A GRANDE FAMÍLIA SMITH-PUGLIESE

Capítulo 131

 PRISCILLA NARRANDO...

Meu filho acordou e foi a melhor coisa do mundo vê-lo acordado. Eu tive tanto medo disso não acontecer que eu não dormia mais. Eu e a Natalie trocamos algumas farpas nesse meio tempo, eu não conseguia me acertar com ela nunca e isso estava afetando o meu relacionamento com meus filhos, e a Laura estava sentindo bastante. Eu comecei a me sentir muito egoísta. A Helena me procurou a alguns dias no trabalho, eu sai de uma audiência e ela já estava lá me esperando e chorando.

Nádia: Doutora, sua filha Helena está ai te esperando. – falou preocupada.

Eu: Aconteceu alguma coisa?

Nádia: Ela está chorando. Mas acho que é coisa dela. A namorada dela veio com ela até aqui e foi embora.

Eu: Tá... Não passa nenhuma ligação tá? Que horas é minha próxima audiência?

Nádia: Daqui duas horas.

Eu: Tá. Obrigada. – eu entrei. – Oi filha... – ela levantou e veio me abraçar chorando muito. – O que foi meu amor? – fiz carinho nas costas dela. – O que aconteceu? Porque está assim?

Helena: Ah mãe... – secava o rosto – A Laura acha que eu troquei ela pela Duda e isso doeu tanto. – meu coração se quebrou todinho ali. – E agora ela está sofrendo e eu não consigo acessar ela sabe, eu estou me sentindo tão mal, porque a Duda não me tirou dela, os amores são diferentes. Ela que se afastou de mim quando comecei a namorar com ela.

Eu: Oh filha... É que vocês eram o tempo todo ligadas uma na outra e agora você divide essa atenção toda com outra pessoa.

Helena: Ela ficava com um menino, e ela estava muito apaixonada por ele e ele beijou a menina mais galinha da escola na frente de todo mundo. Ela ficou muito mal mãe. – me contou tudo, sobre ela ter ido embora da escola, sobre a supervisora que com certeza ligou pra Natalie, falou sobre como ela se sentia com a minha separação provisória com a Natalie, ela não estava bem com isso e isso também afetava os treinos dela, a preocupação dela com o Hugo, o Samuel se jogando na piscina. Isso tudo tá pesando muito pra Laura. Depois de desabafar e chorar muito porque acha que está magoando a irmã, ela se acalmou.

Eu: Dá amor a ela filha. Eu sei que está difícil pra todo mundo, mas ela está sentindo mais, está mais pesado pra ela. Mas dá amor pra ela, que ela vai saber que é a Helena de sempre. E isso vai passar, ela gosta da Duda, ela só está com ciúmes. É normal. Ela sempre teve você por perto 24 horas, ai agora você divide seus pensamentos, sua vida com outra pessoa que não é ela, então é confuso pra ela. Você não está fazendo nada de errado ok?

Helena: Obrigada mãe – me abraçou. – Eu vou pra casa, vou falar com ela.

Eu: Vai sim filha... Te amo.

Helena: Te amo. – ela foi embora e eu suspirei. Eu esqueço as vezes que eu tenho duas adolescentes em casa. Logo a Lohana veio tirar uma duvida comigo e saiu. Eu fui para a minha audiência e depois fui ver meu filho. Os dias depois que meu filho acordou foram difíceis pra mim, porque eu estava me dividindo entre audiências e ficar com ele e com as crianças. A Natalie estava cansada também, meu cunhado e meu irmão estava revezando com a gente, a minha mãe, a minha avó, e até a bruxa da minha sogra estava revezando. Meu filho saiu do hospital no dia 9 de março um dia antes do aniversário da Laura e ela chorou muito. Ela não queria comemorar o aniversário sem o irmão. Ele pediu para comprarmos um bolo, doces e salgados e fazermos uma reunião com a família, com as amigas dela do vôlei para não passar em branco. No dia seguinte fizemos a comemoração com as amigas dela e ela estava feliz principalmente pelo irmão estar em casa. Meu filho pediu por ele mesmo para transferir para outra universidade federal e ele conseguiu. A Maria Elisa amiga dele também, e acredito fortemente que ele está gostando dela e ela gostando dele. Ele ainda tinha pesadelos, tinha medos, tinha dor, estava em processo de recuperação era um processo longo. Depois de algum tempo ele pediu pra Natalie leva-lo na nova faculdade, ele queria conhecer o campus, a Maria Elisa ia junto, a gente criou uma grande rede de apoio em volta dos dois, em volta das pessoas feridas, dos pais que perderam seus filhos. O processo estava correndo, o criminoso ia a júri popular porque era tudo muito grave. Uma das relatoras no caso seria a Lohana e minha mãe e eu não poderíamos assumir nenhuma posição já que éramos desembargadoras e temos um familiar próximo envolvido. A audiência dele é no fim do mês e ele com certeza vai ficar um bom tempo preso. Minha outra luta particular era a proximidade da Rosana, ela ia visitar o Hugo, e eu não gostava disso, a Helena não se sentia muito confortável. Ela se mantinha próxima por causa das crianças, mas não gostava muito dessa presença ativa da Rosana na vida dela. Todos nós fazíamos terapia por muitos motivos e no dia 25 de abril eu explodi. Era meu aniversário de casamento, eu e a Natalie estávamos fazendo 17 anos de casadas e eu continuava morando no meu apartamento, a gente continuava trocando farpas, e eu não entendia porque eu não conseguia retomar meu casamento. Eu não conseguia marcar um horário com a minha terapeuta então eu apelei pra Rafa esposa da Lohana, ela é psicóloga e psiquiatra, e como somos amigas, somos comadres, não podemos ter esse vinculo de paciente e profissional, mas eu precisava sair dessa loucura que eu estava. Eram 9 da manhã quando consegui marcar com ela e fui para o consultório. A Soso ainda fazia sessões de radioterapia e estava cada vez melhor, o tratamento de retinoblastoma era muito longo, mas a Rafa já tinha retomado a agenda dela e a Sophia já ia para escola também.