Capítulo 8 ― Dezoito (Parte 1)

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Oliver Fleshwood acordou naquela manhã com o corpo inteiro dolorido e o mesmo sentimento do dia anterior: "que droga, dormi no chão de novo". Talvez por isso tenha ficado tão surpreso quando sua mãe irrompeu pela porta do quarto, batendo palmas e cantando aquela música ridícula que o irritava mais do que qualquer outra.

— Parabéns pra você, nesta data querida! Muitas felicidades, muitos anos de vida! — Peggy jogou os braços ao redor do filho ainda parcialmente adormecido e o apertou como se não o visse há anos. De fato, pelo tempo cada vez menor que tinha com Oliver, era desse modo que se sentia. — Feliz aniversário, meu lindo! Mamãe te ama e te deseja todo o sucesso do mundo! — e pôs-se a beijar as bochechas dele. Entretanto, para o alívio do garoto, logo foi interrompida por Tim.

— Parabéns, filho. — seu pai também o abraçou, porém, foi um abraço muito mais suportável. Pelo menos, ele conseguia respirar. No entanto, não conseguiu deixar de perceber o afeto que lhe fora transmitido pelos gestos de ambos. — Muitos anos de vida, que você siga sempre sendo essa pessoa inteligente e esforçada. Eu te amo, Oliver.

— Eu também amo vocês. — Oliver riu e acolheu a mãe para um abraço de família. Peggy pareceu muito mais do que satisfeita com aquilo, o que lhe fez sentir um pouco melhor. — Obrigado por tudo o que vocês fazem por mim todos os dias. Não tenho como expressar o quão grato sou por ter pais como vocês.

Sua gratidão aumentou ainda mais quando viu o super café da manhã que sua mãe lhe preparou. A verdade era que ele duvidava muito que houvessem pais melhores que Tim e Peggy Fleshwood.

[...]

Ellen estava de mãos dadas com Oliver enquanto os dois iam em direção a primeira aula dele. Em geral, o garoto era quem acompanhava a ruiva, mas ela estava fazendo uma exceção por ser aniversário dele.

Oliver estava feliz da vida. Ellen tinha lhe desejado parabéns com o melhor beijo que ele já recebera e fora o melhor presente do dia — seus pais tinham lhe dado uma máquina fotográfica Canon EOS 5D Mark IIIde dois mil e quinhentos dólares, mas o que era aquilo perto do calor de sua namorada? —, já que duvidava que ela fosse querer passar a noite com ele. Talvez se ele insistisse muito...

Enquanto refletia sobre possibilidades de argumentos para convencer Ellen a ir para sua casa depois da escola, Oliver agradecia distraidamente todas as pessoas que lhe desejavam parabéns. Peter fizera questão de lhe abraçar no meio do corredor e gritar para a escola toda que era aniversário dele, então todos por quem ele passava acenavam e o parabenizavam.

O rapaz estava tão imerso em pensamentos que nem percebeu quando Ellen parou à porta de sua sala de aula. Só foi voltar à realidade quando sentiu os braços da moça ao redor de seu pescoço e os lábios dela nos seus.

Ellen estava o beijando. Em pleno corredor. Um beijo muitíssimo parecido com o que ela tinha lhe dado mais cedo. Em público.

Eles nunca se beijavam em público.

Ele precisou recuperar o fôlego, mas é claro que a beijou de volta. Porém, quando ouviu algumas pessoas assobiarem, achou melhor parar por ali. Não estava interessado em ganhar uma detenção de aniversário.

— Se continuarmos desse jeito, eu vou querer fazer aniversário todo dia. — brincou.

— Não fique se achando. — ela rolou os olhos, arrumando o cabelo e se afastando do rapaz. — Foi só para essas líderes de torcida verem que você já tem dona. Eu não precisaria fazer isso se você não ficasse sorrindo pra elas.

— Elas só estão sendo gentis. — Oliver riu, sem nem se preocupar em esconder a satisfação com o ciúme de Ellen.

— Gentis? Por favor. — outro rolar de olhos e ela o encarou com uma clara advertência nos olhos. — Dê moral para alguma delas e esse vai ser o último aniversário que você vai comemorar.

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