76 A Iniciação pt 2

32 4 0
                                    

CONTEMPLEM O AMOR

BOA LEITURA

*****

“Meu eterno amor!”

Essa frase ecoava no fundo da mente de Rosamaria e descarregava uma energia poderosa em todo o seu ser que estremecia e frio em sua espinhas contrastava com o calor acolhedor do sentimento sincero que lhe foi – mais uma vez e de forma definitiva – ofertado.

A felicidade poderia ser redefinida a partir da imagem daquelas duas mulheres que estavam se entregando a um sentimento ancestral, algo tão grandioso que transbordava delas e contagiava a todas as presentes. As promessas silenciosas que eram trocadas naquele olhar deixava claro que estavam diante de um amor grandioso.

Caroline não era capaz de explicar nem tão pouco estava se importando com o fato de que não conseguia resistir a Rosamaria. O fato era que nunca conseguiu e que havia sido “derrotada” por ela assim que a viu pela primeira vez. E sempre que estava diante dela sentia uma vontade avassaladora de se entregar a ela. Mas uma entrega que ia muito além do seu corpo e se aproximava de uma devoção, que lhe fazia descer de seu altíssimo pedestal e se submeter a uma outra pessoa. Algo que só experimentou uma única vez e que estava lhe sendo possível mais uma vez. Estava recebendo uma segunda chance só que agora ela tinha a convicção de algo era diferente. Ela não era a mesma mulher que a mais de 300 anos havia se entregado à Marie. Tudo o que lhe aconteceu após a morte de sua amada e todas as experiências que sua longuíssima existência lhe proporcionou, a transformaram. Fizeram com que erguesse altas e resistentes muralhas, que foram facilmente vencidas por Rosamaria.

Ela que compartilhava a alma de sua amada, mas que era uma pessoa completamente diferente. Alguém que desafiou todas as certezas de Caroline que a instigou, provocou de todas as maneiras e desestabilizou suas estruturas, colocando seu mundo de ponta a cabeça e lhe proporcionando uma felicidade que julgava não mais merecer.

- Sim meu amor... Você merece ser feliz! – Rosamaria disse como se houvesse lido no olhar dela o que estava pensando. – Nós merecemos. – Sorriu lindamente enquanto segurava as mãos de Caroline e gentilmente exigiu que ela se levantasse. Só então contemplou toda a figura dela e precisou esforçar-se para não deixar ainda mais evidente a deleite que teve. Tal reação não passou desapercebida por Caroline que sorriu de forma provocativa. Havia escolhido aquele vestido a dedo, após vestir inúmeros e esgotar toda a paciência de Priscila. Queria o certo que causaria exatamente aquela reação em sua amada. E o olhar embasbacado dela lhe dizia que havia sido vitoriosa em sua empreitada. Porém, em contrapartida, também foi duramente atingida pelo visual espetacular da morena. O vestido que se apaixonara assim que o viu ficou perfeito nela e conseguia traduzir todos os traços marcantes da personalidade altiva de Rosamaria.

Quando ouviram um pigarro discreto de Sheila, perceberam que estavam gastando tempo demais naquela contemplação mútuo e que tinham um ritual para realizar.

Caroline empertigou-se, reassumindo a sua postura solene e ofereceu o braço para que Rosamaria o pegasse, mas não antes de segurar a mão de Manu e beijá-la na testa, fazendo com que mais uma lágrima caísse do rostinho dela.

Rosamaria não tinha certeza de como se portar naquela cerimônia então decidiu se deixar levar. Segurou levemente o antebraço de sua amada que lhe lançou um olhar confiante e a guiou para o centro do labirinto, bem no topo do pequeno púlpito de pedra que estava coberto por um musgo verde e indicava que estava ali há muito mais tempo que a própria Fundação. Rosamaria cogitou que aquelas ruinas remontavam ao tempo das Fundadoras e sentiu-se ainda mais orgulhosa e tocada por todos os significados implícitos naquele lugar e naquele ritual.

Todas se posicionaram ao redor daquela pedra, preenchendo os lugares entre as ruinas fechando um circulo perfeito. Rosamaria olhou ao redor e então sentiu Caroline soltar sua mão e posicionar-se diante dela. Como num balé milimetricamente ensaiado, cada uma das irmãs da Ordem realizou a saudação característica, reconhecendo quem era aquela mulher diante delas.

ALÉM DESSA VIDAOnde histórias criam vida. Descubra agora