“Manu!” O grito de Sheila se repetiu e alertou todas as mulheres presentes e atraiu a atenção por onde ela passava com a menina em seus braços. Essa oscilava entre a consciência e o delírio, e não durou nem cinco minutos para que Caroline apontasse no topo da escadaria completamente atenta, como se algo houvesse chamado a sua atenção. Foi a vez dela gritar o nome da criança e praticamente saltar os degraus até alcançar Sheila e tomar a menina nos braços.- O que aconteceu S? – O desespero era visto em sua face e a angústia era partilhada por todas.
- Carol... Está doendo... – Manu gemia e falava sem muita coordenação enquanto Caroline a abraçava com força, buscando trazer a consciência da pequena de volta.
- Manu?! – Foi a vez de Priscila literalmente correr até elas com o olhar atônito, inquerir as mulheres diante dela.
- Eu não sei ao certo... Estávamos na copa, tomando café da manhã... – S balbuciava sem segurança, denotando que estava consternada e confusa.
- Ele é... Ele... – Manu voltou a gem*r.
- Ele quem? – Caroline desesperou-se ainda mais, já antevendo, de alguma forma o que seria dito.
- Lamartine! – Sheila suspirou apreensiva e encarou suas irmãs demonstrando o seu temor. Ainda estava aturdida pelo que acabara de acontecer.
- O que ele fez Sheila? – Caroline berrou.
- Ele... É mau! – A criança disse por fim e mergulhou na inconsciência, apavorando as mulheres. Sem mais esperar, Caroline correu em direção ao subterrâneo da Fundação e foi seguida por S e Priscila. O clima abafado e denso daqueles túneis ficou ainda mais pesado com o desespero exalado por aquelas mulheres.
Sem cerimônias ou reservas, Caroline adentrou no recinto ocupado pelos aposentos e laboratório da Sacerdotisa assustando as ocupantes dele.
- Caroline? – Rosamaria exasperou-se. – Manu!! – O desespero agora era compartilhado por ela também.
- Coloque-a na mesa. – A velha senhora, que estava preparando Rosamaria para dar inicio aos ritos de Purificação deu as ordens.
- O que aconteceu com ela Carol? – Rosamaria tocou o ombro de sua amada e teve sua mão apertada pela mulher.
- Tem alguma coisa a ver com o Lamartine. – Disse sem tirar o olhos da menina e assim que aquele nome foi pronunciando, a senhora ergueu os olhos e encarou sua Mestra visivelmente apreensiva.
- Preciso saber exatamente o que aconteceu para deixar essa menina dessa maneira. – A Sacerdotisa exigiu respostas enquanto baixava sua cabeça até encosta-la no peito da criança.
- Ela simplesmente o viu na TV. Em uma entrevista onde ele inaugurava uma exposição em Paris. – Sheila respondeu.
- Como assim? – Priscila questionou atordoada. – S, você está dizendo que o Lamartine causou isso em Manu através da TV? De tão longe? – Disse incrédula. A ruiva trocou um significativo olhar com Caroline que fechou os olhos, ergueu um pouco a cabeça e soltou o ar em seguida.
- Eu diria que foi o contrário! – Sheila sussurrou, fazendo com que todas as mulheres ali presentes olhassem para ela incrédulas e depois focassem na menina desacordada sobre a pedra.
- Mas isso não é possível... – A incredulidade foi verbalizada por Priscila.
- Ou é? – Rosamaria complementou a dúvida que pairava no ar.
- Se é possível ou não ainda não sabemos. – A velha mulher falou solenemente. – Mas o fato é que não sabemos absolutamente nada sobre essa menina. Não existem registros de bruxas ou bruxos interferindo tão longe assim. – Ficou pensativa e sumiu por trás de suas prateleiras enquanto permanecia falando. – Mas até onde sabemos, a cada dia essa criança nos surpreende. – Retornou quase correndo e abriu um frasco pequeno próximo ao nariz dela, levando-a despertar logo em seguida, buscando ar, como se tivesse se afogando. – Mas a questão é que seja lá do que ela é capaz... Tem um preço muito alto para ela.
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ALÉM DESSA VIDA
Ficción históricaExiste um inimigo velado. Castigada pelo passado, Caroline e Rosamaria se deparam com o amor Além Dessa Vida. "Não se aproxime ... é escuro aqui dentro." Uma das habilidades mais incríveis que o Tempo possui, é a capacidade de absolver ou amaldiçoa...