Capítulo 16 ― Sequestro (Parte 3)

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Peter Cartwright e Robert Johnson, principalmente o garoto de cabelos cacheados, conheciam Oliver Fleshwood desde sempre. Mesmo quando pequeno, o garoto inteligente de olhos cinzentos possuía uma calma inerente a sua personalidade, que o acompanhava aonde quer que fosse. Por vezes, depois do acidente, ele se mostrara frustrado, irritado ou estressado ― ou os três ao mesmo tempo ― pela falta de controle sobre sua situação, mas não costumava demorar muito para voltar ao normal. Tinha sido o único a não se mostrar abalado com todo o cenário envolvendo Peter, Wendy e Robbie, e também o único a não tomar partido entre o triângulo durante as brigas recentes.

 Tinha sido o único a não se mostrar abalado com todo o cenário envolvendo Peter, Wendy e Robbie, e também o único a não tomar partido entre o triângulo durante as brigas recentes

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No entanto, ali estava ele. Sentado no sofá escuro do galpão, pálido como nunca, com todo o seu corpo tremendo e irradiando energia pura, o rapaz era a imagem de um pânico cru, causado por um coração de papel jogado aos seus pés.

Em cantos opostos do local, Peter e Robert tinham seus respectivos celulares em mãos, ambos telefonando incansavelmente para o número de Ellen e tentando não perder a fina esperança de que ela fosse atender a qualquer minuto, irritada por estarem lhe incomodando. Ao mesmo tempo, Merritt apoiava Marilyn, enquanto a mulher tentava fazer Oliver voltar a si, uma vez que o garoto parecia ter perdido qualquer vestígio da realidade, preso dentro da própria mente como Peter havia estado antes. Por sua vez, Wendy havia saído para sobrevoar as proximidades do galpão em busca de algum vislumbre de cabelo ruivo.

Ellen poderia simplesmente ter ido embora, mas o fato de não atender o celular e a existência daquele bilhete transformavam a situação por completo. Àquela altura, era mais do que evidente que alguém a havia levado.

― Oliver, você precisa se acalmar para que nós possamos pensar juntos no que fazer. ― Marilyn dizia, com o tom de voz mais calmo que possuía, o mesmo que costumava usar para fazer seu filho se destrancar do quarto quando ele se recusava.

No entanto, além dos tremores incessantes, o corpo de Oliver não fez nenhum outro movimento. Os olhos não desgrudavam do papel à sua frente e ninguém podia tocá-lo, uma vez que seu corpo estava carregado de energia.

― Oliver. Você precisa reagir. ― Merritt tentou incentivar, mesmo achando que não seria muito útil. Não possuía uma conexão maior com ele... Porém, conhecia Ellen. E, se o desespero por ela trancara o rapaz dentro de si mesmo, talvez esse mesmo sentimento pudesse tirá-lo de lá. Sua esposa pareceu ter chegado à mesma conclusão.

― Querido, é a vida de Ellen que está em jogo. ― a mulher tentou uma nova abordagem. ― Não sabemos onde ela está, e não vamos conseguir chegar até ela sem você. Se os papéis estivessem invertidos, tenho certeza absoluta de que ela estaria fazendo tudo o que pudesse para encontrar você. Mas você está aqui agora, e é ela quem está desaparecida. Ellen precisa de você, Oliver. Onde quer que ela esteja, ela precisa de você.

O rapaz piscou os olhos, como se algo finalmente tivesse causado algum impacto dentro de sua mente perdida. Marilyn interpretou aquilo como um bom sinal e procurou continuar com aquilo. Àquele ponto, ela amava Oliver como um filho e faria o que fosse necessário para tirá-lo da terrível prisão mental na qual ele havia se trancado.

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