16. Poderes - Parte I

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‘’Como nós nos despedaçamos
Mais rápido do que um gatilho?’’

       (River – Bishop)
 

POV CARLY

 
É escuro.

Está escuro demais para eu ter medo ou medo demais para o escuro. Um dos dois está demais.

Ouço o som dos meus pés contra o chão. Eu corro. A respiração fazendo o peito doer pela rapidez. Posso sentir o perigo atrás de mim. O gosto do desespero na minha boca, como um veneno amargo e cortante.

Onde eu estou? Por que não consigo enxergar nada?

Olho para trás tentando ver algo, mas há apenas a escuridão. Apenas o sinto.

Como um milagre, eu consigo vislumbrar uma porta de madeira forte. Sem pensar muito no que faço, ou no que há lá, abro a porta adentando correndo o espaço.

Velas estão espalhadas por todos os lados iluminando o pequeno lugar que parece um quarto vazio. Respiro fundo uma vez por ter minha visão de volta.

Porém a alegria dura pouco quando sinto que não estou sozinha. Aperto os olhos tentando ver algo, minha garganta seca e a respiração se acelera novamente.

Um vulto. No lugar onde não existe iluminação, há um vulto que se movimenta. Ele dá um passo para frente. A escuridão dando forma a uma silhueta masculina, mas essa mesma escuridão adentra nele.

Tento procurar onde está a maçaneta da porta, porém não a encontro.

—Quem está aí? – Questiono, a voz nada mais que um sussurro.

Uma risada diabólica e masculina sai do vulto fazendo-me apertar as costas na porta.

—Quem está aí?

Exijo, dessa vez mais firme. Então o vulto é iluminado pelas velas e consigo vê-lo através da iluminação. É um rosto lindo e perfeito.

Angelical.

 Diabólico.

 Um anjo vingativo.

—Alec.- O terror que sinto agarra-me e oprime-me.

Ele sorri mostrando seus dentes que sei que são afiados. Há algo em sua boca, como uma mancha que eu não visualizo direito devido à baixa iluminação.

—Olá, Carly.- meu nome é dito como uma música maléfica.

Alec lança algo no chão que faz um baque, olho assustada procurando entender o que é. Seria melhor se não tivesse visto.

Nahuel está caído, seus olhos fechados e há sangue se espalhando pelo chão como água onde uma pequena abertura de uma mordida recém feita está. Arquejo surpresa e corro até ele agachando-me no chão.

—Nahuel!- chamo-o tentado acordá-lo.

Coloco minhas mãos em suas feridas tentando parar o fluxo de sangue que é forte.

—Nahuel, fala comigo!

Grito e olho para Alec. O anjo vingativo tem sangue em sua boca, essa é a mancha que outrora não consegui enxergar. Ele sorri novamente. Perfeitamente diabólico.

—O que você fez?!- soou mais alto e levanto-me olhando em seus olhos vermelhos.

—Eu o matei.

Um grito. Um grito alto e de desespero rasga meu peito.

—Carly! –Uma voz me chama.

Abro meus olhos assustada e vejo o rosto moreno de Nahuel. Lanço-me em seus braços, tremendo enquanto deixo as lágrimas caírem.

RenunciadoOnde histórias criam vida. Descubra agora