Capítulo 5 ― Conforto (Parte 1)

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― Eu não acredito que deixei você me convencer a fazer isso. Nem deveria ser permitido acordar tão cedo em pleno sábado. ― Peter resmungou, ao entrar na casa de Oliver sem sequer esperar um convite e ignorando totalmente o "bom dia" que o outro lhe destinara.

― Não sei porque ainda deixo seu mau humor matinal me surpreender. ― Oliver sorriu, dando as costas ao amigo e indo em direção à cozinha vazia. Sentou-se na cadeira que ocupava antes e voltou a comer seu sanduíche tranquilamente.

Peter encostou-se na entrada do ambiente e ergueu os olhos para o amigo, que apenas deu de ombros e indicou um dos lugares vazios. O primeiro tinha comido uma fruta antes de sair de casa, mas a leve impressão de que aquele dia seria longo fez com que ele se rendesse e sentasse à frente de Oliver, enchendo uma xícara com café e bebendo logo em seguida, sem se importar em acrescentar leite.

Os dois passaram um tempo em silêncio enquanto terminavam, pensando no quão estranha aquela semana inteira havia sido: a relutância extrema de Ellen em deixar que o namorado a tocasse, Wendy faltando as aulas e só se comunicando com Peter através do telefone, o silêncio que reinava na maioria das vezes em que todos os outros se encontravam... E, exatamente por isso, Oliver tinha proposto a Peter que fosse à sua casa no sábado de manhã, enquanto seus pais estavam fora em alguma espécie de programação semanal. Assim, os dois poderiam tentar descobrir um pouco mais sobre o que se passava com eles.

Logo que acabaram o café da manhã, ambos seguiram para o jardim que ficava atrás da casa dos Fleshwood. Era um espaço relativamente grande para uma casa em Chicago e possuía um pequeno canto onde Peggy cultivava flores. Peter e Oliver foram para perto de uma árvore grande que ficava do lado oposto ao canteiro da Sra. Fleshwood.

― E aí, o que você espera que eu faça agora? ― Pete quis saber, erguendo as sobrancelhas.

― Certamente não espero que você comece a dançar a macarena. ― o rapaz rolou os olhos, tentando se concentrar. ― A questão é a seguinte: não estou conseguindo lidar com todo o drama. Não tenho autorização para tocar na minha namorada, você não pode ver a sua e nem sabe o porquê, Robbie tenta aliviar os nossos nervos, mas a verdade é que ele também está tendo problemas com isso tudo... Vou ser sincero aqui: eu não sou uma pessoa paciente e toda essa situação está me deixando maluco. ― ele praticamente grunhiu, passando a mão pelos cabelos e despenteando-os. Peter suspirou antes de responder.

― Tô cansado, cara. ― declarou, fazendo com que Oliver erguesse os olhos para encará-lo. ― Sabe, essa coisa com a Wendy está me deixando sem saber o que fazer. Eu falo com ela toda manhã e toda noite ou, pelo menos, finjo que falo... Não sei o que está acontecendo. Ela não diz pra mim, mas sinto na voz dela que tem alguma coisa errada. Quer dizer, tem algo errado com todos nós e nem por isso estamos nos trancando em casa.

― Nós temos que tentar entender o que está acontecendo. Se as coisas encaixarem por aqui e nós conseguirmos ao menos controlar isso um pouco, talvez possamos mostrar para os outros. Não temos como simplesmente ignorar o desenrolar dos acontecimentos.

― Eu sei que não dá pra ignorar. Mas por que você e eu temos que resolver sozinhos? ― uma careta surgiu no rosto dele. ― Por que você não chamou o Johnson também?

― Ele não atendeu quando eu liguei ontem e nem hoje de manhã. Não sei, o Robbie é todo inconstante... ― Oliver rolou os olhos e não conseguiu prender a lembrança de Ellen realizando aquele mesmo gesto. A saudade que ele tinha dela chegava a ser absurda e resolver aquilo seria crucial para acabar com a porcaria da distância. Sim, ele faria o que fosse preciso para poder voltar a tocar em sua garota. ― Vamos logo com isso.

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