocando socos mãe. Ela me insultou e eu fui pra cima dela. Ela está com o olho roxo e o nariz sangrando. Agora eu estou suspensa de um jogo. – deu de ombros.

Eu: Vou te levar no medico essa semana, você está parando.

Laura: É? Nem percebi. – maioria das ausências dela, ela não percebia. E quando ela voltava, ela continuava o assunto como se nada tivesse acontecido. Eu tinha tanto medo disso acontecer com ela dirigindo futuramente, com ela atravessando uma rua movimentada. A Laura não podia ir em brinquedos como montanha russa, ir em escorregas principalmente se for de piscinas, porque ela pode ter uma ausência na descida e já bater na água totalmente ausente e se afogar. Deixei a amiga dela em casa e fomos pra casa. Logo todos nós estávamos jantando. A conversa que eu e a Pri tivemos logo cedo, não teve andamento e estávamos tão preocupadas com a questão da Rosana que deixamos isso de lado. No dia seguinte a mulher foi mais uma vez na porta do colégio. A Helena me ligou assim que ela a abordou. Era no mesmo horário do dia anterior, então a Priscilla fez uma denuncia. A delegada da departamento de policia ali do Leblon mesmo era amiga da Priscilla e ela foi lá em casa na quarta feira. Laura foi levar o Samuel no judô e levou a Juju com ela. Eles foram de uber. Hugo e Helena já sabiam que se tratava da mãe biológica deles e eles não gostaram nada disso. 

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Problemas e mais problemas no paraíso... 

Obs: Gente, as crises de ausências da Laura é algo real. Eu tenho uma prima que tem isso e acontece exatamente como acontece com a Laura. Ela fala com você e para como se congelasse e volta segundos depois e continua o assunto como se nada tivesse acontecido. Ela já se machucou inúmeras vezes por isso, por ter uma crise jogando basquete, dançando, fazendo academia, andando na rua. É como se fosse uma convulsão silenciosa. 

A GRANDE FAMÍLIA SMITH-PUGLIESEOnde histórias criam vida. Descubra agora