Capítulo 5 ― Conforto (Parte 2)

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Em menos de meia hora, Robert e Ellen estavam de volta ao gramado da casa abandonada, um pouco tontos pela velocidade com que Peter dirigira para chegar até ali. Um olhar do dono dos cabelos cacheados foi o suficiente para a ruiva captar que deveria permanecer calada sobre sua visita naquela manhã. Ela preferiu não contrariá-lo, ainda mais agora que estava em bons termos com Oliver outra vez.

― Uau! ― Peter exclamou, tão maravilhado quanto Wendy e Oliver estavam. ― E pensar que todo esse espaço sempre esteve aqui na sua rua.

― Por que foi que você decidiu vir explorar hoje, Robbie? Alguma razão especial? ― Fleshwood perguntou, a curiosidade aflorando. Ele ainda segurava a mão de Ellen, que não conseguia largar desde o beijo mais cedo.

― Um lugar seguro. ― ele disse, dando de ombros e apontando com a cabeça para Wendy, que mexia nas alças da mochila, nervosa. ― Eu achei que um pouco de privacidade não me faria mal e essa casa tá vazia há tanto tempo... Não vejo ninguém nesse lugar desde que cheguei aqui.

Antes que Peter e Oliver pudessem terminar de processar o lugar, Wendy deu alguns passos a frente e, quando estava a uma distância considerável dos outros, se virou de modo a encarar todos eles. Seu rosto era uma óbvia mistura de nervosismo e medo, o que era muito incomum para ela. Sempre confiante e com um ar de indiferença, a moça parecia um tanto inalcançável. Agora, no entanto, estava com uma aparência tão abatida que passava a impressão de que poderia desabar a qualquer instante. Consciente de que Peter parecia estar prestes a acabar com o espaço entre eles, ela pigarreou para limpar a garganta e, com o maior esforço que já havia feito em sua vida, começou a falar.

― Eu não faço ideia do que está acontecendo comigo. ― as lágrimas já começavam a se acumular em seus olhos e ela se sentiu constrangida por um segundo. Mais do que isso, o medo lhe atingiu com força total. E se eles a achassem uma aberração? E se não quisessem mais falar com ela? E se Peter não a quisesse mais?

― Ninguém aqui tem a mínima ideia do que está acontecendo, Wendy.

Ellen se manifestou, mas seu tom não soou nenhum pouco gentil. Nunca admitiria em voz alta, mas tinha motivos para ter ciúmes da loira. Elas nunca tinham sido amigas, principalmente porque a ruiva era muito resistente a essa ideia, uma vez que não lhe agradava nada o fato de a outra já ter namorado Oliver. Sabia que aquilo era ridículo da sua parte, mas não conseguia evitar sentir ciúmes sempre que Wendy estava perto. Achava tudo o que a garota fazia tinha a intenção de chamar atenção para si. Para Ellen, Wendy era exibida, fútil e arrogante. A prova concreta era o que acontecia agora. Não conseguia acreditar que a menina estava dando um showzinho de drama barato, apenas para ser o centro das atenções.

― Todo mundo aqui está tendo problemas e você simplesmente some. Aí depois resolve aparecer do nada, com essa expressão de coitada, sem nem se interessar em saber se a gente também está em uma situação ruim! ― ela exclamou, soltando da mão de Oliver e parecendo verdadeiramente indignada com a situação. O rapaz, vendo que Peter parecia prestes a arrancar os cabelos de Ellen, abraçou a namorada por trás e beijou sua têmpora devagar. A ruiva ainda olhava nos olhos de Wendy, que parecia duas vezes mais assustada, recuando quando Peter tentou se aproximar dela.

― Ellen, por favor, não se exalte. ― Oliver pediu, deixando carícias suaves pelos braços da garota. ― Vamos ouvir o que a Wen tem a dizer. ― ele inclinou o rosto e depositou um beijo no pescoço quente da moça. Ela fechou os olhos, cerrando os dentes de raiva ao ouvir o apelido da loira deixar a boca do namorado.

Sem nenhum sentimento de culpa, ela se afastou de Oliver de forma brusca, indo para perto de Robbie, que parecia completamente alheio ao estresse, encostado perto da porta que dava acesso a casa. Tentando manter as emoções dentro de si, voltou a encarar Wendy, como se a desafiasse a voltar a falar. Não olhou para Oliver, logo, não percebeu o olhar de completo abandono em seu rosto. Peter, percebendo o medo no rosto de sua namorada aumentar, abriu o sorriso mais verdadeiro que conseguiu para ela, tentando encorajá-la a continuar, o contrário do que Ellen fazia.

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