- Essa Eva é realmente bastante presunçosa, não é mesmo? – Rosamaria fechou a transcrição momentaneamente enquanto encarava Caroline, que possuía uma expressão de surpresa e ao mesmo tempo parecia estar ofendida.
- Por que você diz isso?
- Primeiro veja tudo o que ela fez a mãe passar! A propósito, eu já disse o quanto a Manu é fascinante?
- Pelo menos umas três vezes desde que começou a ler! – Caroline cruzou os braços e as pernas e se recostou na espreguiçadeira logo a frente da de Rosamaria. Ambas estavam na varanda privativa de seu bangalô e há horas a morena estava debruçada sobre a leitura da transcrição do diário de Marie Verger. Tendo, por vezes, lido trechos em voz alta, levando Caroline a experimentar novas e ainda mais surreais sensações sobre aquelas memórias.
- Eu tenho essa sensação estranha de que se eu a conhecesse, a adoraria. Sabe como é? A Emanuelle Shermont vai muito além do que eu poderia imaginar e do que conseguir pesquisar sobre. – Rosamaria explanava e gesticulava vividamente com as mãos e parecia suspirar sempre que se referia a Manu. – Definitivamente deve ter sido uma experiência única ter convivido com ela e fica fácil para mim compreender o que a Marie sentia por ela. – Recostou-se com o livro contra o peito. – Já essa Eva... – Caroline empertigou-se em sua cadeira e mordeu o lábio inferior com os olhos arregalados. – Confesso que não sei o que a Marie viu nela.
- Mas Rosa... Você leu por tudo o que a Eva passou! – Soava estranho para ela referir-se a si mesma na terceira pessoa. Nunca havia feito aquilo em toda a sua existência. – Suas perdas, e as pressões que foram impostas a ela... – Tentava defender a si mesma, contudo não podia negar que, naquela época, ela era uma pessoa ainda mais difícil que atualmente e que o egoísmo era parte marcante de sua personalidade. – Bom, peço que tenha um pouco de paciência com a Eva. Assim como a Marie teve, e continue com a sua leitura. – Rosa a olhou com uma das sobrancelhas erguidas e fez um pequeno biquinho. Sua clássica expressão quando parecia duvidar de algo. Mas a leitura estava sendo tão fascinante que não seria esforço algum seguir o conselho de sua amada.
- Mas Carol, tem certeza que quer que eu continue lendo aqui e agora? – Abriu os braços e indicou a idílico hotel em que estavam. – Pensei que esse final de semana seria para ficarmos juntas.
- Rosa... – Levantou-se e sentou ao lado dela, aproveitando o espaço largo e confortável da espreguiçadeira dela. – Eu falei para você que tenho coisas importantíssimas e delicadas para lhe contar acerca da Ordem e da minha história. – Rosamaria concordou com um aceno de cabeça. - E que tudo isso também se faz necessário para que possa vir a fazer parte da Ordem. – Os olhos de Rosa brilharam com aquela informação. Desde que aquela possibilidade se fez real, ela mal conseguia se conter de tanta excitação.
Aninhou-se entre as longas pernas de Caroline, recostando-se sobre o abdômen dela, permitindo que aquela posição possibilita-se que ambas lessem juntas. A loira presumiu que, com a velocidade que Rosamaria devorava o livro, ela concluiria a leitura até o final do domingo e isso lhe daria tempo de lhe contar tudo o que precisava naquele momento.
- Muito bem. – Voltou a abrir o livro.
- Onde você parou? – A loura a questionou.
- A Marie havia acabado de chegar à mansão da Manu, após sair do hospital. – Ela buscava aquela página exata.
- Rosa, você sabia que já esteve na mansão Shermont? – Caroline disse e olhou para baixo, buscando os olhos dela que também buscaram os seus.
- Você quer dizer... – Ela nem concluiu a frase, pois Caroline anuiu com a cabeça enquanto sorria docemente.
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ALÉM DESSA VIDA
Historical FictionExiste um inimigo velado. Castigada pelo passado, Caroline e Rosamaria se deparam com o amor Além Dessa Vida. "Não se aproxime ... é escuro aqui dentro." Uma das habilidades mais incríveis que o Tempo possui, é a capacidade de absolver ou amaldiçoa...