Capítulo 17 ― Vilão (Parte 2)

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― Eu não sei se é uma boa ideia irmos todos juntos. ― Oliver opinou, logo após ter explicado aos amigos não-telepatas o que escutara ao telefone. Peter ajudou, uma vez que tinha ouvido a maior parte e acompanhado o resto por suas memórias. Nunca pensou que fosse querer o amigo em sua cabeça, mas tinha que admitir que aquilo era conveniente. Estava física e mentalmente esgotado e a preocupação consumia cada centímetro do seu corpo. Peter estava, de uma certa forma, lhe passando forças mentais para que conseguisse permanecer em pé. ― Talvez seja melhor que eu vá sozinho. Não quero arriscar a segurança de vocês.

― Ellen é minha melhor amiga. ― o olhar de Robbie era intenso, e ele parecia extremamente perturbado. Não tinha dúvidas que aquele era o segundo pior dia de sua vida (nada poderia superar a morte de seus pais), e a única coisa que queria fazer era sair dali correndo direto para Savannah. Mas não podia. Não ia conseguir viver enquanto não pudesse abraçar Ellen de novo, sabendo que ela estava viva e bem. Ele a amava e iria até o inferno por ela. ― Ela enfrentaria céus e terra para me ajudar se eu tivesse sido levado. E eu vou enfrentar céus e terra para ajudá-la, mesmo que isso inclua ter que discordar de você, Ollie. Não vou ficar aqui sentado enquanto duas das pessoas mais importantes na minha vida correm perigo.

― Hoje mais cedo, Ellen disse que confiava em mim. ― Peter se manifestou, os braços cruzados e a expressão séria. Estava tão concentrado que seus olhos mal piscavam e sua postura sequer oscilava. Ele, definitivamente, não era mais a mesma pessoa que havia levantado da cama naquela manhã. Agora ele sabia o que era capaz de fazer, sabia como podia ajudar e, de nenhuma maneira, deixaria seus amigos correndo perigo. ― Disse que confiava em mim, quando eu mal conseguia controlar o meu próprio corpo e não confiava em mim mesmo. Ela ajudou a me trazer de volta do lugar mais escuro e assustador que eu já estive e, se eu puder fazer qualquer coisa para trazê-la de volta também, eu vou fazer. Além do mais, você é meu amigo, Ollie. Não existe a menor possibilidade de eu deixar você ir enfrentar um psicopata sozinho.

― Eu também vou. ― Wendy declarou, assim que o agora ex-namorado parou de falar. Seu coração doía tanto, que ela não mal conseguia respirar direito. Não acreditava que aquilo tudo tinha acontecido em um intervalo tão pequeno de tempo. Ellen podia ser uma de suas pessoas menos favoritas no momento, mas isso não alterava o fato de a vida dela estar correndo perigo. Se não fosse, se ficasse ali esperando que voltassem sem fazer nada, sabia que se arrependeria. E já tinha arrependimentos suficientes por uma vida inteira. ― Vou fazer tudo o que eu puder para ajudar.

Oliver encarou a ex-namorada. Ele lembrava perfeitamente da expressão no rosto de Wendy quando ele lhe disse que não acreditava que havia futuro para os dois. As lágrimas haviam se acumulado nos olhos dela e ela tinha tentado pedir desculpas e dizer que o amava. À época, ele também a amava, mas não estava mais apaixonado pela garota. Naquele momento, nada havia mudado. Ela tinha errado, machucado algumas das pessoas com quem ele mais se importava no mundo inteiro e ferido a si mesma de uma maneira irreversível. Porém, ele continuava amando-a. Não sabia se um dia deixaria de amá-la. Ela tinha sido seu primeiro amor e, por alguns longos meses de sua vida, Oliver acreditou cegamente que ela seria sua esposa e mãe de seus filhos.

