Capítulo 72

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Mãe Nat: Escuta... O som do silêncio – riu e eu ri também.

Eu: Ainda bem que a gente não pegou mãe, senão seria ainda pior.

Mãe Nat: Amém. – bebeu o suco – Filha, e a Duda...

Eu: O que tem a Duda?

Mãe Nat: Quando você vai trazê-la aqui pra gente conhecer melhor?

Eu: Ah mãe, sei lá. Está tudo tão estranho. Todo mundo doente, esse negócio da biológica, você e a mamãe. – suspirei.

Mãe Nat: O que tem eu e a sua mãe?

Eu: Ah mãe... Vocês duas dormindo em quartos separados, a mamãe falando de divórcio e claramente estressada e deprimida.

Mãe Nat: Filha, sua mãe e eu vamos nos entender, não se preocupe com isso. Estou esperando sua mãe melhorar pra gente se resolver logo. Eu também não estou confortável com isso. Quando todo mundo tiver melhor dessa dengue, a gente conversa com a sua mãe e marca um almoço, ou um jantar com os pais da Duda o que acha?

Eu: Boa ideia. – sorri – Eles são maravilhosos mãe. Vocês vão gostar deles.

Mãe Nat: E você, está feliz com ela?

Eu: Muito mãe... A gente é muito parecida e muito diferente ao mesmo tempo. Não sei explicar, mas a gente dá certo, a gente combina de alguma forma.

Mãe Nat: Conheço duas pessoas assim.

Eu: Quem?

Mãe Nat: Eu e a sua mãe. A gente é muito parecida e diferentes ao mesmo tempo. A gente está juntas a 19 anos, casadas a 17 anos.

Eu: Mas estão querendo separar. – suspirei.

Mãe Nat: Eu não quero, sua mãe que quer, porque está emburrada e eu notei que ela está assim nessa resistência e nessa insistência toda porque ela está deprimida. Estou preocupada com isso, e estou tentando não julgá-la por isso. Ela é teimosa você sabe disso. Mas não vou deixar isso acontecer. Fica tranquila. – a gente conversou bastante. A semana passou de pressa e logo todos estavam melhores. Minhas mães estavam começando a se entender de novo, a mamãe voltou para o quarto dela, embora ainda ficassem se alfinetando vez ou outra. Era domingo fim de tarde o telefone tocou, minha mãe Nat atendeu. – Alô? Oi Lipe como vai? – era meu tio. – Está sim, está no banho o que foi? – ela parou pra ouvir – Ai meu Deus... Ai meu Deus... – se sentou. – Eu vou falar com ela e a gente está indo até ai ok? Tá bom tchau.

Eu: O que foi? – ela estava pálida.

Mãe Nat: Seu avô Roberto, ele sofreu um infarto, está no Copa Dor em estado grave.

Eu: Meu Deus... – a mamãe subiu rapidamente e depois de 15 minutos ela desceu com a mãe Pri apavorada indo para a garagem.

Mãe Nat: Filha ajuda o Hugo a cuidar dos seus irmãos tá? Já está quase na hora da mamadeira da Juju.

Eu: Eu sei, pode ir. Dá notícias.

Mãe Nat: Tá – saiu rapidamente.

Hugo: Não estou com bom pressentimento.

Eu: Nem eu.

Laura: Será que o vovô...

Eu: Nem termina de falar Laura... Eu espero de verdade que não. – meia hora depois meu celular tocou era a Duda. – Oi amor?

Duda: Amor, o que acha de pegarmos um cinema? Tem uma sessão agora as 19 horas.

Eu: Eu estou ajudando meus irmãos com meus irmãos pequenos – a voz embargou – Meu avô Roberto sofreu um infarto e o estado dele é gravíssimo. Minhas mães foram para o hospital.

Duda: Oh meu Deus... Amor... Tem notícias?

Eu: Ainda não – comecei a chorar – Eu estou com medo...

Duda: Não... Não pensa o pior amor... Olha só, eu vou até ai. Vou pedir meu pai pra me levar.

Eu: Tá... Eu vou avisar na portaria, vou te mandar a rua e o numero da casa pelo whats. – desligamos e eu mandei. Liguei na portaria avisando. Logo ela chegou, os pais dela estavam no carro. Desceram para saber como eu estava, me abraçaram e a mamãe chegou sozinha e arrasada. – E ai mãe? Como ele está? Cadê a mamãe?

Mãe Nat: Infelizmente ele não resistiu filha. – deixou cair uma lágrima.

Eu: Eu... Eu quero ver a mamãe – comecei a chorar. Quando me dei conta eu estava ofegante e sentada na calçada da minha casa.

XX: Helena olha pra mim... Está vendo minha mão na sua frente. – eu assenti. – Vai contando quantos dedos aparecem, não desvia o foco tá? – ele ia mostrando.

Eu: Um... Dois... Três... Quatro... Cinco...

XX: Respira pelo nariz e solta pela boca. – eu fiz – Isso... Toma essa água de uma só vez... Sente a água tocando sua garganta... – eu tomei a água... - Isso... – eu fui me acalmando. O César pai da Duda é terapeuta e o Eduardo é empresário. – É assustador perder alguém que a gente ama, mas a vida é assim, ela é feita de ciclos... Você está aqui... Suas mães estão aqui, sua avó, seu tio, seus irmãos. – ele conversava comigo. Ele tinha uma tranquilidade uma leveza sem igual. A gente entrou em casa e nos sentamos na sala. Minha mãe já tinha contado aos meus irmãos. Ela precisou voltar ao hospital para levar uma roupa para o meu avô, tinha que entregar para o serviço funerário. Meus avós moram no condomínio ao lado do nosso. A Duda e o César ficaram lá em casa com a gente, e o Eduardo foi com a mamãe ajudar no que fosse preciso porque ela estava perdida e pelo que eu ouvi, minha avó, minha mãe e meu tio estavam sem chão. A tia Amanda ainda não sabia porque ela estava numa cirurgia. Eu não estava acreditando que meu avô tinha partido. Meu avô tinha problemas renais. Ele tinha que fazer um transplante, mas a mamãe não era compatível, a vovó também não, e o tio Lipe tinha predisposição a ter o mesmo problema então não era candidato favorável. Eu só pensava na minha mãe, como isso deveria estar sendo doloroso pra ela. 

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Até a próxima pessoal.

A GRANDE FAMÍLIA SMITH-PUGLIESEOnde histórias criam vida. Descubra agora