CAPÍTULO 37

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Acordo ouvindo algo caindo no chão, me sento assustada e resmungo de dor tanto no meio das minhas pernas quanto no seio

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Acordo ouvindo algo caindo no chão, me sento assustada e resmungo de dor tanto no meio das minhas pernas quanto no seio. Estava parecendo a porra de uma pedra.

A minha frente estava o Murilo... Todo gostoso, delícia. De preto, um sinto em sua cintura que estava com uma pistola, um colete da mesma roupa e um distintivo no pescoço.

-- Eu disse que queria te ver, todo coronel, mas não precisava se vestir. – Sorrio de lado e ele se vira para mim.

-- Desculpe, te acordei. – Se aproxima e beija minha cabeça e me dá um selinho.

-- Tudo bem. Onde vai? – Pergunto.

-- Iria te contar ontem, mas ... – Dá de ombro. -- .... Voltei para a delegacia. – Comenta baixo.

Fico o encarando por um tempo; sem falar nada, me levanto e vou para o banheiro. Escovo os meus dentes e molho meu rosto, secando em seguida.

-- Está brava? – Para na porta.

-- Por que estaria?—Pergunto ainda não o olhando.

-- Você já tinha me falado sobre isso, para eu ir com calma, mas é que eu não gosto de ficar parado e também...— O corto.

-- Tudo bem. – Dou de ombro. – Já sabia que você, uma hora ou outra, iria voltar. Somente vai com calma. – Dou um tapa de leve nele, em seu peitoral, e passo pelo mesmo.

Vou no closet e pego uma roupa minha que tenho aqui e me visto, prendendo o cabelo de mal jeito, mas que ficasse lindo.

-- Vai aonde? – Pergunta atrás de mim.

-- Para casa. – Falo indo até a cama, mas ela estava arrumada já.

-- Por que?—Segura minha cintura.

-- Murilo, faz dias que não vejo o meu pai direito. – Rio. – Fora que eu vou pegar currículo e entregar por alguns hospitais. De novo. – Reviro os olhos.

-- Para quê? Não precisa. – Diz e o encaro. – Está precisando de algo? –

-- Não. Mas também não vou ficar parada. – Falo e o mesmo revira os olhos.

Somente resmunga e me solta, faço o mesmo e saio do quarto fazendo pequenas careta ao sentir dor.

-- Está com dor, docinho? – Pergunta zombando, vindo atrás de mim.

-- Te taco dessa escada. – Falo e vou para a cozinha, encontrando ela vazia, mas com o café na mesa. – Cade de o tio? – Me sento.

-- Vizinha. – É o que somente diz.

-- Safado. – Damos risada.

(.....)

Assim que ele para o carro na frente de casa, me viro para o mesmo e o beijo, sentindo sua mão descendo até a minha bunda e dando um pequeno tapa.

-- Venho te buscar ao anoitecer. – Sorrio de lado.

-- Você esqueceu? – Pergunto arqueando a sobrancelha.

-- O que? – Olha para trás de mim e sei que é o Bernardo, já que estava no horário dele sair para trabalhar.

-- Hoje é sexta. – Dou risada quando faz careta. – Então passe na sua casa, tome um banho e venha. – Lhe dou um selinho e mordo seu lábio saindo do carro antes que fale mais algo.

-- Lembrou que tem casa? – O pateta pergunta assim que me aproximo dele.

-- Infelizmente lembrei quem mora nela. – Reviro os olhos e vou entrando, mas ele segura meu braço. – Não estou afim de briga não, Bernardo. – Suspiro e de canto vejo o Murilo ainda ali.

-- Eu já pedi desculpa, droga! Isso foi há quatro meses atrás. – Suspira e solta meu braço. – Eu não pensei antes de falar, só falei e vi que vacilei. Me desculpe. – O encaro.

-- Tá. – Dou de ombro.

-- Foi o ‘’ tá’’ mais falso que você já deu. – Resmunga.

