𝟖𝟕 ⌁ 𓈒 ֹ LORENZO MATTIOLI˳ׄ ⬞

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O silêncio no último andar da Mattioli Corporation era quase reverente, quebrado apenas pelo leve som da chuva que caía contra a enorme janela panorâmica atrás da mesa de Lorenzo. O escritório era um espaço majestoso, projetado para refletir o poder e a autoridade do Don. Paredes de madeira escura revestiam o ambiente, adornadas com pinturas renascentistas que narravam histórias de triunfo e legado. No centro, uma mesa de carvalho maciço dominava a sala, carregada apenas com o essencial: um telefone, alguns papéis organizados e uma pequena bandeja de cristal com um copo de uísque intacto.

Lorenzo estava sentado em sua poltrona de couro preto, inclinando-se levemente para frente enquanto ouvia atentamente Enrico. O homem expunha os números das operações recentes com precisão, mas o Don mantinha o olhar fixo nele, sua expressão indecifrável. Ele assentia de vez em quando, demonstrando atenção, mas sua mente estava parcialmente em outro lugar, planejando os próximos passos. De repente, três batidas firmes interromperam a conversa. Os dois ergueram o olhar, estreitando os olhos ligeiramente, ele fez um gesto breve com a mão.

─ Entre.

A porta se abriu com um movimento controlado, revelando Vincenzo, que avançou com passos firmes. Sua presença carregava um ar de urgência, algo que Lorenzo captou imediatamente. Enrico se calou, inclinando-se levemente para trás na cadeira, respeitando a interrupção.

─ Don, dobbiamo parlare. ─ disse Vincenzo, direto, mas com o tom respeitoso que o cargo de Lorenzo exigia.

(Don, precisamos conversar.)

Lorenzo ajustou a postura, recostando-se na poltrona com o semblante tenso. Seus dedos entrelaçados sobre a mesa revelavam o esforço para manter a calma enquanto encarava o irmão à sua frente, claramente contrariado.

─ Theodoro não para de insistir. Isso precisa acabar. Mesmo que o resultado do DNA demore, alguém tem que dar um fim nisso. Esse sujeito é um parasita, não sabe quando desistir.

O Don suspirou pesadamente, passando a mão pelo rosto. Desde que tudo aquilo começara, o chefe da Outfit não dava paz, ligando incessantemente para pedir permissão para entrar na Itália e resolver a questão de suas filhas. A regra era clara: nenhum membro de outra máfia podia pisar no território da Cosa Nostra sem autorização prévia, qualquer violação seria tratada como uma afronta, uma declaração de guerra. Mas Theodoro, como sempre, desafiava os limites. Ele exigia que Angelina voltasse para Chicago e que Lorenzo se casasse com Donnatela. Duas imposições que o italiano não aceitaria, não importava o preço.

─ Cazzo! ─ Enzo rosnou, cerrando o punho antes de desferi-lo contra a mesa com força. Respirou fundo, tentando conter o turbilhão de raiva que o consumia. ─ Eu sabia que esse figlio di puttana ia me dar dor de cabeça.

Sem perder mais tempo, ele pegou o celular sobre a mesa e discou um número. Enquanto aguardava na linha, levantou-se e caminhou para apanhar o paletó.

─ Aonde você vai? ─ Enrico perguntou, a voz carregada de preocupação, embora o conhecesse bem o suficiente para prever a resposta.

Lorenzo parou à porta e virou-se lentamente, seus olhos carregando a determinação que o fazia temido por tantos.

─ Vou para Chicago. É hora de resolver isso pessoalmente.

A frase saiu firme, mas antes de deixar o cômodo, ele lançou um último olhar para o irmão mais novo.

─ Cuide da Angelina.

Enrico assentiu de imediato, sem necessidade de qualquer explicação. Ele não só entendera o recado, como o atenderia com prazer. Angelina era mais do que alguém sob sua proteção; era sua melhor amiga, e ele faria de tudo para garantir que nada a atingisse enquanto Lorenzo estivesse fora.

𝗙𝗜𝗥𝗘 𝗔𝗡𝗗 𝗕𝗟𝗢𝗢𝗗 - @𝗅𝟢𝗌𝗍𝗋𝖾𝗂𝖽Onde histórias criam vida. Descubra agora