Acordei as 6 da manhã, tomei um banho, me troquei colocando uma calça jeans preta, um tênis preto, uma regata branca e uma jaqueta preta por cima. Prendi meu cabelo, peguei uma bolsa pequena colocando meu celular, cartão e documentos e desci. A Natalie colocava o Samuel na van. A Marta já estava lá em casa, ela veio me deu um abraço, a Maria também. Meus filhos estavam na mesa tomando café já estavam prontos para irem para o velório com a gente. A Natalie falava no telefone com a diretora do Liessin explicando o que houve. Saímos de casa as 7:30. A Natalie foi dirigindo não demoramos muito a chegar. O velório estava lotado. A imprensa estava na porta também, a gente desceu do carro e eu parei pra falar com a imprensa.
XX: Doutora Pugliese, o Rio de Janeiro foi pego de surpresa com o falecimento do seu pai. O doutor Pugliese foi um desembargador brilhante em toda sua carreira. O que tem a dizer?
Eu: O meu pai foi a pessoa mais justa que eu conheci em toda a minha vida. Eu me inspirei nele em tudo que fiz até hoje vou levar todos os ensinamentos dele até o fim da minha vida. Ele era um homem generoso, amoroso, um pai, um avô e um marido muito querido e que ficará pra sempre na nossa memória.
XX: Obrigada doutora. Em nome de toda a imprensa aqui presente, nossos mais sinceros sentimentos a senhora e a toda sua família.
Eu: Obrigada a todos pelo carinho e respeito. – a gente entrou.
Ver meu pai ali, inerte, era a pior dor da minha vida. Parecia que um punhal tinha sido atravessado no meu peito. Era o meu pai, o meu paizinho, eu não estava acreditando que eu estava vivendo isso. Eu o amava demais, eu falava com ele todos os dias por mensagens, ele me dava bom dia todos os dias, e eu não tive tempo de despedir. Meu pai foi um juiz excepcional, a frente de seu tempo e só se afastou por conta da doença renal dele. Eu fiquei a manhã toda ali do lado dele. Minha mãe parecia orbitar em volta dela mesma, ela parecia não acreditar naquilo tudo. Natalie e meus filhos davam toda a atenção do mundo pra ela, preocupados com o bem estar dela e da vovó Carolina. Minha vozinha estava arrasada. Os amigos dos meus pais, os mais altos magistrados chegaram e prestaram uma homenagem linda. Minha mãe é desembargadora, eu estava já em processo de me tornar uma desembargadora e a Lohana de se tornar juíza. Toda a minha família por parte de mãe e de pai, era voltada para o Direito. Meu irmão engenheiro da aeronáutica não quis saber de Direito porque ele diz que a família dele já é direita demais.
Laura: Mãe, a gente vai comer alguma coisa, quer alguma coisa?
Eu: Não filha, obrigada. – sorri de leve.
Helena: Posso trazer pelo menos um suco de laranja pra você? Pra não ficar de estomago vazio.
Eu: Pode amorzinho.
Helena: Tá bom. – as duas saíram acompanhadas do Hugo. Natalie estava cuidando da minha avó Carolina numa salinha de café que tinha ao lado. Depois de 20 minutos meus filhos voltaram com suco pra mim e pra minha mãe. – Aqui mamãe...
Eu: Obrigada filha.
Laura: Vovó, toma um suco.
Mãe: Obrigada querida. – ela tomou o suco e eu também. Eu fui até sala de café ver a vovó.
Eu: Como ela está? – Natalie fazia carinho na minha avó.
Nat: Nem tenho palavras pra definir – deixou cair uma lágrima. Eu abaixei e falei com ela.
Eu: Vozinha, quer ir pra casa descansar um pouquinho? Eu te busco na hora do enterro.
Vó: Não. Eu quero ficar aqui perto do meu filho.
Eu: Tudo bem. – eu me sentei com ela e a Natalie foi para a capela. Logo minha tia veio pegar a minha avó para comer alguma coisa. A tarde foi insuportavelmente longa. Após a missa aconteceu o enterro e a despedida foi ainda pior. Minha avó sentiu mal, minha mãe quando o grande mármore foi colocado desmaiou, eu estava sentindo um mal estar surreal também. Minha mãe e minha avó foram levadas para o hospital e eu fui até lá. As duas iam só tomar uma medicação e hidratar e poderiam ir pra casa. A Lohana tinha ido e pediu a minha cardiologista para me examinar. Minha pressão estava muito alta. Ela me deu uma medicação eu esperei cerca de uma hora pra melhorar e fui pra casa. Eu tomei um banho, tomei um chá e deitei. Dormi até meia noite e acordei com fome. Desci tinha uma sopa que a Natalie deveria ter feito. Eu esquentei e me sentei na cozinha para comer. Ela logo apareceu com a Juju.
