Capítulo 85

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PRISCILLA NARRANDO...

Minha filha foi parar no hospital. E o técnico substituto tinha muita coisa a ver com isso. E o pior que o verdadeiro técnico não tinha a menor ciência do que se passava na ausência dele. Eu passei o final de semana digerindo isso e a minha vontade era ir ao colégio e socar a cara dele. A Laura começou a nova medicação agora para depressão para evitar as ausências de repetição e ela está se sentindo exausta com a medicação. Eu achava um absurdo minha filha de 13 anos passar por isso por uma grande ignorância de um adulto. Eu não queria expor minha filha, mas não tinha outra maneira. O Timmy, técnico do time dela, era um homem muito bom, era um ótimo treinador, era humano. Ele era técnico dela na escola e fora da escola, e ele nunca humilhou minha filha e nem mesmo a desencorajou de nada pela doença dela. Laura sempre teve medo de ser tirada do time por causa das ausências dela, e ele nunca quis que ela saísse quando ela quis desistir por já ter passado mal outras vezes. Na segunda de manhã eles saíram para o colégio, eu tinha audiência as 10:30 então eu mandei mensagem para o Timmy perguntando se ele poderia ir até a escola ter uma conversa comigo e a diretora e ele aceitou. Ele fez uma cirurgia então está de licença médica, que termina em duas semanas. Natalie quis ir também, então fomos em carros separados porque eu tinha que ir para o trabalho depois e ela também ia para a empresa dela. Chegamos por volta de 8:30.

Eu: Bom dia...

XX: Bom dia, em que posso ajudar?

Eu: Gostaríamos de falar com a dona Karina. Priscilla e Natalie Pugliese, mães da Laura Pugliese.

XX: Ela estava numa reunião, vou ver se ela já saiu. – ela saiu e o Timmy chegou.

Timmy: Oi bom dia. – nos cumprimentou.

Eu: Bom dia Timmy como você está?

Timmy: Novinho em folha e não vejo a hora de voltar a trabalhar. Estou ficando maluco em casa.

Nat: Quando a gente trabalha muito é chato ficar em casa né.

Timmy: Muito. E essa reunião do que se trata?

Eu: Um problema com a Laura e o técnico substituto. Mas vamos conversar com a Karina junto, porque ela não tem ciência disso assim como você.

Timmy: É... Eu realmente não sei do que se trata. – a secretária voltou.

XX: Podem entrar, ela está aguardando. – a gente entrou.

Karina: Natalie, Priscilla...

Eu: Oi Karina bom dia. Desculpa vir sem avisar previamente.

Karina: Imagina. Timmy? O que está acontecendo? – a gente se sentou.

Timmy: Eu também não sei. Elas pediram pra eu vir e eu vim.

Eu: Então Karina e Timmy... Nossa filha, Laura anda bem deprimida a algumas semanas. Ela não está comendo direito, ela tem passado mal com mais frequência, vocês sabem da doença neurológica que ela tem, que não é algo simples.

Karina: Sim sabemos...

Eu: Pois bem. Sábado a Laura acordou muito mal. Ela não comeu nada o dia todo, ela ficou o tempo todo deitada e como sabem, ela é muito elétrica, ela está sempre em movimento, ela está sempre tocando o terror em algum lugar ou com alguém, não é comum ver a nossa filha calada, deitada, quietinha, sem comer quase 24 horas então podem imaginar nossa preocupação. Ela tinha uma festa pra ir com o Hugo e a Helena e ela não quis ir porque se sentia mal. Até que ela desmaiou e tivemos que pedir uma ambulância.

Karina: Meu Deus.

Nat: Ela teve uma crise dela de ausência junto com o desmaio, então ela demorou muito para voltar. E ela teve crises repetidas vezes no mesmo dia. Depois de alguns exames foi constatado que o rebaixamento de humor dela que causou isso. A nossa filha está num quadro depressivo e agora além dos remédios que ela já toma para tratar a doença dela, ela está tomando um antidepressivo para evitar que isso tudo fique pior.

Eu: O que causou tudo isso... O vôlei.

Timmy: Ela ama o vôlei. Ela é minha melhor jogadora, ela é a capitã do time. – estranhou.

