67 O Livro das Sombras pt 1

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As coisas se encaixando, vocês estão aí comigo?

Boa LEITURA

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Desvencilhou-se cuidadosamente do aperta abraço daquela pequena criatura e afastou-se com cuidado para que a Manu não despertasse de seu pesado sono. Havia se deitado junto a ela, pois fora vencida pelo cansaço e pelo desconforto que o seu ferimento ainda em recuperação lhe causou. Passou muito tempo de pé e o esforçou cobrou seu preço.

Mas os pensamentos turbulentos tumultuaram seu sono e, poucas horas após ter se deitado, estava cedendo a sua ansiedade de ler o máximo de informações que pudesse e que lhe foram entregue. Sem mais resistir, circulou a cama e foi até a mesinha onde estava o primeiro dos dezoito volumes acerca da vida de Eva.

Acariciou a capa do grande e pesado volume e o contemplou por alguns instantes. Estava verdadeiramente temerosa do que encontraria naquelas páginas. Acreditava conhecer Caroline, mas acabara de reconhecer que não fazia realmente ideia de quem ela era, pois havia sido enganada. E surpreendeu-se consigo por não estar sendo consumida por algum tipo corrosivo de raiva e sentindo-se magoada por ter sido mantida no escuro quanto aquela informação. E chegou a conclusão de que não do que ter raiva e de nada adiantaria esbravejar contra aquelas que “mentiram” para ela.

Aprendeu a confiar no discernimento de Sheila e, acima de tudo confiava em Caroline e se aquela verdade foi mantida em segredo dela, havia um bom motivo e, aos poucos, foi se conformando que ela era o motivo de sua própria ignorância. Exercitou a empatia e colocou-se no lugar de cada uma delas, especialmente de sua amada e pensou na hercúlea tarefa de explicar-lhe que a mulher que tanto amava, na verdade era uma criatura com mais de trezentos anos, ou seja uma imortal. Riu daquele pensamento e de imaginar qual teria sido a sua reação há uns meses atrás. Provavelmente iria explodir a achar que estavam brincando com a mente dela.

- Eu precisava estar preparada não é? – Disse baixinho, como se conversasse com a autora daquelas memórias que tinha em mãos. Testemunhou mais uma vez a sabedoria das mulheres da Ordem, inclusive da própria Caroline.

Voltou sua atenção para aquele livro novamente e mais uma relutou em iniciar aquela leitura. Sabia que deveria fazê-lo. Que não havia mais volta, mas ao mesmo tempo temia o que o conteúdo daquelas memórias poderia representar para ela.

E não estava enganada.

Sentiu uma leve pontada no local de seu ferimento, e achou por bem tomar um analgésico para amenizar aquela desconfortável dor. Na verdade estava protelando ao máximo para da inicio aquela leitura, por estar ansiando e temendo o que leria ali. Se as narrativas da Marie já havia lhe tocado profundamente, não conseguia dimensionar o que iria sentir e tinha a certeza que não sairia ilesa aquele conhecimento.

- Vamos lá! – Suspirou profundamente e sentou-se na mesa sob um abajur que lançava o feixe amarelado e que combinava com a tonalidade das folhas do papel daquele livro. Especialmente aquela que trazia a caligrafia de Eva. Balançou a cabeça e ajustou os óculos no rosto, novamente confusa em ter que lidar com as identidades de... – Caroline. – Riu sem vontade e reverenciou o verdadeiro nome de sua amada. – Eva Shermont!

Sem mais demoras, procurou uma posição o mais confortável possível e deu início aquela que seria a maior jornada que ela se quer poderia imaginar.

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MEMÓRIAS DA EVA

Manhattan, 20 de janeiro de 1674

Vazio! Escuridão! E a mais profunda dor.

Essa tem sido a sina de minha existência desde que o sentido de minha existência foi tirado de mim e desde que a vida como a conheci, se esvaiu junto com meu sangue e algo me foi dado em seu lugar.

ALÉM DESSA VIDAOnde histórias criam vida. Descubra agora