Capítulo 13 ― Desconfiança (Parte 1)

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Peter acordou com alguém distribuindo beijos pelo seu rosto. Ele se mexeu devagar, se esticando na cama o máximo que podia, adiando o momento no qual teria de levantar. Teria continuado com aquilo por quanto tempo fosse necessário, ignorando quem quer que estivesse sentado em sua cama esperando que ele acordasse, se a garota que estava ali não tivesse se manifestado.

― Eu sei que você está acordado. ― Wendy declarou, pegando uma das mãos dele entre as suas e apertando-a. Ele abriu os olhos no mesmo segundo.

― Wendy? O que você está fazendo aqui? ― franziu a testa, esfregando os olhos com a mão livre. Mal conseguia acreditar que a loira estava, de fato, sentada ali ao seu lado na cama. Fazia exatamente doze dias desde que ele aceitara voltar a almoçar com o time de basquete. Doze dias desde que ela decidira não falar com ele direito. Sim, talvez ele estivesse contando... Doze dias... Espera aí...

― Feliz aniversário, meu amor. ― a loira desejou, abrindo um sorriso. Ele se sentou, ainda sem querer afastar a mão das dela, parecendo extremamente confuso. O sorriso dela aumentou. ― Não sei se você lembra, mas hoje é seu aniversário, capitão. Parabéns!

― Obrigado? ― o agradecimento saiu em tom de pergunta e ela soltou uma risadinha.

― Por que você não vai escovar os dentes?

O cérebro dele demorou exatos cinco segundos para processar a pergunta. No outro, ele se levantou e correu para o banheiro. Wendy ficou sozinha no quarto, vendo como o ambiente tinha mudado.

Desde que o garoto havia aprendido a controlar razoavelmente sua telecinese, o quarto dele não ficava bagunçado em nenhuma hipótese. Ele mantinha tudo organizado, mesmo com o costume de viver mudando as coisas de lugar. Em geral, isso lhe dava uma bela dor de cabeça no final, mas ele adorava colocar suas habilidades em práticas. De todos eles, Peter, com certeza, era o mais disposto a treinar, se arriscar e colocar suas habilidades sob julgamento. Ele nunca hesitava quando Merritt lhe dizia o que fazer e, sem dúvidas, era o que mais se concentrava para fazer o que era pedido.

Ela ainda tinha problemas com suas asas. Por mais que Merritt lhe dissesse que eram lindas e que ela não deveria ter vergonha de aprender a voar, ainda era muito difícil para Wendy deixar o galpão. Ela conseguia alcançar uma altura razoável, mas nada que fosse digno de palmas. O treinamento não lhe fazia tão bem quanto fazia aos outros.

A loira deitou na cama do namorado, afundando na cabeça no travesseiro dele e inspirando o perfume natural que Peter trazia consigo. Ela se deixou entorpecer por aquele cheiro enquanto pensava no bilhete que havia recebido há benditos doze dias.

Então, Peter saiu do banheiro, sorrindo com os dentes recém-escovados, o cabelo bagunçado e parecendo deslumbrante, mesmo tendo acabado de acordar.

O que ela desejava, afinal?

― Obrigado por ter vindo me desejar parabéns. ― ele disse, um pouco sem graça. Ele levantou um dos braços fortes para coçar a nunca e Wendy suspirou. Que merda ela estava fazendo?

― Vem aqui.

O garoto voltou a sorrir enquanto ia em sua direção. Ela o recebeu de braços abertos e não hesitou em retribuir o beijo quando a boca dele se encostou à dela.

Já estava na hora de decidir o que queria.

[...]

Peter desceu da sua amada caminhonete e deu a volta no veículo para abrir a porta para Wendy. O sorriso não saía do seu rosto, não só pelo fato de não ter precisado pegar o ônibus escolar, mas também porque sua namorada havia voltado a falar direito com ele e isso era a melhor coisa que podia ganhar. Wendy nunca tinha ficado tanto tempo chateada, e a sensação que tinha quando a olhava de longe era a pior do mundo. Agora que ele a tinha de volta, faria tudo que estivesse ao seu alcance para não irritá-la outra vez.

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