POWER

Capítulo 19 ― Cicatrizes (Parte 3)

― Acho que talvez seja melhor explicarmos tudo agora, Fleshwood. ― Pete declarou, parecendo tão animado quanto ele com a responsabilidade de contar o que acontecera. ― Merritt e Marilyn também precisam saber. O nosso problema ainda não acabou.

― O que você quer dizer, Peter? ― Marilyn perguntou, a testa franzida indicando o retorno de sua preocupação. ― Como assim, o problema ainda não acabou?

― Por que não nos sentamos e conversamos sobre o que houve? ― Merritt sugeriu, tentando acalmar sua esposa.

Oliver voltou para a cadeira ao lado da poltrona de Ellen, erguendo uma das mãos para a ruiva, a qual ela segurou sem hesitar. Peter trouxe sua cadeira mais para perto dos dois, enquanto Merritt trouxe mais duas para que ele e Marilyn pudessem sentar.

Quando estavam todos acomodados e o casal Henson tinha checado Robbie e Savannah para garantir que o cenário dos dois continuava estável, Peter e Oliver se encararam como se estivessem decidindo entre si quem era o mais habilitado para começar a revelar o que tinha se passado na casa dos horrores.

― Era uma casa abandonada na estrada para o galpão. ― Oliver iniciou e os olhares de Ellen, Merritt e Marilyn se dirigiram imediatamente a ele. ― O autor dos bilhetes era Joe Wright. Ele estuda na Yutch e, no acidente de ônibus, também adquiriu habilidades. Aparentemente, estava convencido de que somos as piores pessoas do universo, além, é claro, de ter desenvolvido uma obsessão não muito saudável por Ellen.

A boca de Marilyn se abriu de forma automática e a mulher olhou para suas mãos, como se mal pudesse acreditar.

― O que? Mas isso não é possível. ― ela interrompeu. ― Eu estive naquele hospital, no dia do acidente, e distingui especificamente cinco potenciais distintos. Não havia um sexto, tenho certeza.

― Ele não foi ao hospital. ― Ellen explicou, com uma voz baixa. Oliver apertou a mão dela em um sinal de conforto e ela apertou de volta, agradecendo. ― Ligou para os pais dele depois do acidente e eles foram buscá-lo. Ele... Me falou várias coisas depois que ligou para você... Enquanto estava... Você sabe, me sufocando dentro daquele cubículo.

― Isso explica você tê-lo perdido, querida. ― Merritt falou para a esposa. ― Quando eu fui à escola, tínhamos tanta certeza que se tratavam só de cinco que não achamos necessário Marilyn ir junto.

― Não culpamos vocês. ― Peter afirmou, apoiando os cotovelos nas coxas e cruzando seus dedos. ― Joe sabia quem nós éramos e o primeiro contato que quis ter com a gente foi uma ameaça de morte.

― Ele também sabia quem vocês eram. ― Ellen completou. ― E sabia que estavam ajudando a gente. Mas, para ele, isso só significava que fomos todos egoístas o bastante para assumir que éramos únicos e não nos darmos ao trabalho de procurar outras pessoas afetadas.

― Mas não foi proposital de maneira alguma... ― Marilyn começou a falar, mas foi interrompida por Oliver.

― Joe, em si, é uma conversa que podemos ter mais à frente. ― o garoto disse, enquanto encarava os treinadores. ― Por agora, preciso que ouçam o que aconteceu.

Após um aceno de cabeça do casal, ele prosseguiu.

― Ele estava mantendo Ellen presa em uma cabine de vidro, com um trinco automático. O oxigênio lá dentro estava sendo controlado por um regulador de oxigênio, algo em que ele vinha trabalhando como projeto para a universidade. Mas não descobrimos isso no segundo em que entramos lá.

― Mantivemos uma conexão mental enquanto ele falava e tentávamos ganhar tempo. ― Peter continuou. ― Chegamos a um acordo sobre como proceder. Mas, enquanto Wendy e Oliver tentavam decifrar a prisão de Ellen, Robbie foi atingido.