Renunciado

11. Conexão - Parte II

ˋˋO mundo em seus olhos,
para sempre será uma mentira.ˋˋ

(Round Round - Goblin)

POV ARO

David abre a porta de madeira para ajudar na minha passagem, vejo o solitário Marcus no enorme trono e, pela primeira vez em muito tempo, ele não está com o olhar em tédio. Essa pequena constatação faz um mal pressentimento se esgueirar em meus pensamentos. Marcus está com as mãos unidas a frente de si, totalmente absorto no quer que esteja pensando.

Na poltrona oposta, Caius não parece perceber o que vi e se distrai lendo um livro. Volto a caminhar sabendo que logo Marcus falaria o que lhe incomoda, ou eu mesmo o arrancaria dele.

David e Diana estão logo abaixo de nós como guardas. É um dia tranquilo, e eu sei que as maiores tempestades são acompanhadas antes de dias azuis e calmos, por isso, não me engano e apenas espero.

- O que você faria se eu te dissesse que estamos quase perdendo alguém muito valioso? - A voz de Marcus.

David e Diana olham rapidamente para Marcus, eu me inclino e percebo que há algo que eu não sei. Faço um breve sinal para que todos os guardas saiam e ouço o livro de Caius ser fechado enquanto a sala permanece apenas nós três.

- O que te incomoda, irmão?- Pergunto-o.

Marcus encosta levemente a cabeça sobre suas mãos.

- Qual é a sua resposta, Aro?

Eu o analiso por um segundo, penso em segurar em sua mão para ler seus pensamentos, mas me contenho.

- Bem, você disse que quase estamos perdendo-o, então tentaria trazê-lo de volta.

Marcus pondera minha resposta e se imerge em pensamentos por mais uns segundos. Caius, o mais impaciente de nós, suspira irritado querendo entender do que, ou melhor, de quem se trata.

- Mas eu temo que já o tenhamos perdido, irmão. - Sua voz baixa.

Sim, há algo se passando, algo de que não fui informado, que não percebi. Penso em cada um presente na guarda Volturi, tentando ver se algo estava errado com algum, se haviam tido um comportamento diferente. Apenas um me veio a mente.

Contenho a raiva dentro de mim dando um leve sorriso. Antes que consiga pronunciar mais algo, Chelsea entra pelo corredor lateral, suas feições sérias.

Aprumo-me instantaneamente no trono. Ela nunca vem ao meu encontro se não for chamada, permanecendo normalmente mais afastado da ação em geral. Chelsea e importante demais para os Volturi. Enquanto Alec e Jane são da linha de combate, Chelsea é quem mantém a guarda unida e em formação, felizes no posto que estão. Seu dom de manipular relacionamentos emocionais é o que mantém todos aqui sem reclamações ou perguntas.

Ela aparecer nessa sala sem ser convocada traz de volta meu mal presságio.

-Mestre. -Sua voz soa baixa, porém firme -Desculpe interrompe-los, mas precisamos conversar urgentemente. Há um comportamento estranho de um da guarda.

Suspiro e apoio minha cabeça sobre uma mão, olhando-a a minha frente.

-Céus, eu não sei se desejo que estejam preocupados com a mesma pessoa, ou se por pessoas diferentes. -Caius concorda ao meu lado, ergo meu rosto para a vampira -Por acaso esse alguém é Alec, querida?

Chelsea abre a boca surpresa e enruga a testa.

-Como...?

-Eu percebi também algo, Chelsea. -Marcus afirma.