CAPÍTULO 28

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Julia se afasta fazendo cara de nojo para Bruna, e a mesma faz igual, medindo de cima a baixo

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Julia se afasta fazendo cara de nojo para Bruna, e a mesma faz igual, medindo de cima a baixo. Mesmo querendo saber sobre o que Hugo disse, ignoro por agora e me viro para o casal.

-- Vão embora da minha casa. Não queiram que eu chame alguém para tirar vocês. Não venham aqui de novo. Não foi isso que vocês disseram quando eu perdi os meus movimentos? Agora estou dizendo a vocês. Não quero saber o que aconteceu para estarem aqui, somente vão embora e não voltem. –

-- Somos seus pais, Murilo. – Julia diz irritada.

-- Não, não são. Deixaram de ser quando me expulsaram de casa para não envergonhar vocês aos seus amigos. Vão embora daqui. – Falo já indo na direção da cozinha.

-- Sua mãe está com câncer, o tratamento é muito caro e estamos tendo dificuldade para manter, tem que nos ajudar. Ela é a sua mãe. – Roberto diz.

Fico parado por uns minutos, mas logo volto a andar seguindo o meu caminho. Sei que é a minha mãe, poderia sim ajudá-la, mas tudo que ela e ele me fizeram passar martela minha cabeça e me deixa com mais raiva ainda deles.

Me sento no meu lugar à mesa e estico o braço para pegar o café, mas unhas pintadas de azul a pega e me serve. Levanto o olhar e Bruna estava na minha frente, sorrindo para mim e passando a mão em minha cabeça, logo se sentando ao meu lado.

-- Esvazie a mente, foque aqui e não pense em mais nada. É o aqui e agora. – Diz-me olhando profundamente.

-- É pai, quem precisa de gente enrugadas perto de nós? Eu não quero ter ruga. Vou perder a minha beleza. Imagina eu, com isso. Ainda mais com essas tatuagens. – Revira os olhos, passando manteiga no pão.

-- Ele tem razão. – Bruna diz confirmando.

-- É. – Falo sorrindo para os dois, começando a comer.

(...)

Depois do café da manhã, Karlos foi embora por conta da esposa que já estava ligando preocupada com ele, já que saiu ontem e não voltou até agora. Estava na parte da piscina, fazendo o bendito daquele exercício, mas dessa vez o Hugo estava sentado próximo, lendo o seu livro de comidas.

Bruna, por incrível que pareça, estava quieta, nada dizia e olhava para baixo, mas para minha perna e dizia o que deveria ou não fazer. Estava com um pouco de dor de cabeça. O que aconteceu ainda estava um pouco turvo na minha cabeça, mas me lembrava perfeitamente do que disse a ela.

Não estava mentindo, quero ela para mim e vou ter. Depois que ela me deixou aqui em casa e foi embora, está um pouco cabisbaixa; falava pouco comparado ao que já me acostumei com ela falando.

-- O que tanto pensa?—Pergunto, e a mesma levanta a cabeça, me olhando.

-- Somente que você estava muito doido ontem. Você é um bêbado tagarela. – Reviro os olhos, mas sorrio de lado.

-- Não sou eu que fica falando pelos quatro cantos. – Faz careta e se aproxima mais, me segurando com mais firmeza. – Eu me lembro. – Me olha confusa. – Me lembro do que eu falei e do que você falou. – Suas bochechas ficam avermelhadas.

-- Confia em mim?—Pergunta mudando de assunto.

-- Sim. – Respondo sem excitar.

-- Óia, lá hein. – Desculpe, e sinto seu aperto começar a afrouxar. – Prenda a respiração e vou te soltar. – Confirmo, mas nego ao notar o que ela realmente disse. Estava prestando atenção em sua boca.

-- O que? Não. Bruna? – Começa a me soltar, mas a seguro pela cintura. – Está louca? Isso foi pelo que disse ontem da loira? – Sua expressão se fecha.

-- Para de ficar falando dessa mulher! – Manda brava. – Vai começar a me dar motivos para te afogar. – Fala, mas noto o tom de brincadeira vindo dela. – Somente confia em mim. – Mesmo relutante, me solto dela.

Ela me solta aos poucos, sinto meu coração a mil, tanto que minha respiração começa a ficar desregulada.

-- Calma, eu estou aqui. Somente por uns minutos. Possivelmente vai afundar, você vai fazer de tudo para tentar mover as pernas e vai prender a respiração. Como no exército. – Sorri, tentando tranquilizar.

