Wendy havia encarado a porta da casa dos Cartwright por, no mínimo, quinze minutos antes de conseguir reunir a coragem suficiente para bater. Ali, ela sabia que não havia outro cenário: não importava o que acontecesse ou como Peter reagisse, tinha certeza que sairia destruída e em prantos. Não existia a possibilidade de ela dar adeus ao garoto, ainda que temporariamente, e sair inteira para contar história. Ainda nem entrara na casa e seu estômago já estava se revirando.
Tinha adiado aquele momento até o último segundo possível, mas não havia mais tempo para desperdiçar, caso contrário acabaria perdendo o horário do ônibus para Phoenix. Então, com o último vestígio de força que conseguiu reunir, ergueu o braço e bateu na porta.
Mary Cartwright atendeu e a expressão de desgosto em seu rosto não podia ter sido mais evidente. Mais do que nunca, Wendy teve certeza que a mulher preferiria que Peter morresse sozinho a admitir que era favorável ao relacionamento dos dois.
Bom, pensou, pelo menos com isso ela não precisa mais se preocupar.
― Boa tarde, Sra. Cartwright. ― ela cumprimentou, da maneira mais gentil que conseguiu. Perante a ausência de resposta da mais velha, colocou as mãos nos bolsos da calça jeans que vestira para viajar, tentando disfarçar o constrangimento. ― Eu queria conversar rapidinho com o Peter. Ele está?
― Eu não tenho certeza que ele quer falar com você, Wendy. ― a mulher resmungou, sem se dar ao trabalho de convidá-la para entrar.
― A senhora pode ver se ele se importa em falar comigo? Por favor? Vou ser rápida, não deve levar nem vinte minutos. Eu não posso ficar muito tempo, de qualquer jeito.
Mary apenas confirmou com a cabeça, sem nunca perder a expressão de desgosto.
― Espere aqui, eu vou falar com ele.
Renegada a porta de entrada, a loira pensou. Nem mais entrar na casa ela podia, estava banida.
Porém, preferiu não julgar Peter pela má vontade da mãe dele, tampouco levou para o lado pessoal as expressões de mau gosto da mulher. O problema não era com Wendy, já que ela sabia que Mary Cartwright nunca quis que o filho estivesse em um relacionamento, com quem quer que fosse. Afinal, ter qualquer experiência que tirasse o foco da bolsa universitária era algo que deveria ser cem por cento ignorado até o objetivo fosse atingido. Que Deus livrasse Peter de poder ser um adolescente normal.
Se bem que, se fosse parar para pensar, a normalidade não existia mais na vida deles há quase três meses.
Alguns minutos depois, nos quais ela supôs que mãe e filho estivessem discutindo alguma coisa, a mulher voltou e lhe encarou como se ela fosse a pior pessoa do planeta.
― Pode entrar. Ele vai falar com você no quarto.
― Obrigada, Sra. Cartwright. Eu realmente não vou demorar. ― ela declarou, em um pedido de desculpas implícito.
Sem querer ficar mais um segundo sob o olhar cortante da mulher, Wendy entrou na casa e se dirigiu à porta familiar do quarto de Peter.
Ter que se despedir do rapaz dentro do cômodo no qual haviam tido o último momento como casal não estava ajudando suas emoções. No dia anterior, ela estivera ali, nos braços dele, amando-o e sendo amada por ele. Agora, estava no mesmo lugar para dizer que estava indo embora.
Bateu à porta e respirou fundo antes de abri-la quando Peter respondeu um "pode entrar" baixinho.
Ele estava sentado na beirada da cama, voltado para a porta, como se estivesse se preparando para encará-la. Vestia uma camiseta branca e calça de flanela, parecida com a que usava no dia anterior, e seu cabelo estava bagunçado, como se tivesse acabado de levantar.
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POWER
Teen FictionP O W E R conta a história de Peter Cartwright, Oliver Fleshwood, Wendy McGarden, Ellen Fawkner e Robert Johnson, cujas vidas passam a se interligar profundamente a partir de um acidente em uma excursão escolar. Aos poucos, os cinco começam a sentir...