14. Caótico

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"Contos de um coração sem fim,
maldito é o tolo que está disposto."
(River - Bishop)


POV CARLY

Entro em casa rindo com Nahuel, ele me mostra as fotos que havíamos tirado nas cabines espalhadas pelo parque e agora nós as analisamos. O Híbrido passa as fotos procurando por uma específica.
- Essa ficou horrível!
Exclamo quando me mostra qual procurava. Na foto, ele está sozinho sentado mostrando o muque e fazendo cara de mal.
- Não, essa tem personalidade.
Olho-o erguendo uma sobrancelha.
-Personalidade feia, só se for.
Assim que entro na sala, percebo Alice, Jasper, Bella, Edward e minha mãe assistindo a algo na TV, parecia um filme, mas olharam para nós assim que nos viram.
- O que foi? - Questiono sem entender.
Edward abre um enorme sorriso e olha para Alice.
-Você perdeu a aposta, Alice, me deve uma massagem nos pés. - Coloca o pé descalço no colo de Alice.
Ela o empurra fazendo-o quase cair do sofá enquanto rir.
-Tira essa coisa imunda de perto de mim!
-Mas o que é que está acontecendo aqui? - Pergunto.
- Há pouco tempo atrás, Alice teve uma visão muito embaçada sua e do Nahuel, não deu para ver direito ou entender, mas eu apostei com ela que eram vocês dois se beijando e ela perdeu.
As palavras de Edward me fazem abrir a boca, não acreditando.
-O quê??
A risada de Nahuel ao meu lado me faz encará-lo com o rosto fechado. Ele tenta se manter sério, mas falha.
-Quanta infantilidade de vocês.
Estreito os olhos para sua fala.
Minha raiva já está passando e eu sorrio. Entretanto, um frio percorre minha espinha me fazendo tremer e o mesmo sentimento de pressentimento vem até mim novamente. Desta vez, mais forte e intenso.
Os olhos de Jasper e Edward se viram instantaneamente em minha direção, olho para o chão me concentrado para tentar me acalmar. Tudo o que eu menos quero agora é mais gente preocupado comigo.
Alice se levanta do sofá para pegar o controle remoto enquanto eu permaneço com os olhares dos meus irmãos sobre mim, que apenas me encaram sem falar nada.
- Sabe, Carly,- Alice fala já próxima a mesinha.- amanhã nós vamos na loja de...
Ela então para, o olhar toma um vazio profundo, estava tendo uma visão. Desvio para Edward que a encara com surpresa. Alice pisca os olhos, mas continua olhando para frente como se pensasse.
- Alice.- Bella a chama e ela se vira.
Seus olhos se encontram com os de Edward em uma conversa silenciosa. Então eu sei que o que quer que Alice viu era algo sério. Outro calafrio me percorre e eu novamente tremo.
Edward balança a cabeça discordando de algo que Alice pensa.
- Mas então será que é isso mesmo? Será que não entendi errado?- Minha irmã diz pensando alto.
- Fale o que você viu, Alice!- Bella exige.
Alice abre a boca para começar a falar, entretanto para olhando para mim, todos da sala fazem o mesmo.
- Carly, por que você não vai lá fora caminhar um pouco?- Edward se pronuncia.
Eles não irão me contar? Queriam que eu não soubesse? Mas por quê?
- Eu não vou porque eu quero saber o que você viu.
Olho para Nahuel esperando que fique do meu lado. O Híbrido olha para mim e depois para minha família.
-Ela não pode mesmo ficar? -Questiona-os.
-Não.
Abro a boca para reclamar com minha mãe, mas me calo com o olhar que me lança. Percebo que não haveria como discutir.
Nahuel também se vira para me acompanhar, mas o impeço.
-Tudo bem. - falo -Fique. Ao menos um de nós deve entender todo esse segredo.
O rapaz concorda e pisca deixando um leve sorriso escapar, como se dissesse ''Eu te conto depois''.
Caminho alguns metros e sento-me em um balanço esquecido, foi pendurado pouco depois de nos mudarmos para essa casa, eu tinha uns treze anos. Apoio meus pés na terra balançando-me calmamente.
Permaneço mais algum tempo ali, apenas olhando para céu, até achar que já posso voltar.

