Capítulo 11

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Eu: Aquela mulher te procurou de novo?

Lohana: Não. Mas esteve aqui hoje cedo falou com o promotor Diogo, mas ele explicou a ela que não pode pegar o caso se ela tem condições de pagar então ela vai ter que contratar um advogado. – eu suspirei. – Foi sigiloso Pri, totalmente legal e sigiloso, você já foi promotora, agora é juíza está pleiteando o cargo de desembargadora, sabe que ela não tem chances.

Eu: Eu sei que não. Mas ela pode entrar na justiça, correr atrás, fazer da nossa vida um inferno. E eu tenho certeza que ela me reconheceu.

Lohana: Não vamos sofrer antes da hora Pri. Você está resguardada quanto a isso. E pode ser bem burocrático já que tudo aconteceu em São Paulo e não aqui. – o telefone tocou.

Eu: Sim?

XX: Doutora, a próxima audiência em cinco minutos.

Eu: Obrigada Nádia. – desliguei. – Tenho uma audiência agora.

Lohana: Eu tenho outra em uma hora, se eu não te ver mais, talvez eu apareça lá em Angra. Amanhã eu não venho.

Eu: Vai sim. Vamos ficar a semana toda, talvez a gente estenda um pouco mais.

Lohana: Vou ver com a Rafa e te aviso.

Eu: Ok. – coloquei a toga e fui para a sala. – Boa tarde a todos... Podem se sentar... Audiência final de anulação de guarda da menor, Maria Carolina Freitas, requerido pelo pai Rafael Medeiros Fonseca. Alguém para fazer a sustentação oral do caso?

XX: Sim excelência, advogado Eduardo Prado, vou fazer a sustentação oral do senhor Rafael Medeiros Fonseca.

XX: Sim excelência, advogado Luiz Fernando Rosa, vou fazer a sustentação oral do casal Janaina e Pedro Freitas.

Eu: Está aberta a sessão – bati o martelo. Fiquei 30 minutos junto com 4 desembargadores ouvindo a sustentação do pai biológico e dos pais adotivos. Já estava em segunda instância porque o genitor recorreu da primeira decisão. A criança foi adotada recém nascida, ela é portadora de síndrome de down e foi abandonada no hospital quando nasceu, pelo genitor. A mãe morreu no parto e quando ele soube que a filha tinha síndrome de down ele a deu para adoção e saiu do país. E ele voltou do país com um súbito interesse em ser pai da menina que ele abandonou. Depois de ouvir ambos os advogados eu quis ouvir o genitor novamente. – Senhor... Rafael Medeiros Fonseca. Eu ainda não consegui entender a sua logica. O senhor por livre e espontânea vontade doou a criança ao casal aqui presente. Inclusive, eles eram seus amigos na época. E temos documentado aqui, o que o senhor disse... Abre aspas... "Eu não tenho o menor interesse em cuidar de uma criança doente. Se ela for para casa comigo, ela vai morrer", fecha aspas. Isso foi anotado no dia em que a menina nasceu pela assistente social e como testemunha a médica pediatra que cuidava da criança e a médica que fez o parto da sua até então namorada. O que mudou nesses 3 anos e meio?

Rafael: Eu mudei. Eu amadureci, eu era um moleque, eu seria deserdado se eu levasse uma criança retardada pra casa. – o advogado dele na mesma hora o cutucou.

Eu: Espera... O que o senhor disse? Uma criança o que?

Rafael: Desculpe excelência, eu não quis dizer isso eu usei mal as palavras.

Eu: Para mim, o senhor foi muito claro e objetivo. Escrivão, coloque nos autos que o genitor durante a audiência de anulação de adoção, disse que, seria deserdado se levasse uma criança retardada para casa.

XX: Vossa excelência, ele está nervoso, desconsidere a expressão.

Eu: Nervoso porque senhor Eduardo? Ele não está tão certo do que ele quer? Porque ele estaria nervoso? Para quem está tão certo do que quer, porque ele se referiu a criança como uma retardada?

A GRANDE FAMÍLIA SMITH-PUGLIESEOnde histórias criam vida. Descubra agora