Nat: Você dormiu cedo né amorzinho, mas a mamãe vai fazer um tetê quentinho e bem gostoso pra você. – ela parou – Pri...
Eu: Oi... Oi filha... Vem com a mamãe. – a peguei no colo e a beijei. Ela fez a mamadeira dela e eu dei a ela. Não demorou muito e ela apagou. Natalie a colocou na cama, eu lavei meu prato e sentei no sofá. O Francisco veio e subiu no sofá deitando nas minhas pernas. – Hei garotão... – fiquei fazendo carinho e comecei a chorar. Como pode os animais sentirem a tristeza dos seres humanos? Desde que cheguei, ele não saia de perto de mim. Até no banheiro ele ficou. Ele tem vários patinhos de borracha que ele carrega pela casa e ele levou um dos patinhos pra mim enquanto eu tomava banho e deitou no tapete do banheiro. Era como se ele me desse seu brinquedo favorito para me consolar. – Obrigada viu garotão. Eu amo você... Obrigada por me fazer companhia. – ele subiu em mim e eu o abracei. A Nat desceu de novo e sentou no tapete encostando no sofá.
Nat: Ele não para de andar atrás de você né? – sorriu.
Eu: Não. Ele sabe que eu estou triste. Ele me deu o patinho dele. – deixei cair uma lágrima.
Nat: Ele queria te consolar.
Eu: Sim. Nós não merecemos os animais.
Nat: Não... Sua mãe Pri... Ela vai ficar naquela casa imensa sozinha? Nossa casa é um tanto caótica, mas se ela quiser, se sentir confortável ela pode morar com a gente.
Eu: Ela não vai querer. Eu pensei nisso também. Mas é bem provável que ela venda a casa e compre um apartamento de frente para o mar. Ela já queria fazer isso e continuou na casa para o meu pai ter mais espaço, mais liberdade. Talvez a vovó vá morar com ela também, ela já estava insistindo pra ela vir de Niterói pra morar com ela, porque lá ela mora sozinha, minha tia agora mora no Rio também e quase não tem tempo de ir lá.
Nat: Entendi... E você... Como está se sentindo agora?
Eu: Estou tentando entender... – deixei cair uma lágrima – Foi tudo tão rápido, e sem despedida. A única coisa que eu tenho é o áudio dele na manhã de ontem me dando a benção e me dando bom dia. E depois disso acabou. Eu quero entender porque tudo isso aconteceu porque eu não consigo. – ela secou minhas lágrimas.
Nat: Hoje eu falei com a minha mãe, ela ligou querendo saber o que houve, viu as noticias na internet, queria saber como as crianças estavam e meu pai não estava muito bem, ele não estava lucido. Ela contou pra ele o que tinha acontecido, mas ele não sabia quem era você, quem era seu pai. Na hora do enterro ela me mandou um áudio, era do meu pai falando. – pegou o telefone dela entrou na conversa e colocou o áudio pra tocar.
Priscilla... Eu sinto muito pelo Roberto minha filha. Sei que é um momento duro pra você, que não esperava por isso, mas a vida tem dessas coisas. A verdade que a gente nunca está preparado para partir e nem para se despedir de ninguém. Uma coisa eu tenho certeza... seu pai partiu muito orgulhoso dos filhos que ele tem. Fica em paz minha querida... A dor vai passar aos pouquinhos, a saudade ainda vai doer, mas você tem uma esposa que te ama muito, tem 5 filhos lindos que te amam e te admiram demais. Você vai passar por isso da melhor forma. Grande abraço. Amo você.
Eu chorei e ela me abraçou.
Nat: Foi o único momento de lucidez que ele teve. – a voz dela embargou. – A gente vai passar por isso juntas amor. – fiquei mais um tempo ali. – Vamos subir. Vamos pra cama. – a gente subiu, eu deitei e ela me abraçou. Eu peguei no sono quase que sem perceber. Acordei tarde, estava exausta. As crianças foram para a escola, estava em casa apenas, Natalie, eu, Juju, Maria e Marta. Eu tomei um longo banho e desci.
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A GRANDE FAMÍLIA SMITH-PUGLIESE
FanficMeu nome é Priscilla Álvares Pugliese, tenho 36 anos sou juíza estadual e tutora universitária de uma universidade particular no Rio de Janeiro, moro numa numa cobertura no Leblon no Rio de Janeiro. Eu sou casada com Natalie Kate Smith Pugliese, ela...