Capítulo 91

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Fomos para a audiência no mesmo carro. Quando chegamos, a Rosana estava lá de fora com o marido, com uma irmã e com uma advogada, não era o Tiago Deam como antes, com certeza ele se retirou do caso. Hugo e Helena não olharam pra ela e aquilo a atingiu em cheio, porque ela sentiu a indiferença deles por ela. Ela começou tudo errado. Dei a mão pra Natalie e entramos. Logo meu advogado já estava lá, Ian foi falar com um oficial e logo a gente foi pra sala de audiência. Sentamos numa grande mesa... Do lado direito estava Ian, eu, Natalie, Helena e Hugo e do lado esquerdo estava a tal da Madalena advogada da Rosana, a Rosana e o marido dela a promotora não demorou a entrar e a Lohana veio junto como apoio, eu sabia que ela ia fazer isso, porque a Lohana não poderia impedir e nem opinar a meu favor. Ela fez de proposito. Mas essa Eliane que me aguarde, porque meu posto está mudando e eu vou travar a mudança dela. Ela entrou e abriu a mediação.

Eliane: Bom dia a todos... Eu sou a promotora de justiça Eliane Braga e estou acompanhada da minha colega promotora Lohana Marinho e vamos dar inicio a essa mediação de direitos de visitação e convivência familiar. O pedido de visitação e convivência foi feito pela senhora Rosana Dias Costa de 42 anos, enfermeira residente em Santa Tereza na rua do Alfandegário número 218, casada com Carlos Costa 45 anos, chefe de setor numa fabrica de peças de automóveis, ambos tem 2 filhos juntos de 7 e 5 anos, Lucas e Lara que estudam num colégio publico próximo de casa, fazem atividades extracurriculares como ballet, futebol, inglês. E do outro lado, temos as mães adotivas, responsáveis legais por Hugo e Helena, que hoje se chamam Hugo Smith Pugliese e Helena Smith Pugliese com 18 e 15 anos, a mãe Natalie Kate Smith Pugliese tem 37 anos é empresária da rede de hotelaria, e Priscilla Álvares Pugliese tem 36 anos é juíza estadual, residentes no Leblon, no condomínio Jardim Pernambuco 455. Ambas tem mais três filhos biológicos sendo Laura de 13 anos, Samuel de 6 anos e Ana Julia de 1 ano e 11 meses. Hugo, Helena e Laura estudam na Escola Americana do Rio de Janeiro, e Samuel estuda na Escola Liessin. – ela deu mesmo toda a nossa ficha para aquela mulher? A Lohana olhava tudo aquilo com uma cara de "o que essa mulher acha que está fazendo?". Eu cutuquei o Ian.

Eu: Não dei permissão para que meus dados pessoais e dos meus filhos fossem lidos nessa mediação. Isso é uma mediação não é uma audiência de tribunal.

Ian: Vamos abrir uma sindicância depois fica tranquila. – falou baixo.

Eliane: Doutora Lohana quer expor as diretivas para a dona Rosana?

Lohana: Dona Rosana, a partir do momento em que a adoção foi finalizada dando às senhoras Smith Pugliese a guarda definitiva de Hugo e Helena, essa guarda passou a ser inconstestavel e irrevogável. A senhora foi procurada durante os 12 meses em que o processo de adoção, correu em São Paulo, e absolutamente tudo, foi passado e exposto para a senhora e o seu marido Marcos genitor das crianças na época. As crianças foram encontradas em situações de extrema desnutrição, doentes, machucadas e precisavam de um acolhimento imediato. A senhora e o seu marido possuíam mais de 70 denúncias ao conselho tutelar sobre as crianças, sobre maus tratos até que por fim as crianças foram retiradas de vocês. Como nenhum familiar se dispôs a ficar com as crianças e nem tinham condições, as crianças foram de imediato para o sistema e para a fila de adoção com a condição de serem adotados juntos, que foi uma exigência do conselho tutelar, da assistência social e da senhora também. A senhora se lembra disso?

Rosana: Sim, eu lembro.

Lohana: A senhora foi avisada quando estava na reabilitação que os dois estavam sob a guarda provisória de uma família e como mais uma vez houve recusa de sua família para acolher as crianças, e a senhora respondia por um processo criminal na época que ainda não tinha sido solucionado, a senhora achou por bem, que o melhor era que eles ficassem com a família adotiva desde que a família nunca os separassem e que eles tivessem boas oportunidades. A senhora assinou todos os documentos sob total consciência e faculdades mentais e inclusive teve o direito de se despedir das crianças e que foi recusado pela senhora e pelo seu marido. – ela suspirou.

Rosana: Sim, foi isso mesmo.

Lohana: Tudo isso está aqui, descrito em todo o processo desde que Priscilla e Natalie entraram com o pedido de guarda provisória na justiça. A senhora entende que o que a senhora quis inicialmente quando me procurou e procurou a doutora Priscilla, e eu falo doutora porque a senhora a procurou como juíza porque ela era advogada na época que tudo aconteceu e a senhora a reconheceu, e a senhora a procurou como uma pessoa da lei, e disse repetidas vezes que queria os seus filhos de volta.

Rosana: Sim eu disse.

Lohana: A senhora sabe que não pode tê-los de volta não sabe?

Rosana: E porque não? Eu estou bem, eu estou saudável, eu tenho um emprego, eu tenho uma casa, sou bem casada.

Eliane: Dona Rosana, no começo foi dito a senhora, no começo da audiência e no começo do processo de adoção que quando a adoção é finalizada ela é irrevogável. A senhora não tem mais nenhum direito sobre as crianças. Eles não são mais seus filhos legalmente, assim como os vínculos afetivos foram totalmente cortados.

Lohana: Vínculos que por sinal nunca houveram.

A GRANDE FAMÍLIA SMITH-PUGLIESEOnde histórias criam vida. Descubra agora