(...)
Alguém bate à porta do meu quarto insistentemente. Ignoro rolando-me na cama, mas o barulho não some. Ponho as mãos no ouvido, o som não é abafado.
Ergo-me rosnando pela garganta. Caminho em direção a porta, tropeçando pelo sono que ainda me toma completamente. Está escuro, provavelmente é madrugada.
Abro a porta em um átimo, o rosto nada amigável.
-Pelo amor de Deus, Nahuel! O que você quer as 4:30 da madrugada?
O Híbrido sorrir fracamente, seus cabelos agora presos em várias tranças em estilo Viking, sua roupa é um conjunto de moletom esportivo. Atrás dele, Seth também está acordado, diferente de como penso que estaria por está de pé uma hora dessas, meu amigo parece bem e estranhamente alonga a perna como se estivesse preparando para fazer exercícios.
-Você disse que iria correr comigo.
Nahuel gosta correr e lhe disse que gostaria de ir pois preciso melhorar meu condicionamento para dança. Reviro os olhos e tenho vontade de gritar.
-Não de madrugada! - começo a fechar a porta, mas Seth põe a mão impedindo -Vão embora!
Os dois rapazes alto entram no meu quarto e arrasto-me para cama, cobrindo-me com o cobertor quente. Alguém o puxa e abro os olhos vendo meu amigo.
-Para de ser preguiçosa. Levanta.
Ergo-me sentada, o olhar fixo nele. Seth rir.
-Porque você está disposto a correr em plena madrugada? Você odeia acordar cedo!
-Porque eu apostei com Nahuel que o venceria. Isso é motivação suficiente.
Cruzo os braços.
-Vão embora! Eu não quero correr nem muito menos falar com algum de vocês. -meu amigo enruga a sobrancelha para minha rudez na voz. -Vocês dois sabem qual a visão de Alice e ninguém quer contar pra mim e Nessie!
Seth fica de pé sorrindo, claramente evasivo.
-É isso, beijo. Vou fazer um pouco de café.
Passa por Nahuel que o acompanha com o olhar enquanto sai pela porta. Seth me olha, ainda raivosa na cama, e depois para o Híbrido.
-Boa sorte.
Nahuel me olha, seu rosto demostrando que desejaria ser Seth nessa hora e poder escapar. Permaneço o olhando sério. Depois que entrei na casa, conversei com ele, mas nada me disse.
O rapaz moreno suspira e senta-se na cama perto de mim.
-Carly, eu não posso falar por enquanto. Sua mãe disse para não te contar nada no momento.
-Você deve me contar! É meu amigo. - depois lembro que estamos juntos e completo rapidamente, corrigindo meu erro. -Meu namorado!
-Mas eu não posso passar por cima do que seus pais querem pra você!
Há tristeza em sua fala, percebo que se pudesse ele me diria. É minha vez de suspirar, Nahuel tem razão, a culpa não é dele.
-Olha, Altinha. - enrugo o nariz para o apelido que passou a me chamar -Não é nada demais, ok? Só não queremos que se preocupe atoa.
-Ok. Tudo bem.
Reviro os olhos. Ele acha graça em meu descontentamento e ergue meu rosto depositando um leve beijo casto em minha boca, percebo que não nos beijamos novamente verdadeiramente desde ontem anoite no parque e me pergunto se seria normal para um casal que acabou de ficar juntos.
Mas mesmo assim, nem eu nem ele procura mudar isso.
-Agora, levante-se e vamos. Para de sedentarismo.
Reclamo e cubro-me com a coberta.
-Eu sou ativa, faço aula de dança! - empurro-o da cama e ele rir -Vai embora.
-Qual é! - levanta-se ficando próximo a cama -São só cinco horas de corridas.
O olho, assustada.
-Você é maluco? Eu sou só uma humana! Não conseguiria correr isso tudo de vez sem ter um ataque cardíaco!
Nahuel é do tipo que gosta de exercício físico, como correr, patinar no gelo e andar de patins. Eu só gosto de dançar mesmo.
-Tem razão. - caminha para a porta e a abre -Para mim, cinco horas só me fazem relaxar. Agora, você é uma decadente humana que jamais conseguiria.
