NATALIE NARRANDO...
Dois meses se passaram e o aniversario de seis anos do Samuel chegou. A tão sonhada festa do espaço de astronauta dele chegou e ele não parava de falar disso. Descobrimos recentemente depois de muita pesquisa, que o Samuel tem a Sindrome de Asperger. Por isso ele estava mudando constantemente. Ele nunca mais aprontou daquela maneira que quase nos matou de susto. Ele tinha hiperfoco em coisas específicas, e era um menino muito inteligente mas que se irritava fácil também, tinham muitas coisas que agora a gente sabia o porquê. A rotina dele permaneceria a mesma, mas ele tinha agora terapia ocupacional e acompanhamento psicopedagógico para ver as mudanças nele. Fomos a uma reunião de pais atípicos na escola e foi um show de horrores. Pais mesquinhos que sequer colocam os filhos para dormir, falando como se as crianças deles fossem um grande fardo, como se fossem incapazes de viverem em sociedade, sendo que eles mesmos não faziam a menor questão de terem uma rotina com os filhos. A Pri deu uma lição de moral neles que calou até a psicóloga da escola que conduzia a reunião. Nunca mais voltamos nessa reunião de gente privilegiada reclamando de coisas que eles não viviam porque terceirizavam enquanto tantas mães e pais não tem o menor suporte e fazem tudo pelos filhos, para que tenham atendimento digno. A Pri se sentiu mal depois, pensando se estava sendo boa mãe, porque ela não tinha visto isso antes. A gente nunca notou nada de diferente porque desde muito novinho nosso filho fazia tudo que os irmãos faziam. Arruma a caminha dele, mesmo que a gente tivesse que fazer direitinho depois. Tirava a mesa, juntava os brinquedos, tirava a louça da lava louças. As pessoas tem o habito de idiotizar uma criança, trata-la como se ela não pudesse entender o que acontecia a volta dela e a gente nunca fez isso com nossos filhos. A Ana Julia por exemplo já aprendeu a jogar a fraldinha suja dela no lixo. Não é porque ela é uma bebê, que a gente não pode ensinar coisas a ela desde já. A festa do Samuel foi incrível, e agora com as terapias, ele socializava mais com os coleguinhas e todos eles foram. Ele convidou os coleguinhas da terapia ocupacional em grupo que ele fazia e todos eles foram e ele ficou tão contente. Minha mãe foi a festa... Eu convidei meu pai, não queria que ela fosse pra estragar tudo como ela sempre faz, mas é obvio que ela foi e ela fez o que ela faz de melhor... Estragar nossa felicidade.
Eu: Você não se cansa mãe? Não tem nada pra fazer e vem infernizar na festa do meu filho? Qual é o seu problema? O que você quer? – falei puxando o braço dela a levando pra fora. Eu já chorava de nervoso.
Mãe: Que esse casamento inútil acabe... – falou olhando nos meus olhos com muita raiva.
Eu: Você é um monstro.
Mãe: Você rompeu comigo quando voltou de viagem por causa dessa mulher. Eu quero mais é que ela se dane. E eu deveria ter matado ela no dia do casamento de vocês.
Eu: Você está se ouvindo? Tem noção do que está dizendo? Some da minha vida. Some de perto de mim e da minha mulher. Nem que eu tenha que pedir uma medida protetiva contra você, eu não quero você perto de nós mais. Nunca mais... Vai embora... – entrei e fui para o banheiro. A Rafa veio.
Rafa: Nat tudo bem? A Pri passou chorando, a Lohana foi atrás dela.
Eu: Como pode uma pessoa ser tão má? A minha mãe faz questão de ser má. – soluçava.
Rafa: Nat, é o aniversário do seu filho. Infelizmente não vai poder mudar a sua mãe. Ela é o que é e isso é uma droga. Mas o jeito é se afastar. Já viu que não dá para conviver. Não deveria tê-la convidado.
Helena: Mãe, alguns convidados querem se despedir.
Eu: Eu já vou filha... Chama sua mãe também por favor. – olhei pra ela. – O que foi Lelê? Estava chorando?
Helena: Não foi agradável ouvir o que a sua mãe falou pra minha e nem ouvir a discussão de vocês. – ela saiu.
Rafa: Calma. Se recompõe vai se despedir dos seus convidados, isso vai passar. – me abraçou.
Eu: Obrigada. Por tudo.
Rafa:Vou estar aqui sempre ok? –ela saiu, eu me recompus, fui até a parte que ficavam as diversas lembrançasque mandamos fazer e comecei a me despedir dos que iam embora. Logo a Pri veio,nitidamente tinha chorado, mas não falou comigo. Pouco depois todos tinham idoembora o Hugo veio com a Julia dormindo e a colocou no meu carro. A gente tinhaido em carros separados, então pegamos algumas coisas e fomos pra casa, eu, AnaJulia, Samuel e Laura. O Hugo e a Helena ficaram para ajudar a Pri. Eu fiqueiremoendo aquela situação toda, muito desconfortável. Eu dei um banho no Samuelque estava manhoso de cansaço. Depois o coloquei na cama, dei um banho na minhapequena também e a coloquei na cama e fui tomar banho. Logo eu guardei o bolo eos doces que tinham sobrado, a Ana Julia acordou chorando era fome porque elanão comeu quase nada e nem mamou, então fiz uma mamadeira e subi. A Pri tinhaacabado de chegar. Enquanto a pequena mamava a Pri subiu pra tomar banho e osmais velhos tiravam os presentes do carro. Logo ela desceu de pijama e todosestavam comendo salgado e tomando suco. A Pri não falou comigo nenhuma vez.Quando subi para o quarto tentei falar com ela e a gente acabou discutindo. Eudormi muito mal aquela noite. Na manhã seguinte a Pri acordou tarde. Eu acordeicom o Samuel me chamando porque estava com fome e queria abrir os presentes. Eufiz o café da manhã e depois fiquei filmando ele abrindo os presentes. A Pridesceu em silencio, foi tomar o café dela e eu dei o espaço dela. Ela ficou lafora boa parte da manhã, introspectiva. Ela passou o domingo todo assim. Elaacordou de madrugada e desceu, ela não estava bem. Olhei pela janela e ela nãotinha ido para área da piscina. Queria descer, mas não queria invadir. Eu sabiacomo ela estava se sentindo invadida e ferida. Eu me deitei de novo e acabeidormindo com a cabeça cheia de pensamentos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A GRANDE FAMÍLIA SMITH-PUGLIESE
FanficMeu nome é Priscilla Álvares Pugliese, tenho 36 anos sou juíza estadual e tutora universitária de uma universidade particular no Rio de Janeiro, moro numa numa cobertura no Leblon no Rio de Janeiro. Eu sou casada com Natalie Kate Smith Pugliese, ela...