62 Destino pt 2

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VOCES ESTAO AI? FIQUEM AI VAI DAR TUDO CERTO!
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Sentiu como se uma tranquilidade acolhedora lhe envolvesse e afastasse qualquer dor e desespero que a estava consumindo. Apenas uma sensação de paz permanecia lhe abraçando, um abraço quente e um desejo de ‘boa noite’ da pessoa amada antes do mergulho num sono sereno e até mesmo eterno.

Rosamaria se sentiu tentada a mergulhar naquela quietude, onde se sentiria segura, longe de todo o tormento que estava dilacerando a sua alma. O cansaço que a acometeu parecia cada vez mais distante e cada vez mais aquela serenidade lhe seduzia. Porém, algo em sua mente lhe impedia. Uma voz bem baixa, quase como um sussurro que chegava a sua consciência com uma brisa leve, quase imperceptível.

Olhou ao redor e se viu deitada sobre uma superfície dura, mas que parecia não lhe incomodar. Reconheceu aquele lugar de uma memória antiga e logo percebeu que havia estado ali há poucos instantes, só que agora não era mais noite nem tão pouco era dia. Parecia um meio termo entre ambos os períodos, se é que isso existe. Achou peculiar as cores que tingiam o céu e encantada com elas ergueu-se ficando sentada, com as pernas cruzadas.

Estava sozinha!

Não havia mais ninguém ao seu redor. Os gritos haviam cessado, na verdade um silêncio ensurdecedor chegava a quase lhe incomodar, pois lhe permitia ouvir seus pensamentos. Contudo, esses pareciam estar cada vez mais distantes como se a medida em que ela permanecesse ali eles fossem sendo esquecidos, relegados a esse vazio, pois poderiam não ter tanta importância assim.

“Onde estou?” Questionou para si mesma e percebeu que a resposta que tinha há alguns instantes, já se perdera. Sentiu uma pressão sobre sua barriga e ao olhar para lá, percebeu que suas mãos a apertavam. Mas ela não conseguia lembrar exatamente o motivo. O lindo vestido que usava estava impecavelmente limpo e sem trazer vestígio algum do terror que viveu e que parecia ainda mais distante. Levantou-se como se seu corpo pesasse nada. Sentiu um vento fresco sacudindo suas mechas e um calor suave beijou-lhe a face.

“Será que estou morta?” Resquícios de sua racionalidade ainda perambulavam em sua mente cada vez mais vazia e chegou a pensar que o que estava experimentando nada tinha a ver com os inúmeros relatos que já viu sobre EQM[1]. “Mas quem garante que é isso mesmo que está acontecendo Rosamaria?” Questionou-se e riu de si mesma.

De repente um movimento atraiu sua atenção e girou sua cabeça, teve sua visão brevemente ofuscada pela luz que incidia do que parecia ser o seu. Algo parecia estar voando com aquela brisa. Seria um lençol? Não, era grosso demais e os movimentos não eram suaves como deveria ser um tecido fino e delicado. Afastou-se alguns passos para que aquele pedaço de plástico caísse ao chão ainda um pouco dobrado, escondendo parte das inscrições que ele trazia. A cor lilás lhe chamou a atenção e aguçou sua curiosidade. Posicionou-se de frente para aquele retangular tecido plástico e parte de um desenho lhe soou familiar.

Foi então que uma nova brisa se aproximou e trazida com ela veio um sussurro suplicante.

“Rosamaria... Meu amor... Não me deixe...” E a parte dobrada revelou todo o conteúdo do cartaz que trazia a capa de um livro estampada logo acima de seu nome.

“Ordem de Beauvoir ...” Leu em sua mente e foi atingida por uma série de imagens que caiam como uma enxurrada diante de seus olhos, como uma retrospectiva de sua vida, levando-a até aquele momento. Aquele lugar repleto de vazio, só que algo havia mudado.

Abriu seus olhos e percebeu que estava de pé, ao lado de uma pequena multidão que atônita assistia a uma triste cena. Vários daqueles rostos lhe eram familiares.

ALÉM DESSA VIDAOnde histórias criam vida. Descubra agora