CAPÍTULO 13

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-- Desmancha essa cara, amor

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-- Desmancha essa cara, amor. – Faço careta e a ouço dar risada.

Depois de quase implorar para ela não me trazer nessa merda, ela me trouxe e estávamos andando faz quase uma hora para cima e para baixo.

-- Fala logo que você não sabe andar por aqui. – Reclamo já irritado com tudo isso.

-- Não sei mesmo. — Fala parando e olha em volta. – Aqui é diferente. – Reviro os olhos.

-- Tudo é shopping, Bruno. – Me ignora.

Assim que ela chegou pela manhã, notei que ela estava avermelhada; por um pequeno momento, achei que era por conta do Wesley, mas descartei essa ideia quando me lembrei que era a Bruna que estava falando.

Ela parecia um pouco mais lenta, o que achei estranho também; ela é sempre ativa e sorridente, e parecia triste também.

-- É no andar de cima, tonta. – Falo só para implicar com ela.

-- Tonta é a sua vó ao quadrado. – Cruza os braços, mas logo sorri e se aproxima de mim, ficando atrás e começando a empurrar.

-- Eu sei ir sozinho. – Reclamo.

-- Amorzinho, você somente sabe reclamar. – Resmungo, mas fico confuso quando ela começa a fazer barulho de moto.

-- O que você está...— Seguro no branco da cadeira, quando do nada ela começa a correr me empurrando e imitando um barulho de moto.

-- Vrummm ..... – Arregalo os olhos quando quase batemos em uma senhora que nos xinga. – Sai da frente, que atrás vem gente. – Dá risada.

-- Bruna, porra! Para com isso. Vamos bater, caralho. DEGRAÇADA! – Fecho os olhos por um momento quando acho que vai bater na porta do elevador.

-- Skrrr...—Finge que freia.

-- Você tem problema na cabeça? – Noto ela dando de ombro e aperta o botão do elevador.

-- Dizem que sim. Eu não acho. – Faz bico e acabo dando risada com aquilo.

Ao mesmo tempo que ela me estressa, deixa nervoso, me acalma e me faz rir. Essa mulher me deixa confuso por inteiro.

Assim que entramos, olho para ela de lado e noto seu pequeno sorriso. Ela aperta para subirmos e assim acontece, nos levando para o segundo andar.

-- E agora, onde fica a bagaça? – Pergunto, me encarando.

-- Esquerda. – Vira para o outro lado. – A minha esquerda, quer dizer, é a mesma porra de esquerda. – Ela me ignora e sai me empurrando para outra loja. – Isso é um brechó, Bruna. –

-- Eu sei. Mas olha que lindo é esse terno ali. – Aponta e lodo na entrada, noto o terno.

Ele era preto, com detalhes em prata na gravata com um pequeno amuleto que serve para colocar na mesma. Os botões são puxados para um cinza mais escuro.

-- Não sou garçom. – Era bonito, mas eu iria me sentir um estranho com isso. – E tenho que usar um azul. – Informo.

-- Aaah, iria ficar tão lindo. – Vire a cara para o outro lado. – Mas vamos ver se não tem aqui. – Fala entrando.

-- Po que quer comprar aqui? Tem outras lojas mais ... – Me corta, colocando a mão na minha boca.

-- Você com a boca trancada, com sua cara de mal, fica bem melhor e gostoso, sabia? – Sorri.

Não falo mais nada e noto uma senhora vindo em nossa direção. Ela não era senhora mesmo, mas estava quase. Ela sorri para nós dois, seus olhos chegam a brilhar.

-- Bom dia, meus jovens. No que posso ajudar? Está procurando alguma loja? Podem perguntar, eu sei de todas que ficam aqui. – Sorri pequeno, mas com intensidade no olhar.

-- Não, não, é aqui mesmo que estávamos querendo entrar. – Bruna responde e noto a véia arregalar os olhos de surpresa.

-- Nossa! Faz tanto tempo que ninguém vem aqui. – Seus olhos tristes aumentam. – Mas estou feliz. Venham, irei ajudar, o que procuram? – Pergunta eufórica. – Ah, perdão, querem algo para beber? –

-- Nã…-- Sou calado novamente.

