Maria: Bom dia dona Priscilla.
Eu: Bom dia Maria. Tem café?
Maria: Tem sim. O almoço fica pronto em 40 minutos.
Eu: Tá bom. A Natalie está em casa?
Maria: No escritório dela. – peguei a xicara de café e fui até lá. Bati na porta e abri.
Nat: Oi amor... Entra...
Eu: Atrapalho?
Nat: Não. Acabei uma reunião agora. Falei com seu irmão, sua mãe está bem na medida do possível, ela vai começar a mexer em algumas coisas do seu pai hoje, se você quiser ficar com alguma coisa é pra você ir até lá.
Eu: Eu vou lá depois do almoço. - eu almocei com ela e depois fui na casa dos meus pais. Eu comecei a chorar já na porta de casa. Eu não iria encontra-lo na sala ou no escritório dele mais e aquilo foi um choque de realidade enorme pra mim. Eu sentia falta, eu sentia uma falta absurda do meu pai. – Oi mãe. – a abracei.
Mãe: Oi filha... Como você está?
Eu: Tentando entender e acostumar, e a senhora?
Mãe: Tentando aceitar. – fiquei um tempo lá, peguei algumas fotos, e algumas coisas que eu queria guardar de recordação. Ajudei minha mãe com o closet até onde ela conseguiu mexer. Minha mãe vai vender a casa e vai comprar um apartamento na Barra ou em Copacabana, a vovó vai morar com ela. Ela não quer ficar naquela casa sem meu pai. A missa de sétimo dia foi emocionante. Teve uma homenagem da OAB, dos amigos de um clube que ele frequentava também. Logo eu tive que voltar a trabalhar e a minha primeira audiência era de um pai querendo o direito de ver a filha e a mãe não queria porque o pai se casou com outra mulher e essa mulher é uma ex amiga dela. Eu fiz a abertura da audiência e a leitura do processo que era ridículo por sinal.
Eu: Então senhora Juliana, eu não vejo motivos plausíveis para afastar o senhor Renato da filha dele. Ele é um ótimo pai que a senhora mesmo deixou claro em todos os depoimentos e visitas de assistentes sociais. Ele oferece todo conforto a filha, ele está pagando a pensão além do estipulado e o colégio particular da criança por fora do valor da pensão o que é uma consciência que muitos pais por ai não tem. Muito homens por ai acham que pagam ali um valor X que na maioria das vezes não paga as fraldas do filho e acha que a mãe está fazendo luxo com o dinheiro. Esse não é o caso aqui... O senhor Renato paga uma pensão de 5 mil reais pra filha, ele paga 1,300 de colégio, 250 de transporte escolar e o plano de saúde da menina é no nome dele. Ele vai nas reuniões escolares, nas festinhas da escola, ele participa de tudo que ele pode para estar presente na vida dela.
Juliana: Enquanto ele estiver com aquela mulher, ele não chega perto da minha filha.
Eu: É o seguinte... Eu compreendo que a senhora esteja ferida, magoada com o fato do seu casamento ter acabado e pelo autos do processo, o seu EX marido, começou a namorar uma antiga EX amiga sua um ano após o término. Foi perguntado todas as vezes, inclusive para familiares se houve um relacionamento extraconjugal antes da separação e não houve. A atual namorada dele, nem estava morando aqui no Rio quando começaram a se desentender até chegarem ao divorcio. A senhora tem que entender que seu orgulho ferido, não pode interferir, na vida de uma criança de 6 anos que é sua filha e filha dele. A namorada dele, não está roubando a criança de ninguém e nem ele. Ele está exigindo o que é dele por direito, que é a visitação, o convívio com a filha dele. A senhora claramente está impedindo por causa da atual namorada dele que pelo histórico também indica que nunca maltratou a criança, muito pelo contrário, sempre a tratou super bem, inclusive a menina gosta muito dela, a chama de tia. Não vejo uma razão plausível um perigo para a menina não ter visitação, não poder estar com o pai.
Juliana: Eu não permito.
Eu: A partir do momento que isso vai para as abas da justiça, isso não é mais um problema só seu. E não depende mais da sua permissão. A partir do momento que a criança for maltratada, a senhora tem todo o direito de voltar aqui e até pedir uma medida protetiva. Caso contrario seu pedido não tem fundamento. Então fica exposto aqui e lavrado, que o senhor Renato fará visitas regulares com a criança, e terá como o pedido, os finais de semana de convívio e interação com a filha. – bati o martelo, assinei e entreguei aos advogados. Eu me retirei e meia hora depois voltei pra outra audiência. Eu tive diversas audiências aquele dia. Minha mãe tinha voltado a trabalhar também e ela estava na sala de audiência ao lado. Lohana passou por nós e nos cumprimentou bem seca e entrou na outra sala. – Nossa...
Mãe: Está tudo bem com ela? Ela não é assim.
Eu: Acho que não. Depois eu falo com ela. – dei um beijo no rosto da minha mãe e entrei. Era um casal tentando uma medicação caríssima para o filho e o governo tinha negado. A mãe pediu para falar.
XX: Meritíssima... a senhora é mãe? – a mãe da criança perguntou.
Eu: Sim, sou.
XX: Se seu filho precisasse de um remédio que pudesse mudar totalmente a vida dele, a senhora faria tudo não faria?
Eu: Sem dúvidas. Dona Janaina – suspirei – Eu sinceramente entendo quando um pai e uma mãe toma medidas drásticas quando o assunto é proteger um filho. E como mãe, eu não julgo porque eu tenho cinco filhos e eu dou a minha vida por cada um deles. Vocês cometeram um erro, consertaram, se desculparam, pagaram por isso e não vejo como mãe e como juíza porquê arrastarem essa culpa e o martírio de verem o filho de vocês partir como punição. – suspirei novamente – E por isso, a justiça obrigada o governo a fornecer fundos em um prazo de 10 dias para que a medicação seja comprada. Após os 10 dias, fica o governo obrigado a pagar uma multa de 50 mil reais por dia de atraso para a família – bati o martelo. Eu fui pra minha sala no fim da tarde, tomei um café e sai. – Nádia, a doutora Lohana está ai ainda?
Nádia: Sim doutora... Parece que ela não está muito bem.
Eu: É, eu notei que ela não estava legal. Vou até lá. Tem mais alguma coisa pra eu fazer?
Nádia: Não...
Eu: Ok, obrigada. – eu fui até lá. – Célia, tudo bem?
Célia: Ai doutora que bom que está aqui já ia te ligar.
Eu: O que foi? – assustei.
Célia: A doutora Lohana está quebrando tudo na sala dela, está fechada lá eu não sei o que fazer.
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A GRANDE FAMÍLIA SMITH-PUGLIESE
FanficMeu nome é Priscilla Álvares Pugliese, tenho 36 anos sou juíza estadual e tutora universitária de uma universidade particular no Rio de Janeiro, moro numa numa cobertura no Leblon no Rio de Janeiro. Eu sou casada com Natalie Kate Smith Pugliese, ela...