-- Quer que eu fale o que? Tida vez é a mesma coisa, toda merda de vez. Quando eu desculpo você por falar alguma merda ou fazer, começa tudo de novo. – Falo irritada. – Sabe... Eu queria de verdade, queria muito saber o que leva você a fazer isso. É só comigo isso! Sempre faz coisas para me fazer sentir mal, sempre fala coisas para me fazer chorar ou algo do tipo. – Fica quieto e olhar baixo. – O que fiz para você ficar fazendo isso? Eu realmente quero entender. – Sorrio de lado já sentindo meus olhos lagrimejarem.

-- ...... Você se parece tanto com ele. – Diz baixo ainda não me olhando. – Por que teve que fazer aquilo? – Pergunta para si.

-- O que? – Fico confusa e parece que retorna de Nárnia.

-- Nada. – Fala com arrogância. – Esquece. – Dá as costas e vai para seu carro.

Respiro fundo e entro de vez para casa, vendo meu pai sentado no sofá assistindo novela mexicana, a do SBT no YouTube. Quando me nota, se vira para mim e revira os olhos, voltando a sua atenção na TV.

-- O que você quer? – Sorrio de lado me aproximando.

-- Sua filinha estava com saudades. – Faço bico e me sento ao seu lado, dando risada quando ele se afasta, sentando do outro lado. – Poxa! –

-- Não tenho filha. Tenho uma ingrata na minha casa, que começou a se envolver com um brutamonte e não teve vergonha na cara de o trazer aqui. – Resmunga.

-- Não fala assim de mim, eu fico chateada. E falando sobre isso, ele vem hoje, assim que sair do trabalho. – Ele me olha e arqueia a sobrancelha. – Juro de dedinho. – Faço o sinal.

-- O que você fez para o convencer? – Pergunta.

-- Falei que você marcou para vir na sexta. – Do de ombro.

-- Você é uma safada mentirosa. – Rio. – Mas tudo bem. – Ele se levanta e vai na direção da cozinha.

-- Estou perdoada?—Pergunto, indo atrás.

-- Tá. – Bato palma. – Agora saia da minha cozinha, irei ver o que vou fazer. – Confirmo saindo.

Subo para o meu quarto e vou direto para o banheiro, querendo tirar o suor do corpo e sair para entregar currículo.

(.....)

AAAAAH

Estou trabalhando! Consegui um emprego novoooo...

É longe de casa? Um bocado. Mas também irá valer a pena. Ele fica um pouco perto de um morro, o que vai passar todos os dias na frente, já que o ponto de ônibus é bem ali.

Não ligo muito para isso, já que sei que não podem roubar em favela. Bom, o complicado vai ser se o bandido for os próprios caras de lá. Aí vou estar lascada.

Mas o importante é que o salário é bom e o horário melhor ainda. Irei entrar às 7 horas e sairei entre 17 e 18 horas. O que para mim é ótimo.

Voltando para casa, fui direto para o meu quarto tomar um banho, mas não antes de contar para o meu pai a novidade. Já era umas 16 horas, os meninos ainda estão trabalhando, mas a mulher do Breno, Milena, já estava vindo com o meu sobrinho Nathan.

Essa pestinha gostosa da tia. Amo ele de mais, nos feriados e férias dele, o mesmo fica comigo. O bom é que o Ben terá mais um também; não terei somente ele como sobrinho.

Ao sair do meu quarto já arrumada e cheirosa, ouço passos correndo pela sala e escuto a voz da Milena repreendendo o pequeno.

-- Já está fazendo bagunça, menino? – Falo terminando de descer as escadas.

-- Titiaaa...—Corre até mim e abraça minhas pernas quando termino de descer.

Me abaixo na altura dele e o pego no colo, beijando o seu rosto todinho, ouvindo a sua risada gostosa.

-- Aí, que menino gostoso da tia. O branquelo fofo da tia. – O aperto e fundo em seu pescoço.

-- Pala titia. – Dá risada e tenta me afastar. – Oia, eu pintei o meu cabelo, o papai deixou. – Vira a cabeça para o lado, me mostrando algumas deixas. – Do loiro seu se cabelo.

-- Caramba, meu irmão. Ficou maneiro. – Falo e o mesmo olha para minha boca confuso.

-- Mineiro? – Rio e o beijo.

-- É maneiro. Significa algo legal. – Eu coloco no chão.

-- Mamãe? O meu cabelo é mineiro... Naum, maneiro. – Aponta para o próprio cabelo e me repreende com o olhar. Do de ombro.