Eu: Não. Ela não é capitã do time. O técnico substituto a tirou de capitã, porque ela se sentiu mal. – ele assustou. – Ele além de tirá-la da liderança, a humilhou na frente de todas as colegas. Como deve saber, ela passou mal em um ou dois jogos e o time perdeu coincidentemente, porque a doença da nossa filha nunca ditou a competência do grupo todo. E ele aproveitou que ele é um péssimo treinador e isso é uma queixa de todas as meninas, e colocou a culpa na nossa filha que era capitã e passou mal. Ele a humilhou alegando que uma menina que não tem controle sobre o próprio corpo por causa de uma doença neurológica, não tem capacidade para ser capitã de um time. E que ela não deveria nem estar num time como aquele que dirá sendo capitã.

Karina: Isso é um absurdo.

Timmy: Como... Como ele foi capaz disso? – falou nervoso. – Eu não soube de nada disso.

Eu: A gente só soube disso, porque a Helena descobriu porque a Laura não nos contou nada. Ela não queria que a gente soubesse. Isso é muito grave Timmy e Karina. Quantas vezes ela quis desistir por ter passado mal e você não deixou Timmy. Ela é uma das suas melhores jogadoras, e se não fosse, você não teria dado a liderança pra ela. O vôlei é a única coisa que ela tem, que ela se sentem pertencida... E ela sentiu que isso foi tirado dela. Ela não fala sobre isso com a gente, ela não quer falar sobre isso. Ela não quer mais jogar. Mas achamos por bem, que o melhor era vir aqui e deixar exposto o que aconteceu porque nossa filha tem 13 anos. É uma menina dócil, brincalhona, que se dá bem com todo mundo e passou por uma situação vexatória diante de um time inteiro num jogo, o que acaba não tendo sido exposto apenas ao time, mas a todos os presentes ali. Isso é passível de processo por constrangimento em situação vexatória e exposição de menor indevida.

Timmy: Eu estou perplexo. A Laura é minha melhor jogadora e a condição de saúde dela nunca a impediu de jogar. Claro que eu tenho uma preocupação maior com ela, eu sou mais exigente com ela com relação a alimentação, a tomar os remédios dela direito, a cansaço. Nos treinos e nos jogos eu sempre pergunto... Laura comeu direito hoje? Está se sentindo bem? Tomou seus remédios? O que você comeu de café da manhã? O que comeu durante o dia? E ela fica brava porque ela diz que eu fico investigando a vida dela. Pergunto se ela está cansada e precisa de alguns minutos. Eu sempre faço isso e essa foi a primeira regra que eu deixei para o técnico substituto. Laura Smith Pugliese, alimentação, remédios, cansaço, como está hoje...

Karina: Vou chamar ele aqui. Isso não pode acontecer. – ela ligou pra secretária dela e ela foi chama-lo.

Nat: Timmy, a gente não quer te colocar numa situação ruim, a gente te chamou, porque tínhamos certeza que você não estava por dentro do que estava acontecendo, porque você como técnico dela aqui dentro e fora daqui, foi a pessoa que mais insistiu pra ela continuar jogando que nunca deixou que ela desistisse. – logo ele chegou.

Jorge: Timmy, como vai? Ansioso para voltar? – chegou sorrindo.

Timmy: Estou bem. Sim Jorge, agora mais do que nunca. Que história é essa de tirar a minha capitã da liderança?

Jorge: Me desculpe, mas a garota passou mal algumas vezes e a gente perdeu.

Timmy: A gente perdeu... A gente perdeu porque as meninas ficaram batendo cabeça sem saber o que fazer por falta de orientação sua. Eu já sei disso, e não foi a Laura que me contou não. Inclusive, ela não contou nem que foi deposta da colocação dela para não ter problemas. Todas as meninas já vinham reclamando no nosso grupo que estavam fracas, que elas não estavam bem com você, porque não tinha entendimento e desde que a Laura foi deposta todo mundo se calou no grupo e eu tenho certeza que a Laura pediu que elas se calassem para que eu não soubesse do que houve.

Jorge: Timmy, essa garota é doente, ela passa mal atoa. Ela nem deveria estar no time.

A GRANDE FAMÍLIA SMITH-PUGLIESEOnde histórias criam vida. Descubra agora