Capítulo 15 ― Irmandade (Parte 3)

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Anteriormente...

Merritt examinou o braço da loira por poucos segundos, antes de soltar um suspiro cansado e dar alguns passos para trás de modo de seu olhar pudesse alcançar os quatro jovens ali presentes; jovens esses que estavam ali por sua culpa. Não queria interferir na vida de nenhum deles, mas àquela altura do campeonato, se não se intrometesse, tinha medo que acabassem machucando um ao outro de maneira permanente. A prova viva estava na marca vermelha do contorno dos cinco dedos de Ellen no braço de Wendy.

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― Tenho plena consciência dos problemas entre vocês. Não digo que entendo ou que posso resolvê-los por vocês. Mas vou fazer um apelo para que parem de usar suas habilidades para machucarem uns aos outros. ― Peter desviou o olhar do homem, enquanto Wendy fez questão de encarar Ellen. A ruiva ainda parecia estar em um estado de torpor. ― Falo por mim e por Marilyn, como treinadores e amigos de vocês, para que se sentem e conversem civilizadamente como eu tenho certeza que podem fazer. Não troquem acusações ou ofensas, apenas conversem. Coloquem tudo na mesa e esclareçam a situação na qual se encontram. Tudo isso pode ser facilmente resolvido se vocês fizerem algumas reflexões sobre o que os trouxe a este ponto.

Merritt fez uma pausa para observar os quatro: Peter encarava o teto alto do galpão, os braços cruzados, ainda apoiado em uma das paredes, parecendo completamente alheio a todos os conselhos do homem, que logo soube que ele não pretendia conversar civilizadamente com ninguém; Oliver estava calmo e seus olhos não deixaram Ellen nem por um segundo, porém Merritt admirou o fato de que a preocupação pela namorada não o havia feito se descontrolar, o que era uma grande conquista frente aos eventos daquele dia conturbado; Wendy parecia fuzilar Ellen com os olhos, o braço machucado rente ao peito como se o gesto fosse fazer a marca desaparecer e também era nítido em sua postura que ela não iria aceitar suas palavras; por fim, Ellen parecia ter saído do torpor no qual entrara, mas aparentava estar muito chateada, a decepção evidente em sua expressão. Por mais impulsiva que ela fosse, Merritt sabia que nunca fora sua intenção agir daquela maneira. Não ouvira o que Wendy lhe dissera, mas imaginava que havia sido um tanto grave para fazer com que a ruiva tivesse tido uma reação com aquela proporção.

Quando ia voltar a falar, avistou Robert entrando no galpão. Suspirou de forma audível, sabendo que todas as palavras que acabara de dizer tinham sido em vão agora que o rapaz estava ali. No entanto, ele certamente não esperava ouvir o que saiu da boca dele assim que atraiu a atenção de todos ao tirar uma folha de papel do bolso, erguendo-a no ar para que as palavras escritas nela fossem visíveis.

"Melhor correr enquanto pode, Johnson."

― Alguém sabe sobre mim. ― ele declarou, a voz dura, o semblante inflexível. ― Isso estava colado nos meus tênis de corrida quando eu cheguei em casa. ― jogou o par de sapatos que segurava na mão livre no chão e Marilyn levou as mãos à boca para conter a exclamação de surpresa. Conhecia muito bem aqueles tênis, uma vez que ela mesma havia dito que eles seriam muito melhores para Robbie enquanto estivesse correndo. ― Essa folha ― ele balançou a mesma ― é do meu caderno, que estava guardado na minha mochila, dentro do meu quarto.

Então, ele soltou o papel e passou as duas mãos pelos cachos um pouco molhados de suor. Ninguém ousou se mexer quando o garoto começou a andar de um lado para o outro, inquieto.

― Alguém entrou na minha casa. Entrou no meu quarto, abriu minha mochila, arrancou essa folha e escreveu essa merda. Colou nos meus tênis de corrida na área de serviço. ― ele grunhiu, levando as mãos de volta aos cabelos, puxando de leve. Parecia completamente perturbado. Então, parou. ― Na minha casa! Com os meus avôs lá dentro! Podiam ter feito qualquer coisa com eles! São dois idosos frágeis, sem nenhuma defesa, em uma casa do subúrbio! Podiam ter machucado meus avôs ou pior... Eu não estou entendendo que merda é essa.

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