81 O Fim pt 2

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Caroline não precisou pedir para a menina repetir ou se quer pedir uma explicação para aquela afirmação lacônica e enigmática da menina. Ela sabia exatamente ao que a pequena estava se referindo e essa certeza a atingiu como um mau presságio que chega de supetão e arrepia cada pelo de seu corpo. Então, ela partilhou da mesma turbulência que chacoalhou Manu.

Para as outras a confusão inicial que partilharam com a fala da criança foi dissipada quando viram a reação de sua Mestra. Cada uma a seu modo interpretou e mediu o que aquilo poderia significar. E, de uma maneira em comum, todas partilharam de um misto de medo e uma certa pitada de empolgação.

Sabiam que o embate que estava prestes a acontecer era aquele pelo qual não só elas mais ansiavam, mas todas as outras que vieram antes delas. Era a luta para a qual estavam se preparando. O momento para o qual viveram anos de suas vidas sob uma dedicação entregue. Aquele que mais desejavam e chegaram a duvidar que o vivenciariam.

Silenciosamente se questionaram se estariam prontas para ele, se eram dignas de travar aquela luta e de representar as irmãs que deram suas vidas para que aquela guerra pudesse ter o seu fim. O seu clímax... O grande desfecho que parecia inatingível, intangível assim como a impressionante vida de sua Mestra e daquele que representava tudo contra o que lutavam.

- Ele não ousaria... – Sheila foi quem encontrou sua voz primeiro que as demais.

- Ele perdeu o juízo? Vir até aqui vulnerável? – Priscila ponderou com olhar focado.

- Ele veio por minha causa! – A fraca voz de Celeste preencheu a sala como uma neblina gelada.

- Segurem Manu! – S agiu mais rápido do que se podia imaginar e mesmo antes da menina terminar de processar o que a mulher dissera, Caroline a ergueu do chão e a abraçou de forma intensa e segurou o rostinho dela bem próximo ao seu e silenciosamente mergulhou na mente dela no exato instante em que uma onda de ira estava prestes a vir a superfície.

- Que porr* é essa Celeste? – Priscila perguntou e ouviu bem perto o clique de uma arma sendo destravada e com o canto de olho viu a pistola negra de Stella sendo apontada para a mulher que pode apenas baixar a cabeça e aceitar qualquer sentença que elas quisessem lhe dar.

- Ele... – Celeste levou ambas as mãos a cabeça e seu rosto se contorceu numa careta de dor. – Está na minha cabeça! – Explicou da única maneira que conseguia conceber, pois sempre foi complicado para ela assimilar tudo de sobre-humano que envolvia a Ordem e o Martelo.

Caroline entregou Manu a Rosamaria sem se quer tirar os olhos de Celeste que sentia como se seu mais intimo segredo estivesse sendo escavado e revirado por aquela poderosa e temível mulher. Ela caminhou lentamente varrendo a mente da outra, buscando qualquer tipo de explicação para aquele ato.

- Foi uma barganha! – Caroline concluiu ainda superficialmente.

- Do que você está falando? – Stella virou-se para sua irmã completamente indignada e com o ódio queimando em seus olhos.

- Ela fez uma troca com o Lamartine... – S suspirou e passou a mão na cabeça exasperada, concluindo o que estava se tornando evidente.

- Ele descobriu que ela o traia... – Caroline continuou. – Ele “permitia” as traições... – Arregalou os olhos.

- Sua cretina! – O som oco do soco que Stella desferiu contra ela fez com que todas estremecessem. – Uma vez traidora... – O segundo soco foi no estomago, a levando a cair de joelhos. – Sempre traidora.

- Fomos treinadas para isso não é mesmo Gibson? – Celeste a olhou de baixo para cima cuspindo o sangue do corte gerado pelo murro que levou.

- Não ouse me comparar a você! – A loira baixou-se e segurou na gola da jaqueta que ela usava e a ergueu apenas o suficiente para que o golpe de seu joelho fosse ainda mais eficaz contra o queixo dela. Deixando-a tonta.

ALÉM DESSA VIDAOnde histórias criam vida. Descubra agora