-- Uma água, por favor. – A senhorinha confirma e sai feliz.

Olho para ela de costas, mancando um pouco, e vejo o pequeno ferimento em sua perna; estava ficando roxo. Ao redor, só havia roupas organizadas, um pequeno gato dormindo ao lado do balcão, uma pequena geladeira um pouco atrás do mesmo, mas dava para ver. Tinha uma espécie de pano de cabana ao lado também.

-- O que foi? Quer ir para outra loja? Sei que invadi o seu espaço de escolha. – Fala, mas dou de ombro.

-- Ela mora aqui. — Comento, vendo ela me encarar confusa. – O fato dela te oferecer a água e não ter bebedor ou um friltro de água mostra isso. Além do mais, tem uma geladeira, uma espécie de cama que usam para cabanas de acampar e o gato que serve de companhia para ela, parece que não tem filhos, já que não contem celular por aqui. A direção que ela foi, somente é o deposito que essa loja tem. Essa loja não tinha antes aqui, por isso estranhei quando a vi. – Me encara. – O que? –

-- Porra. Somente com uns minutos você viu tudo isso? Era um bom policial você, hein. – Sorri e noto que me deixa .... Envergonhado, orgulho.

-- Aqui está. Me desculpe por não ser em um copo de vidro, é que por aqui eu não tenho e ... –

-- Está tudo bem. – Falo, querendo que a mesma parasse de falar. Parece que estava doente pelo seu timbre de voz. Bruna pega o copo de plástico e começa a beber, me oferecendo um pouco, e eu pego o bebendo.

-- Vocês dois são um lindo casal. – Fala nós encarando sorrindo.

-- Nós ... – Agora era a minha vez de cortar a mulher ao meu lado.

-- Você tem outros tipos de terno? – Pergunto.

-- Ah, sim. – Sai andando. – Tem esses aqui. Vou deixar vocês à vontade. – Pede licença e se retira.

-- Olha esse aqui. – Me mostra um azul escuro. – Vai combinar com você, fora que seus olhos vão dar uma bela de ... –

-- Você tem uma tara pelo preto. — Comento e a mesma corri.

-- Porque deixa você gostoso. – Morde os lábios e acabo encarando, sendo impossível não lembrar daqueles lábios juntos ao meu. – Fico tão molhadinha só de imaginar você com a farda da BOPE. –

-- Você é a porra de uma sem vergonha. – Ela dá risada, me deixando mais nervoso. – Porra de mulher desbocada. – Bufo.

-- É brincadeirinha, amor. – Coloca as mãos nos meus ombros.

Se ela soubesse o que me causa essas suas ‘’ brincadeirinhas’’.

-- Olha esse aqui. Que lindo. – Abre a boca surpresa. Realmente era bonito. – Vai ser esse, e não venha discutir comigo. – Diz.

-- Pode ser esse. E agora vai atrás de algo para você. – Me encara. – Você vai comigo, para deixar claro, já tinha dito isso. Agora vamos. – Fomos onde estava uns vestidos grandes. – Qual é o seu gosto? –

-- Merrento, alto, forte, careca, olhos lindos, tatuado e tem que ser policial, porque se não for ... Quero um marginal. – Sorri, meiga.

-- Escolhe logo a porra do vestido. – Mando. E por incrível que pareça, ela obedece.

-- Somente vou obedecer, por ter ficado gostoso mandando. – Se vira empinando o rosto. – É nessa hora que você me dá um tapa no meu bumbum por ser ousada! – Fala tirando sarro, mas meus olhos descem até as duas montanhas. – Eu sei que olhou. –

Enquanto ela procurava o que queria, me virei e vi algumas roupas de crianças e de bebês, me fazendo viajar no passado quando eu cuidava do Karlos e acabo sorrindo. Olho em volta, a senhorinha vem em meus pensamentos e a alegria que ela ficou por ter cliente me bate em cheio.

Pegou as roupas que via pela frente, assim como alguns sapatos que ali estavam no chão, mas tomando cuidado para não sair.

