CAPÍTULO 56

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Assim que chego no quarto, paro uns minutos na porta e respiro fundo, mas quando penso em abrir, o garoto ao meu lado faz isso e entra de uma vez, me fazendo ficar irritado

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Assim que chego no quarto, paro uns minutos na porta e respiro fundo, mas quando penso em abrir, o garoto ao meu lado faz isso e entra de uma vez, me fazendo ficar irritado.

Por que ela ajudou ele mesmo?

Quando entro, vejo ele parado olhando para ela e ela olhando para o nada com os olhos vermelhos, me fazendo sentir um peso no coração. O que chama atenção dela é o gritinho que o neném em meus braços faz.

O canto de seus lábios, agora conseguindo ver melhor, estava cortado, um dos lados da sua maçã do rosto estava um pouco inchado e roxo, seu rosto estava um pouco vermelho do outro lado, mas nada mais que isso e leves arranhadas na mandíbula.

Seu corpo estava com muitos fios, sendo dois de cada lado do corpo, e ela parece um pouco lenta, grogue. Ela nos olhava esperando alguma reação nossa, olhando em nossos olhos, talvez procurando algo.

Me aproximo dela e me sento na poltrona que ali tinha ao lado de sua cama, coloco a criança sentada e estico uma de minhas mãos, passando em seu cabelo com cuidado, com medo disso a causar dor.

-- Oi, pequena. – Digo baixo, sentindo minha garganta arranhar com o bolo se formando em minha garganta.

-- Oi .... Delicia. – Diz, em um sussurro, suas piscadas são lentas, não sabendo se está acordando ou querendo dormir. – Água. – Pede a mim e me viro vendo que estava do outro lado e olho para o menino ainda de pé encarando Bruna.

-- Garoto? – Eu o chamo, vendo seu corpo se arrepiar de um jeito ruim, já que vejo em seus olhos. – Vinicius? – Eu o chamo novamente, e seus olhos piscam algumas vezes antes de me olhar. – Pega água para ela. – Peço e o mesmo confirma lentamente, indo até lá e pegando uma garrafinha, trazendo com suas mãos trêmulas.

-- Quem é esse rapaz? – Pergunta, tentando se sentar e vendo isso, ele ajuda ela e a mesma fica o encarando. – Quem é o rapaz vestido de mafioso mexicano? – Sorri de lado o encarando.

-- Esqueceu de mim? – Pergunta com seus olhos levemente arregalados. – Sou eu, o dono do morro. O cara mais bonito que você ajudou e que não deixou morrer. Eu somente cortei o cabelo, inclusive, não sou mais dono, sou um mini foragido do mundo do crime. – Fala tudo apressado e reviro os olhos.

– Eu sei quem é você. – Sorri para ele. – Esse seu disfarce... – Respira fundo e fecha um pouco os olhos, atende de o encarar. – Não esconde lá muito de você. Achava bonitinho aquele mini moicano. –

-- Vocês dois são um chato mesmo, é claro que eu estou diferente do que era. – Cruza os braços como uma criança emburrada.

-- Na sua cabeça? Sim. – Falo e ele resmunga.

-- Não pode.... – Me encara e olha para o menino no meu colo. – Colocar ele assim. – Fala.

-- Rá! Eu disse. – Se gaba sorrindo e pega a criança de mim. – Que pai desnaturado. – Revira os olhos, mas sorri para o neném em seu colo. – Não é mesmo, Angel? Não é mesmo? – A criança sorri.

Volto a encarar Bruna, vendo seu olhar distante e um pouco vazio olhando para o bebê presente.

-- Bruna ...—Ela me corta.

-- Eu perdi?—Pergunta e me olha, vendo seus olhos marejados. – Eu perdi? – Pergunta repetindo, agora começando a chorar, e Vinicius coloca a mão em cima das suas.

-- Não, pequena, não perdeu. Continua aí. – Seu suspiro de alívio é alto e seu sorriso é belo.

-- Achei que iria perder. – Suas lágrimas descem, mas as limpo e beijo sua mão. -- .... Descobriu pelos médicos? – Pergunta e nego. – Qual deles? – Funga revirando os olhos.

-- Bernardo. – Respondo.