-- A diferença é que eu tenho minhas pernas para usar. – Reviro os olhos.

-- Mas suas mãos ficam presas, assim como os pés. É só pensar que é isso; pense como se estivesse no seu treinamento de cadete. Eu, nesse momento, sou a sua general. – Bufo, más confirmo.

Seguro a respiração por um minuto e, quando iria olhar para ela, a mesma me solta e tento me mover, batendo os braços com calma e agilidade, mas vou afundando pelo meu peso e fico parado somente movendo meus braços.

No fundo, tento subir fazendo leves movimentos com o quadril, mas é como se eu tivesse com grandes pedras pesadas nas minhas pernas. Começo a me desesperar, mas quando olho para frente, vejo Bruna no fundo também me fazendo sinal de calma.

Fechando os olhos por uns minutos, me concentro no meu treinamento que eu tive quando ainda era novo no exército e paro de fazer os movimentos, indo para o fundo da piscina e, antes de fazer força para subir, penso nas minhas pernas e na força que tenho que ter e, quando vejo que meus pés bateram no fundo, me empurro para cima, repetindo isso umas duas vezes.

É quando sinto meus joelhos dobrarem levemente, quase inconceptíveis, e o gelado nos meus pés, e olho para cima, vendo Bruna vindo até mim e me pegando, subindo para cima, e quando chegamos na superfície, puxo o ar e tusso levemente.

-- Caralho, Bruna! Tá doida? – Hugo se aproxima mais, encarando.

-- Está de boa, tio. É somente um exercício. – Diz me olhando.

-- De afogamento?—Zomba. Ela resmungou.

-- Eu ..... Consegui dobrar de leve o joelho e senti o frio do piso no meu pé. – Conto e seus olhos brilham.

-- Isso é bom. – Sorri e me segura com mais firmeza, indo para sair da piscina, e Hugo ajuda ela.

-- Se queria me matar, mas tirar o seu da reta, era somente ter me avisado. – Falo com uma certa ironia.

-- Quem sabe na próxima, amorzinho. – Zomba.

(....)

Um mês depois...

-- Muito bem, senhor Montenegro. Continue assim, no seu tempo. – A mulher à minha frente diz novamente, enquanto Bruna estava ao seu lado sorrindo.

Já fazia um mês desde o ocorrido na piscina; de lá para cá, as coisas começaram a andar, literalmente. Quando não tinha que vir para o hospital, a Bruna fazia o exercício na piscina, o que, ao meu ver, estava fazendo mais sentido e era mais rápido.

A cada dia o formigamento aumentava e eu conseguia mexer os meus dedos, assim como me manter em pé e andar parecendo um zumbi puxando o pé. Mas já era alguma coisa.

A minha convivência com a Bruna cada vez mais está sendo um desafio; ao mesmo tempo que eu quero ela longe, quero ela muito perto de mim. Eu gosto dela, mas às vezes tenho vontade de eu mesma a jogar na piscina.

Estamos evoluindo; já saímos algumas vezes, na verdade saímos todos os finais de semana. Mesmo eu dizendo que não quero por conta de algumas pessoas que vão ficar olhando, mas vocês já sabem, não é? Ela deu a mínima e saiu me empurrando para fora.

Duas semanas depois da piscina, descobri que ela inventou de começar a fazer uma academia. Eu não disse nada, mas acho que pela minha cara denunciou o que eu pensava sobre isso.

Mas eu não mando nela, então não tive o que dizer. MAS, eu me mandei e fui fazer o mesmo; mesmo com receio, fui fazer junto a ela, o que levou o Karlos e sua esposa, que já esqueci o nome, a fazerem também.

Confesso que o corpo dela estava ficando, mas delicioso ainda. Como ela tem coxas, bundas e seios grandes, podem imaginar como está ficando. Não de um jeito exagerado, mas na medida certa.

Claro que já aproveitei isso. Sempre fico atrás dela vendo a mesma fazer agachamentos, mas também para que ninguém vá no meu território. Já teve uns idiotas que tentaram.

-- Tumbalacatumba tumba tá...— Bruna diz, me olhando de cima a baixo, rindo.

-- Vai se danar, Bruna. – Reclamo, mas abaixo a cabeça para não ver que estava sorrindo.

-- Por hoje é só. – Matilde diz e o enfermeiro me coloca na cadeira de rodas.

-- Obrigado, Matilde. – Ela sorri e vai saindo.