Revido sua afronta lançando o travesseiro em sua direção, ele é mais rápido e sai pela porta fechando-a, o travesseiro bate na madeira produzindo um barulho surdo. Logo reabre e põe a cabeça para dentro, um pequeno sorriso brinca em sua bela feição.
-Está vendo? Sou mais rápido.
-Sai daqui, Nahuel!
Reclamo tentando ficar séria, mas falho e sorrio. O Híbrido rir e fecha a porta finalmente deixando-me só. Fico deitada na cama olhando para o teto esperando dormir, mas não consigo.
Toda vez que fecho meus olhos, meu cérebro se enche de pensamentos e eu acabo encarando o teto novamente.
Depois de lutar com o sono por mais um tempo, sinto raiva e desço da cama. Resolvo ir até o escritório do meu pai para pegar um livro para ler. No corredor não há ninguém, e lá embaixo eu posso ouvir o barulho da TV e Emmett xingando o juiz de algum jogo que passa.
O escritório está vazio e escuro, meu pai está no hospital, então obviamente não há ninguém. Acendo o abajur da sua mesa e acabo olhando para os papéis que estão sobre ela. Há uma pasta com o emblema do hospital, um livro sobre medicina e um que fala sobre o Renascimento.
Procuro o livro que ele havia me emprestado e que eu não havia acabado de ler na prateleira ao lado de sua mesa. Eu o visualizo na prateleira mais alta, então fico nas pontas dos pés para tentar alcançá-lo. Meu pé escorrega e eu caio em cima da mesa, o computador não está desligado, então quando minha mão bateu no mouse a tela acende.
Praguejo algumas palavras e desço da mesa virando-me para desligar o computador, minhas mãos pararam no botão de desligar quando algo na tela me chama atenção.
É em um site de pesquisa onde os resultados são várias fotos, a maioria de campos abertos como florestas, olho para a palavra-chave digitada e está escrito "Volterra". Ergo meu rosto e passo a encarar porta.
- Volterra? Por que meu pai estava procurando sobre Volterra?- Penso com meus botões.
Volterra... Volturi! Era a terra dos Volturi! A cidade onde o inferno da realeza vampiresca mora. Mas não vi nenhum motivo para meu pai estar procurando sobre isso.
A porta é aberta e eu me assusto, batendo minha cabeça na prateleira atrás de mim.
Meu pai entra analisando-me, seu rosto calmo, porém há algo que me avisa que tem uma preocupação em seu olhar. Não sei se ele tinha percebido que eu havia olhado em suas coisas, então começo a ficar sem jeito.
- Eu estava sem sono, então resolvi vir aqui pegar aquele livro que me emprestou para ler... - Minha voz rápida demais e quebrada em lugares estranhos.
Ele me dar um leve sorriso e segue até a prateleira pegando-o e me entregando. Eu o seguro e sorro me dirigindo à porta, mas paro no meio do caminho quando me lembrei de algo.
- Não era para estar no hospital?- pergunto-me virando.- Seu plantão só termina de tarde.
Ele olha para mim com o mesmo jeito calmo.
- Sim, mas eu vim mais cedo, cheguei a cerca de uma hora atrás.
Quando escuto isso, quase vejo uma lâmpada se acendendo na minha cabeça.
- Pai, - espero ele me encarar.- o que Alice viu de tão importante que te fez vir mais cedo?
Ele lança leve sorriso.
- Não foi nada de mais, filha.
- Então por que não me conta?
- Porque não quero que se preocupe.
Cruzo os braços rindo cinicamente.
- Tarde demais, já estou preocupada!
Pai balança a cabeça rindo baixo e se levanta parando na minha frente. Eu sei que há algo de errado, mas não entendo porque ninguém me conta.
- Tinha me esquecido de como você é persistente... Não é nada de grave, apenas não queremos que se preocupe sem necessidade.
Eu quero saber, isso está me incomodando e eu nem sei o motivo, porém, infelizmente, também sei que não iria conseguir a resposta agora.
Saio do escritório em direção ao meu quarto.
Aquele estranho pressentimento havia ido embora, mas algo dentro de mim disse que era só o começo.

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