Wendy podia tê-lo decepcionado e partido o coração de seus melhores amigos ― assim como tinha partido o dele, alguns anos antes, com uma desconfiança sem justificativa ―, mas ela ainda era Wendy. Nenhum centímetro de seu corpo acreditava que ela fizera aquilo de propósito, porque aquilo parte de quem ela era: Wendy apenas sentia as coisas, sem parar para pensar racionalmente nas consequências, e ele jamais a julgaria por aquilo. Ela havia errado, mas todos eles não haviam errado alguma vez na vida?

A loira o encarava e ele sabia que ela estava tentando lhe dizer que sim, estaria ali para ele, sempre. Mesmo que envolvesse sair atrás de um psicopata para ajudar uma garota que a odiava, ela faria aquilo, porque ver Oliver sofrer, também a fazia sofrer. Ele sabia, porque ver Wendy com o coração partido, também o deixava de coração partido. Eles sempre teriam aquela ligação, uma ligação que nada poderia desfazer.

Por isso, abriu os braços para ela, que sequer hesitou antes de ir abraçá-lo.

― Eu amo você, Wen. ― ele sussurrou no ouvido dela, que afundou seu rosto no pescoço dele.

― Eu também amo você, Ollie. ― ela sussurrou de volta. ― Vai ficar tudo bem. Eu não tenho dúvida que Ellen vai conseguir aguentar até chegarmos para pegá-la. Vamos trazê-la de volta, não tenho a menor dúvida.

― Eu sei disso. ― eles se soltaram e Oliver lançou um sorriso pequeno na direção dela. ― E você vai ficar bem, Wen. Não tenho a menor dúvida.

A garota sorriu de volta para ele, e foi então que entendeu. Se seu ex-namorado, o objeto de seu primeiro amor e de seu primeiro coração partido conseguia lhe fazer sorrir enquanto ela se sentia o pior ser humano do planeta, não estava tão perdida assim. Não tinha mais Peter, e nunca tivera Robbie. Porém, tinha sobrevivido ao que, à época, julgou ser o pior término de namoro que viria a ter na vida inteira. Sabia agora que estava enganada, mas isso não excluía o fato de que tinha conseguido superar.

E, mais importante, superara a morte da pessoa que mais amara desde que se entendia por gente. Seu pai era o melhor homem que já havia conhecido e ele representava tudo o que Wendy considerava como bom e decente em uma pessoa. Sempre quis ser parecida com ele, mas tinha a impressão que nunca conseguiria alcançar o nível de Jared McGarden, não importava o quanto tentasse. Se seu pai estivesse vivo, ele lhe diria a verdade. Seria sincero com ela e diria o quão grave tinha sido seu erro. Não lhe diria o que fazer, porque seu pai, assim como sua mãe, acreditava que ela tinha que ser uma garota independente, mas abriria os braços para a filha e a deixaria chorar em seu ombro.

Naqueles poucos segundos em que parou para pensar no que Jared McGarden diria sobre todo aquele cenário, Wendy tomou uma decisão.

Porém, antes de fazer qualquer outra coisa, precisava ajudar Ellen.

― Acho que temos que avisar Merritt e Marilyn antes de irmos. Não sabemos quem essa pessoa é ou o que quer de nós. ― a loira sugeriu, mantendo seu foco em Oliver. Ele concordou com a cabeça. ― É melhor que alguém saiba para onde estamos indo.

― Vamos voltar para o galpão. ― anunciou Peter, já se encaminhando para a saída da casa.

Oliver e Robbie seguiram atrás dele e Wendy olhou nostálgica para o gramado antes de seguir atrás deles.

Ela não voltaria ali tão cedo.

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Att (25/08):

Oi, amores! Terceira atualização da semana e, dessa vez, é em comemoração aos 10K de visualizações, uhul! \o/\o/\o/\o/ Muito obrigada a todo mundo que segue acompanhando Power até hoje, mesmo com meus ocasionais hiatus de postagem. Amo todos vocês e agradeço de coração por toda a paciência. <3

A próxima atualização deve acontecer em algum dia, ainda não definido, da semana que vem, porque estarei viajando até segunda e não poderei postar antes disso. Enfim, ME DIGAM O QUE ESTÃO ACHANDO! E não se esqueçam de votar.

Beijossssss xx

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