Renunciado

38. Convivência

''Nunca serei o favorito da sua mãe

 Seu pai não olha em meus olhos 

Oh, se eu fosse eles, eu faria a mesma coisa dizendo:

 Lá vai minha menininha andando com aquele cara problemático"

      (it will rain)

POV CARLY

Olho em volta, ainda estou parada perto do rio onde conversei com Nahuel, ele passou há poucos minutos atrás, mesmo que esteja em um lugar completamente aberto e com o sol da manhã fazendo as folhas brilharem, tudo parece claustrofóbico e escuro para mim.

Sinto-me só. Quero chorar, preciso disso, mas as lágrimas estão dentro de mim.

Não saem.

Sem pensar muito, apenas sigo em largos passos pela direção contrária à minha casa. Pouco tempo depois, estou passando pela porta da casa de Alec, o suave barulho do carro de aplicativo que havia chamado soa atras de mim afastando-se.

Minha respiração está tão descompassada que cada arfar faz meus pulmões doerem. Meu corpo tão tenso que o sinto como um fio esticado a ponto de estourar.

Alec não está em casa, caso contrário já teria vindo até mim.

Apenas arrasto-me para o quarto e deito-me na cama. Há pouco tempo trás esse lugar foi onde vivi momentos mágicos com ele, agora sinto-me tão conturbada e triste que só quero fechar os olhos.

Tenho que enfrentar minha família em uma conversar que não será fácil, Seth mal olha na minha cara e Nahuel...Bem, assim como pensei, ele se foi. Por culpa minha mesmo, já não o tenho em minha vida.

O medo de perdê-lo me fez perdê-lo.

Viro-me de lado e abraço meu próprio corpo puxando minhas pernas para o mais perto possível, querendo que isso ajude a diminuir tudo o que se passa dentro de mim.

As lágrimas que tanto desejo liberar não saem.

Tempos depois, sinto um toque conhecido e sei que Alec se deitou atras de mim na cama, seu abraço desliza entre o colchão e meu pescoço deixando que minha cabeça descanse nele. Envolve-me sutilmente com o outro braço e puxa-me suavemente para perto de si, todo meu corpo se acalenta com sua aproximação.

As lágrimas que seguro borram minha visão.

Ele beija suavemente meu rosto.

O carinho rompe a barreira e choro.

Choro por todos os meses conturbados que passei.

Pela minha família que não entende o que sinto.

Pelo coração de Nahuel que feri.