CAPÍTULO 3

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Assim que terminei o meu café da manhã, logo subi de volta para o meu quarto e escovei os dentes; logo pego o meu envelope e saio do meu quarto, batendo já a preguiça de sair de casa

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Assim que terminei o meu café da manhã, logo subi de volta para o meu quarto e escovei os dentes; logo pego o meu envelope e saio do meu quarto, batendo já a preguiça de sair de casa.

Ao chegar na sala, noto meus irmãos conversando entre si, mas param ao me ver. Estreito os olhos e faço careta.

-- Não queria saber o que estavam conversando mesmo. – Do de ombro.

-- Já vai entregar os currículos?—Pergunta Brayan.

-- Não posso ficar vagabunda pelo resto da minha vida, não é mesmo? – Os quatro fecham a cara.

-- Que vocabulário é esse, Bruna? – Papai se aproxima.

-- Foi o Bernardo que disse que quando um homem não trabalha é vagabundo, mulher que não trabalha também é vagabunda. – Dou de ombro e seguro a risada quando todos olham para ele.

-- É mentira!—Fala desesperado. – Você está fodida na minha mão. – Diz bravo.

-- Bom, eu vou nessa. – Beijo a bochecha do meu pai. – Amo vocês, menos você, Bernardo. – Ele revira os olhos.

-- Vá com deus, minha filha. – Sorri.

-- Amém, axé, âmen, Shalom ... – Falo todos améns que eu conheço e saio de casa.

Vou para o ponto de ônibus e me sento, pensando na vida e no que irei fazer se não conseguir um emprego. Meninas? Me esperem aí na rua, que um dia eu hei de chegar aí.

Quando, depois de esperar por horas, a porra do ônibus finalmente chega e eu me levanto, entrando no mesmo, pago a passagem que custa dois pães de queijo grandes. Me sento e fico esperando chegar o meu ponto final.

(....)

-- Iremos verificar o seu currículo; se for aprovado, ligaremos para você. – Somente confirmo e agradeço saindo de lá.

Faz um tempo que estou entregando currículo pelos hospitais, mas sempre é a mesma coisa, a mesma resposta.

Quando minha barriga ronca, vejo as horas e noto que já são duas horas; saí de casa, era 9 horas da manhã. Muito tempo sem comer, tenho que manter o corpinho em forma.

Vou indo na direção de um mercadinho para poder comprar uma coisinha; não dou nem me dá a ousadia de comprar algo em alguma lanchonete ou ir em algum restaurante; as coisas para esse lado são muito caras.

Ouço meu celular tocar, pego-o e noto que é o meu bom velhinho. Assim que atendo, ouço algo quebrar.

-- Tio?— O chamo.

-- Oi, querida. – Diz ofegante. – Desculpa em atrapalhar você, mas poderia vir aqui no meu trabalho, por favor. –

-- Para ver a cara daquele seu chefe idiota? Não, obrigada. – Resmungo.

-- Por favor, querida. – Solta um suspiro. – Seu tio já está velho; preciso de uma ajudinha aqui.

Bate os pés como uma criança birrenta e dou risada quando as pessoas me encaram como se eu fosse louca.

-- Tá! Já estou indo. – Bufo.

-- Obrigada, meu amor. – Desliga e nem deixa eu falar nada.

Véio doido.

-- Droga! – Deixo de ir para o mercado e vou para o ponto de ônibus.

Mas mudei de ideia e vou de Uber mesmo, depois faço chamego para o meu tio pagar a minha passagem.

(...)

-- Valeu, moço. Pode ficar com o troco, bom trabalho. – Desço do Uber.

Deveria pegar o 99, é mais barato.

Olho para aquela mansão e faço bico. A vida às vezes é tão injusta! Por que eu não posso ser rica também?

Deixo meus pensamentos doidos de lado e vou para entrar naquela casa, vendo o meu tio já na entrada. O olho de cima a baixo, procurando algum ferimento, mas nada acho. Acho bom, ou aconteceria um assassinato.

-- Tio! – Abraço ele.

-- Oi, minha menina. Venha. – Me chama para entrar. – Como está o seu pai? Seus irmãos? –

-- Velho, ocupados com os trabalhos. – Assim que entramos na cozinha, vejo o crápula na sua cadeira de rodas, de frente a uma mesa de vidro.

-- Você disse que iria pegar o ingrediente que faltava, Hugo. – Ele me olha de cima a baixo e faz cara de bravo. – Por que ela está aqui? –

-- Mas eu fui buscar o ingrediente que estava faltando. – Levanta um saco de pingos de chocolate. – Eu não sei fazer, então trouxe quem sabe. – Sorri de lado.

-- Fazer o que? — Olho para ele, ignorando aquele homem totalmente.

-- Cookie. – Arqueio a sobrancelha. – Não sei fazer isso. –

-- O senhor nem gosta. – Ele revira os olhos.

-- É para o menino. – Aponta para o homem ao meu lado, que também não estava com a cara muito feliz. – Ele ama essas coisas. –

-- E por que eu deveria fazer isso para ele? -- Cruzou os braços.

-- Não estou pedindo a sua ajuda. – Resmunga.

-- Não estou falando com você, mimado. – O encaro.

-- Meu deus. Dá para parar vocês dois? Parecem um casal. –

-- Nunca!—Falamos junto.

-- Nunca diga nunca. – Sorri. – Então, querida? Por favor. – Faz a carinha de triste.

-- Vou fazer pelo senhor. – Falo já indo para mais adentro da cozinha.

-- Não quero mais. – Ele diz. – É capaz de colocar veneno. -- Dou risada.

-- Aí, aí, aí ... – Sorrio de lado. – Tem que dar risada para não matar. – Reviro os olhos.

-- É assim que você trata os seus pacientes? Deve ser por isso que está demitida. --

-- Você não é o meu paciente! – Dou de ombro.

-- Agradeço por isso. – Olho de canto para ele. – Com certeza sofreria em suas mãos. Não deve ser uma boa profissional. – Cutuca.

-- Meus pacientes nunca reclamaram. Eles eram uns fofos. Diferente de certas pessoas, que acham que o mundo gira em torno de si e que as pessoas têm que suportá-lo, somente porque pagam o salário dele. –

Ele fica calado e achando estranho isso; me viro de relance e o vejo encarando a minha costa.

-- Você não sabe o que fala. Somente é uma mulherzinha que se finge de forte, mas não é. – Olha em meus olhos.

-- E você é um homenzinho que está achando que é de ferro, mas na verdade, por dentro, está chorando feito um bebê. Que não deixa as coisas do passado no passado. Então senhor, sabe tudo, compra tudo, paga tudo, é melhor tomar cuidado, amargura, mata as pessoas aos poucos. – Sorrio de lado e mando beijinho para ele.

Volto ao que estava fazendo, deixando-o falar sozinho, e foco nos deliciosos cookies que meu irmão Benjamim fazia para mim em uma noite ruim que eu tinha.

🌟......

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* Até o próximo sábado.

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