Meu irmão detesta que ensine gírias para o pequeno, já que ele fica falando na escola e ensina outras crianças. Breno já foi na escola por conta disso; o diretor disse que meu sobrinho virou para a professora que pegou o brinquedo dele e o repreendeu, e o mesmo disse: ‘’Está me tirando, mano?‘’.

Confesso que ri muito quando fiquei sabendo disso, mas para o meu irmão? Fiquei ouvindo um monte. Quase que eu fiquei de castigo, e olha que tenho 30 anos.

Sinto o cheirinho da comida vindo da cozinha, mas desisto de ir até lá quando me lembro que papai odeia que entrem na cozinha com ele por lá.

Me sento no chão e vou brincando com o Nat, enquanto converso com a minha cunhada.

(....)

Todos os meus irmãos já estavam aqui, meu pai ainda na cozinha. Daqui a pouco o Murilo já estava aqui, já que mandou mensagem dizendo que chegou em casa e iria somente tomar um banho.

-- Bruna? – Somente resmungo para o mesmo continuar. – Pegue para mim o kit de jogo americano, por favor. – Faço bico e me levanto. – Traz dois. – Confirmo.

Subo novamente e solto um suspiro; subir e descer dá trabalho. E quando chego no andar, olho para a última porta no corredor e vou até ela. Aqui é o lugar que meu pai coloca de tudo, mas para mim parece um antigo quarto.

Quando era mais nova, não me deixavam entrar e vivia trancada, mas de acordo com o que ia crescendo, perdia o interesse de adentrar, até que meu pai se transformou em uma espécie de guarda ‘’tralha’’.

Ao entrar, vou até as caixas que ficam no canto como outras e procuro pelo jogo americano. Abri umas três caixas antes de encontrar e peguei os dois, me virando, mas as porras das caixas caíram.

-- Que merda! – Deixo o kit de lado e me abaixo pegando. – Não podia somente cair a caixa? Deixando as coisas de dentro caírem também. – Bufo.

Assim que coloco tudo que caiu dentro, vou para colocar de volta no lugar, mas a caixa de baixo me chama atenção e abro, vendo um quadro de foto ali. Pegando na mão, franzo a testa ao ver que era um menino com aproximadamente 14 anos e ... Eu? Que parecia ter uns 4 anos de idade.

Estava olhando para aquele menino de cabelo cumprido; estava sorrindo e o abraçando, vendo o mesmo sorrindo e me apertando em seus braços. Olho para a caixa, vendo mais coisas ali.

Um urso azul um pouco sujo e de tampa olho, sinto uma pequena dor de cabeça, mas ignoro e continuo vasculhando. Encontrando um RG do mesmo menino da foto. Tales Miller Martins, 14 anos pela data que estava li e hoje ele deve ter uns 40 anos.

Encontro outro RG e resmungo quando vejo que é o meu, sorrindo de lado, mas desfaço quando vejo o nome. Bruna Miller Martin. O que? O que é isso?

É o meu irmão que morreu antes de eu nascer? Mas as contas não fazem sentido. Na foto eu tinha entre 4 anos de idade. Mas eu não me lembro de nada dele.

Mãe, Carolina Miller. Deixo isso de lado e procuro mais, vendo um colar pequeno com uma pedrinha azulada; era florido e dourado. Sinto a dor de cabeça aumentar, me fazendo fechar os olhos com uma certa força.

O menino é negro, cabelo longo até o ombro e cacheado, sorriso grande e brilhante, olhos escuros e ... Ele me lembrava alguém. Mas não estava muito claro essa imagem dele.

Ouço a campainha tocar, me fazendo sair do transe que estava, e guardo tudo novamente no lugar e respiro fundo. Deixo tudo no lugar, pego o kit e saio do lugar, ainda sentindo um incômodo na cabeça e com aqueles pensamentos do menino.

O que são isso? Como assim? Meu nome? Sempre foi somente Martin. Por que tinha o tal Miller?

🌟....

💬 38

Murilo conhecendo o sogrinho...

Revelações chegando...

Trabalho novo próximo do morro...

Muitas coisas irão acontecer ainda.

Segunda chance Onde histórias criam vida. Descubra agora