-- Aquele cretino safado! Tem que ser ele. Bocudo. – O xinga, voltando seu ritmo de fala normalmente aos poucos. – Onde ele está? Os outros? Meu pai? – Suspiro. – Como está o Karlos? Lara?—

-- Tem que se acalmar, amor. – A encaro, pensando se falo sobre o irmão ou não. – Bernardo sofreu um acidente; ele foi baleado no pescoço quando fomos atrás de você na cabeça. –

-- O que? Como assim? Como ele está? Aquele idiota não presta atenção! Eu posso doar sangue para ele e... –

-- Bruna? Você tem que se acalmar, está grávida e é de risco. – Mesmo ao choro, confirma. – Ele está bem. Não teve nada grave, levou 13 pontos e somente quando acordar poderemos ver se não afetou a voz. – Informo e confirma. – Karlos ficou em coma, mas agora está respondendo melhor aos remédios. Lara quase perdeu o bebê, mas se encontra bem. --

-- Posso vê-los?—Pede e pergunta ao mesmo tempo.

-- Amor...— Tento, mas me corta.

-- Me deixa vê-los?—Ela nunca foi de pedir...

-- Você precisa ficar de repouso, Bruna. – Garoto diz, ao ver que fiquei quieto. – Além do mais, obrigado por mentir seu nome para o seu ex-futuro amante. – O encaro sério e ela, depois de um tempo, dá risada.

-- Vou te atacar pela janela, garoto. – Informo irritado.

-- Estou brincando, estou brincando. – Diz, mas vejo a piscadinha que dá na direção da minha mulher.

-- Você quer parar de se engraçar em cima da minha mulher? Seu fedelho que nem saiu das fraldas! Ela em idade de ser a sua irmã mais velha, pirralho do caralho. – Me encara.

-- Caramba! Calma aí, velhote. Desse jeito vai enfartar. – Zomba.

-- Para de mexer com ele, Vini. – Sorri de lado.

Me afasto daquele garoto e passo a mão no rosto. Não acredito que estou deixando um moleque de 23 anos me tirar do sério... Me deixar com insegurança. Inferno de menino!

-- Murilo, ele somete está brincando. – Fala passando a mão na barriga. – Ele não fala sério. – Suspiro. Umediço os lábios, passo a mão no rosto novamente e o encaro irritado, me tirando mais do sério o sorrisinho dele. – Sou sua, lembra? – Fala e a olho.

Minha....

-- Você ... – Eu me aproximo dela e me sento novamente. – Me desculpe... Me perdoa. Principalmente por quase me dizer aquilo, por explodir, jogar tudo em cima de você. Eu somente estava irritado e com raiva do Karlos; acabei descontando em você. Me desculpe por não ter ido atrás antes... Queria te dar espaço ... Na verdade, fiquei com receio de tomar um pé na bunda. – Acabo dando risada com o que disse.

-- Que broxa. Um cara de 50 anos com medinho disso. – Zomba o outro e suspiro o encarando. – Aí, desculpe, falei em voz alta. –

-- Broxa é quem te fez, e mal feito por sinal. 50 é seu rabo, tenho 40. – Me encarga como tédio.

-- Dez a menos. – Dá de ombro.

-- Vou fingir que não está aqui. – Falo o ignorando.

-- Os dois só vão ficar discutindo? – Pergunta e o Ângelo começa a chorar, solto um resmungar; deve ser de fome. – De ele aqui. – Pede e o garoto assim faz.

-- Sai. – Mando, sabendo o que ela iria fazer.

-- Para onde?—Pergunta, olhando para a criança.

-- Do quarto, porra!—Mando novamente.

-- Eu já vi várias vezes uma teta. Não sou virgem, cara. – Resmunga me encarando.

-- Tô nem aí! Não vai ficar olhando para os peitos da minha mulher. – Falo bravo.

-- Já disse que fico falando para zombar com a sua cara! Não tenho interesse nela, porra. – Diz irritado também.

-- Os cães já pararam de brigar? – Dessa vez ela estava irritada. Assim que a olho, vejo que estava amamentando o pequeno. – Vinicius? Para de ficar falando palavrão na minha frente, ou arranco sua língua. –

-- Sou de maior. – Justifica.

-- Também sou, quer ver? – O encara brava e o mesmo nega. – E você para de fogo em cima do menino. – Manda me olhando.

Passando a mão no cabelo branco da criança, seus olhos por uns instantes ficam distantes, mas logo voltam. Sei que ela está evitando falar sobre o que aconteceu, não quer conversar sobre.

Vou respeitar por enquanto. Ela precisa conversar sobre isso, pelo menos um pouco.

