Capítulo 19 ― Cicatrizes (Parte 2)

368 49 14
                                    

Alguns minutos depois, estavam todos dentro da residência dos Henson, em um imenso cômodo branco que se parecia muito com um quarto de hospital. Os armários, igualmente brancos, pareciam ter todo tipo de medicação existente e haviam máquinas complexas no local, típicas de ambiente hospitalar. Além disso, uma porta no fundo da sala continha a palavra "Raio-X". Peter e Oliver, os únicos conscientes o bastante para conseguir analisar o lugar, ficaram se perguntando por alguns minutos como o casal Henson teria conseguido todos aqueles aparelhos e até mesmo se aquilo era permitido legalmente no país.

Robbie e Savannah estavam deitados em camas altas, que pareciam mais confortáveis do que simples macas, e Ellen se encontrava sentada em uma poltrona branca. Em uma cadeira comum ao lado dela, Oliver segurava uma máscara de nebulização rente ao rosto da ruiva, que estava acordada, mas não falara uma palavra desde que voltara a consciência, seus olhos verdes fixos na parede branca à sua frente. Além do aerossol, que Merritt sugeriu que ela fizesse para melhor a circulação de ar em seus pulmões, ela também tinha uma agulha inserida em seu braço ― cortesia de Marilyn ―, através da qual estava tomando um soro glicosado para se hidratar.

Enquanto isso, a mulher trabalhava em Robbie, limpando a ferida imensa em seu peito e aplicando o que parecia ser um óleo no local. O sangue estancara durante o trajeto, mas ele perdera uma quantidade muito grande do mesmo. Depois que Marilyn enfaixasse o tronco do rapaz, ele iria receber algumas bolsas de sangue, que o casal tinha guardado em um freezer no porão para o caso de "eventualidades". Peter e Oliver não perguntaram com que tipo de "eventualidades" eles costumavam lidar.

Merritt fazia o mesmo com Savannah. Porém, como o corte proferido pela faca era consideravelmente menor do que a ferida de Robbie, o homem levou muito menos tempo para limpar e cobrir a lesão. A loira também tinha perdido sangue, mas Merritt os informou que ela provavelmente não precisaria de uma transfusão como Robbie. Os garotos também não perguntaram o porquê, apenas observaram enquanto seu treinador injetava a agulha no braço da garota desacordada, para que ela pudesse receber um medicamento intravenoso para auxiliar a dor e cicatrização.

Algum tempo depois, que nenhum deles soube precisar exatamente, já que os minutos não pareciam passar, Marilyn terminou de enfaixar Robbie e introduziu a agulha no braço dele, iniciando a transfusão de sangue. Assim que o vermelho começou a correr pelo pequeno tubo em direção ao corpo do garoto, todos na sala pareceram suspirar aliviados ― menos Ellen, que parecia estar passando por algum tipo de choque pós-traumático.

― Ele vai ficar bem. ― a mulher anunciou, assim como seu marido tinha feito antes quando acabara de cuidar de Savannah. ― Talvez demore um pouco para acordar, mas, pela nossa experiência, acredito que vá estar como novo daqui a alguns dias. A não ser que eu esteja enganada, o que é algo improvável, os genes alterados vão ajudá-lo a se recuperar mais rápido.

Peter e Oliver trocaram um olhar aliviado, o segundo ainda segurando a máscara de nebulização para a namorada.

― Acredito que, a essa altura, Ellen já esteja respirando normalmente. ― Merritt franziu a testa ao observar o rosto sem reação e o corpo imóvel da ruiva. Ele foi até o controle do aerossol e o desligou, pendurando a máscara que Oliver lhe entregou em um pequeno suporte que havia para o equipamento. Então, se agachou à frente da garota, tentando encontrar algum sinal da vivacidade dela nos olhos verdes, que pareciam estar presos em uma espécie de transe. ― Oliver, você não quer tentar conversar com ela? ― o treinador perguntou, olhando sugestivamente para o garoto.

O rapaz acenou com a cabeça, levantando-se e pondo-se no lugar onde Merritt estivera antes. Peter apenas observava, sentado em uma cadeira perto da porta, enquanto o casal Henson se postou ao lado da poltrona da ruiva. Todos sabiam que pedir ajuda para Pete, o único telepata presente na sala, provavelmente era a opção mais lógica. Mas Merritt desconfiava que o garoto não teria o mesmo efeito que o amor da vida de Ellen teria. Ele sabia o quanto Oliver significava para ela e, naquele cenário, aquela parecia ser a opção mais adequada.

POWEROnde histórias criam vida. Descubra agora