52 Nó na Garganta

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RELI ESSE CAPÍTULO MORRENDO DE CHORAR, MAS POR FAVOR ACREDITEM EM MIM TUDO FICARÁ BEM

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OTIMAS LAGRIMAS. OPS OTIMA LEITURA

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A dança das letras no painel indicando a infinidade de chegadas e partidas mal chamava sua atenção. Os sons distantes no autofalante mal chegavam aos seus ouvidos, pessoas apressadas com suas idas e vindas nem mal a percebiam ali parada diante de um dos inúmeros painéis olhando, mas não enxergando nada.

Como companhia tinha apenas uma mala ao seu lado e sua mochila de couro já surrada. Na mão direita segurava seu passaporte e a passagem aérea comprada as pressas para um desgastante voo com várias escalas até chegar em casa. Foi tudo o que conseguiu ao procurar um lugar em um voo de volta para os EUA.

Seus olhos queimavam devido a imensa quantidade de lágrimas que derramara nos últimos dois dias, contudo, naquele instante sentia que nem tinha mais forças para continuar chorando. Sua cabeça latej*v* e os seus movimentos letárgicos indicavam a total falta de força em seus membros. Mal havia dormido, quase não comeu nas ultimas 48 horas e tudo o que desejava naquele instante era desabar em sua casa e desistir de tentar compreender o que estava acontecendo.

Sua cabeça doía e seu orgulho lhe feria ainda mais, mas nada disso conseguia lhe explicar o que a levou até aquele instante, prestes a retornar para sua casa, com um pós-doutorado interrompido e o coração despedaçado.

Como se não estivesse literalmente no fundo do poço, o anúncio de que seu voo iria atrasar algumas horas a deixou ainda mais irritada, lhe causando um riso amargurado enquanto agradecia, ironicamente, à Murphy. Arrastou-se pelos corredores do aeroporto Charles de Gaulle mal desviando das pessoas que lhe distribuíam caretas sempre que ela esbarrava em alguém mais mal-humorado. Tropeçou umas duas vezes no próprio pé, pois estava sentindo uma tontura proveniente do imenso vazio em seu estômago, só então conseguiu pensar em se alimentar. Devido ao atraso considerável, havia recebido um voucher da companhia aérea para um jantar num sofisticado e prático café ali mesmo em um dos andares do terminal de embarque. Zanzou a procura do lugar sem muito ânimo, e decidiu seguir um casal que estaria no mesmo voo que ela. Não estava nem um pouco afim de pensar em nada, uma vez que sua mente estava em verdadeiro caos tendo uma pergunta martelando em sua cabeça: “Por quê?”

Lutou contra sua mente, pois não suportava mais repassar aquela terrível conversa que tivera com sua agora ex-orientadora e que também era sua ex-amante. Sentiu o conhecido nó se formar em sua garganta, mas esforçou-se para não ceder a vontade de voltar a se debulhar em lágrimas. Tentou colocar o seu orgulho em primeiro lugar, pois havia prometido para si mesma que não iria derramar mais nenhuma lágrima por aquela que havia lhe proporcionado os momentos mais felizes de sua vida e também a lançou num abismo profundo de mágoa e sofrimento.

Finalmente chegou ao Eric Kayser, uma cafeteria charmosa e que estando dentro dela, podia-se esquecer que ela ficava em um terminal de viagem tão impessoal. Sentou-se no balcão mais próximo a entrada e deixou suas coisas no banco ao lado. Optou por um Croque Monsieur, mas com um chá de camomila para acompanhar. Desejava adormecer no voo e café não ajudaria nisso. Sua breve refeição não tardou em ser servida e com quase nenhum prazer, a degustou enquanto observava uma família de canadenses numa divertida refeição. Duas crianças gêmeas roubavam a cena com suas impertinentes perguntas que desconcertavam os pais e causavam risos de todas.

Ao observar a menina de cachos dourados, foi inevitável não lembrar da pequena Manu, a garotinha que havia conquistado seu coração com todo uma altivez incomum para alguém tão jovem. O nó em sua garganta retornou com tudo. Pois até isso lhe foi retirado por Caroline, a possibilidade de conviver com aquela criança especial. Trincou seu maxilar e obrigou o choro a retornar para o seu lugar de origem. Estava fortemente tentada a deixar que o poderoso amor que sentia por aquela mulher pudesse ser convertido em mágoa, para em seguida poder odiá-la e então, finalmente, esquecê-la. Esse deveria ser o caminho lógico para alguém que fora rejeitada tão bruscamente. E ela sabia que estava se iludindo, ao achar que aquele processo aconteceria com ela, até porque o amor que as unia era algo poderoso e ancestral. O que só dificultava ainda mais a sua compreensão.

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