-- Qual o nome você colocou nele? – Me olha, mas volta a olhar para ele sorrindo de lado.

-- Ângelo Caleb. – Falo somente isso.

-- Martin Montenegro. — O outro completa e eu encaro.

Como ele...?

-- Seu.... – Me calo e olho para ela que estava de olhos arregalados. – Sei que não conversamos sobre isso, mas quando vi... Já tinha assinado assim. – Mordo a bochecha por dentro. – Você é um bocudo, filho da puta! – Sorri de lado. – Se quiser, posso desfazer quando você ... – Me corta.

-- Não. – Sorri e olha para o menino, beijando sua cabeça. – Tudo bem. – Me olha e não consigo evitar o sorriso.

-- Eu .... – Olhamos para o garoto quando coça a garganta e se levanta. – Eu já vou indo. – Morde os lábios e olha para os lados. – Estava esperando somente você acordar para ver se estava bem e... E como o velhote aí desmaiou, fiquei com o pequeno para o seu pai ir ver o seu irmão, então... Já vou indo. A gente se vê por aí. – Vai até a porta.

-- Charles?—O chama, fazendo o mesmo parar e se virar para ela confuso.

-- Não te contei meu nome todo. – Diz baixo.

-- João me contou uma vez, enquanto ficou comigo esperando o ônibus no ponto. – Os olhos do garoto marejam e ele vira a cara para não mostrar.

-- Depois... Eu volto. – A voz estava embargada.

-- Não, não volta que eu sei. – Fala suspirando, como se o conhecesse.

-- Até que ponto ele contou de mim para você? – Sorri, triste.

- Até um pouco a mais da parte que gosta de comer com Danone de morango com pedaços de morango assistindo Bob Esponja. – Ele dá risada virando de costas, mas ouço suas fungadas e seu corpo treme, com as mãos fechadas em punhos.

-- E-eu não tive tempo de me despedir ... – Chora silencioso. – Não tive tempo de o ajudar, Bruna! Somente vi o meu irmão, o pirralho que cuidei no chão morto, sozinho, gelado e aquele maldito com a arma apontando para ele e sorrindo. – Bruna me olha e aponta para o mesmo com o rosto, pedindo silenciosamente para trazê-lo até ela.

Me levanto da poltrona e vou até ele, tocando seu ombro, e quando o puxo de leve para se virar, tomo um susto com ele me abraçando e colocando a testa no meu ombro.

-- Eu jurei! Jurei para ele que não iria deixá-lo ser ferido mais... Não depois da merda do nosso pai tentar matá-lo! Aquele merda! Ele é o culpado. Por culpa dele, fugi de casa com o meu irmão caçula para as ruas. Entrei naquela vida para o manter vivo e olha para onde isso levou! Eu o odeio tanto, odeio tanto, tanto, atando aquele desgraçado! – Não continha mais o choro, sentia minha blusa molhar e seus soluços estavam altos.

Levo ele para perto da minha Bruna e a mesma tomando cuidado com o Ângelo, esse que eu pego e a mesma cobre o seio de volta, se vira para o rapaz que ainda chora ao seu lado e o faz deitar, mas vejo quando faz uma expressão de dor quando ele acaba tocando sua região da costela.

Vou para o tirar, mas ela nega e sorri de lado, abraçando-o, deixando-o chorar em seu ombro, liberando a dor da perda do irmão.

-- Foi minha culpa... Eu deixei ele sozinho... Eu! – Feche os olhos com força.

-- Não é culpa sua, não é culpa dele, não coloque isso na sua cabeça. Vocês dois foram, infelizmente, para aquela vida; você fez isso por ele, ele fez aquilo por você, os dois estavam juntos, fazendo um pelo outro, e tenho a certeza de que ele não se arrepende de nada. – Passa a mão em seu rosto, fazendo um pequeno carinho na sua mandíbula. – Sabe uma coisa que ele me disse uma vez? – Nega fungando. – Que ele tinha orgulho do que o irmão dele virou, um homem totalmente diferente daquele que os colocou no mundo. Que amava você mais que tudo nessa vida e faria de tudo por ti. – Olha, vendo que seus olhos estavam nela.

Abraçando-a, fecha os olhos com força e ela mesma beija sua cabeça, fechando os olhos por alguns segundos e sabendo que estava com dor. O menino no meu ombro, arrota baixinho e o olho, vendo fechar os olhos aos poucos.

-- Estamos aqui para você, Charles. Sempre. – Fala como uma promessa.

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