-- Pra que pegar essas roupas? – Pergunta. – Não sabia que curtia essa coisa de sugar daddy. – Reviro os olhos.

-- Já escolheu? – Pergunto.

-- Já, já. – Revira os olhos.

Olho para a mão dela e vejo o vestido longo azulado, sendo do mesmo tom que a minha roupa, um pouquinho mais claro. Não dava para ver mais que isso, já que a mesma estava segurando no braço.

-- Vamos. – Ela diz e vai para a frente da loja; quando a velhinha vê que estava com muitas coisas na mão, arregala os olhos de surpresa.

-- Vamos levar essas aqui. – Comento esticando na direção do balcão.

-- Es...tá bem—Fala e sorri.

Ela começa a dobrar e colocar o valor na calculadora, enquanto nós dois ficávamos esperando ela terminar.

(....)

Depois de um tempo dobrando e vendo os preços, finalmente a véia terminou e Bruna se levantou da minha perna. Vi que ela estava mudando toda hora a posição, o peso das pernas, então a puxei para sentar em minha perna.

Ela não reclamou e ficou vendo a mulher fazer o trabalho dela, assim como ela mesma disse. Bruna se dispôs a ajudar, mas a mesma não deixou e quis fazer sozinha, o que fez a gente perder um pouco de tempo, mas parecia que estava feliz por ter a nossa presença, por isso não disse nada.

-- Deu 250, meus filhos. – Diz e nos olha.

-- 250?—Bruna pergunta, e noto a mulher se encolher um pouco; antes de falar algo, Bruna sai na frente. – Com tantas roupas, deu somente isso? – Pergunta confusa, pegando uma delas e vendo a etiqueta. – 5 Reais? Uma roupa dessa? Moça, essa peça tem boa qualidade, eu colocaria uns 20 reais nela. –

-- Não vale tanto assim, minha filha. – Fala e vejo suas bochechas vermelhas. Olho para as suas mãos e noto alguns pequenos ferimentos.

-- Deveria valer, já que é você mesmo que faz. – Falo e a mesma me encara surpresa.

-- Que? – Bruna me encara e volta sua atenção à mulher. – Não, pode colocar o preço que a senhora acha de verdade que essas roupas valem. – Diz.

-- Mas ... – Paro as duas com aquele diálogo.

-- Posso pagar já?—Pergunto já querendo ir embora.

A mulher pega uma maquininha velha e aproxima de mim, que estava com o cartão já na mão. Pego a maquininha e mudo o valor que ela colocou.

-- Obrigada e voltem ... Meu deus. – Arregala os olhos.

-- Vamos, Bruna. – Falo já pegando as sacolas e colocando em cima do meu colo, querendo sair dali antes que ...

-- Meu filho, você ... Eu .... Eu não coloquei esse valor e foi a mais. Como vou lê devolver? Não tenho como agora. Podemos ir até o banco? Eles podem retirar e ... –

-- Não precisa, fui eu que coloquei. Obrigado pela compra. Vamos, Bruna. – A chamo novamente.

-- São três mil, eu não posso ... –

-- É o valor que essas roupas valeriam em qualquer outra loja, fique com a senhora e também por ter tratado a minha mulher com educação. – Quando olho para a Bruna, sorrio de lado ao vê-la vermelha.

Agora te peguei, pequena!

Me viro novamente para ir embora, mas a mulher para na minha frente e me abraça, derrubando algumas sacolas. Faço uma careta e olho para a Bruna, que sorri de um jeito que não tinha visto antes.

É lindo.

-- Muito obrigada, muito obrigada. – Somente resmungo, me afastando um pouco dela. – Me desculpe. –

-- Tudo bem. – Falo e pego novamente as sacolas, saindo sozinho de lá. Abraços me deixam desconfortável.

Já na metade do caminho, sinto a Bruna se aproximando pelo seu perfume e suas mãos vão até o meu ombro.

-- Você teve uma linda atitude, Murilo. – Franzo a testa quando me chama pelo nome. – Foi um fofo. – Fala. Fofo, eu hein. –

🌟......

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