-- Obrigado, Matilde. – Me imita, mas fazendo uma voz fina. Reviro os olhos e ela faz o mesmo, mas cruzando os braços, logo saindo.

-- Não vai me ajudar?—Pergunto, e ela se vira com uma certa brutalidade.

-- Você não sempre dizia que sabe ir sozinho? Então, vá sozinho... Ou pete para a Matilde. Obrigado. – Resmunga e começa a sair, vou atrás dando risada dela.

-- Vou esmurrar você. – Fala bufando.

-- Eu só fui gentil, amor. – Falo do mesmo jeito que ela me chama.

-- Engole essa gentileza, querido. – Diz entre dentes. Eu, um fato entre nós dois, ela com toda a certeza é a mais ciumenta. Isso qualquer um vê.

Assim que chegamos no corredor para chegar na recepção, vejo meu filho parado olhando para o nada enquanto um médico estava ao seu lado balançando-o de leve; ele parecia desnorteado com algo.

-- Karlos? – Bruna o chama e ele lentamente levanta a cabeça, vendo os seus olhos lagrimejados. – O que houve? – Pergunta se sentando ao seu lado e passa a mão em seu cabelo.

-- Ela .... Ela .... – Levanta a mão, mas abaixa novamente, batendo na perna e suspirando. – Sei cuidar nem de mim. –

-- O que aconteceu? – Pergunto ao médico. – Sou o pai dele. – Informo antes mesmo dele perguntar.

-- Quando cheguei em casa, encontrei a pretinha desmaiada na cozinha, trouxe ela e... Porra, não sei cuidar nem de mim! – Atropela o médico e resmunga.

-- Não sabe o que, caralho? Fala direito essa porra e não estressa, Karlos. – Falo irritado por ele ficar enrolando.

-- Calma. – Bruna me encara brava por ter sido grosso e se vira novamente para o garoto ao seu lado. – Se calma, querido. Conta no seu tempo. – Diz me olhando de lado.

Com ele, ela fala calma e carinhosamente; eu que não fiz nada, é com pedras.

-- A Lara está grávida. – Diz baixinho, olhando para o chão.

Grávida?

Fico quieto, não sabendo o que dizer a ele. Nunca fui pai, não de sangue, pelo menos, mas é totalmente diferente quando se recebe essa notícia e de quando você pega esse papel para você.

-- Falem algo. – Pede quase chorando. – Eu não cuido nem de mim, quem dirá de uma criança. Como vou cuidar dos dois? Ela vai ficar chorona, chata e esfomeada; vou ficar acordado durante a madrugada. Sabe como o meu sono é sagrado? Como vou continuar lindo desse jeito? – Choraminga.

-- Ei, ei? Muita calma nessa hora. – Bruna se arruma e coça a garganta. – Você vai cuidar dela do mesmo jeito que você cuida desde o casamento e um pouco antes, só que com um pouco mais de carinho e atenção. Quando o bebê nascer, vai ser os dois cuidando. Vai sim acordar no meio da madrugada para pegar o bebê para ela, já que ela vai estar ainda sensível, vai ficar do lado dela e, quando o bebê dormir, se não fizer barulho, é rápido, volta a dormir e acorda somente quando seu corpo estiver descansado. Vai continuar lindo, gato e gostoso. – Diz.

-- É, tem razão, mãe. – Suspira.

-- E além do mais, você é o chefe. Não faz mal chegar uns minutos atrasado. – Sorria e beija sua cabeça. – E também o bebê terá o seu pai e, quando eu estiver lá, a mim também. – Reviro os olhos.

-- Quem pariu Mateus que balance. – Falo somente para irritá-la mais, o que funciona, já que me encara furiosa.

-- Se você não tem nada de positivo para dizer ao seu filho, fique quieto. – Manda irritada. – E é quem pariu maus tues que balance. – Me corrige.

-- Não é quem pariu Mateus que o embale? – Karlos pergunta confuso, o que me deixa também.

-- O que? Não! É quem pariu... Olha, esse não é o assunto inicial. – Bufa e se levanta. – Como ela está, doutor Li? – Pergunta ao homem à sua frente.

-- Enfermeira Bruna. Sorri e vira seu corpo todo para ela, focando somente na mesma. – A paciente está bem. Teve uma queda de pressão por falta de alimento. Mas fora isso está bem e ainda está inconsciente. Preferem contar a ela? – Confirmamos. – Ok. Já podem ir vê-la. Quarto 16. – Se despede e vai embora.

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