Capítulo 17 ― Vilão (Parte 4)

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Haviam deixado o carro de Oliver sob responsabilidade dos treinadores, então Peter dirigia sua caminhonete. Robbie estava ao seu lado no banco do carona, e Wendy e Oliver se encontravam no banco de trás. Estavam na estrada há alguns minutos e nenhuma palavra ainda tinha sido dita, o que havia resultado no ar pesado e sombrio que tomava conta do veículo. Todos já usavam seus trajes especiais, como se estivessem indo para uma espécie de batalha.

O pior era saber que, de certa forma, estavam.

Foi Oliver quem achou que a questão deveria ser enfrentada. Afinal, imagens de seus amigos e do amor de sua vida mortos ainda continuavam enchendo sua cabeça e fazendo com que se sentisse nauseado. E, como bem sabia, aquele não era o melhor momento para náuseas.

― Eu faria qualquer coisa por Ellen. ― afirmou sem hesitar e Wendy virou o rosto para encará-lo, não parecendo nenhum pouco surpresa. Na verdade, parecia esperar que ele dissesse aquilo. ― Faria por cada um de vocês e sequer piscaria. Vocês são família para mim e não há absolutamente nada que eu não faria para garantir que vivam. Eu quero ver o que vocês vão fazer. ― ele abriu um sorriso pequeno e pareceu bonito até para Peter, que o encarava de canto de olho sem perder a concentração na estrada, e Robbie, que se virara no assento para olhá-lo. ― Quero ver as carreiras que vão seguir, o sucesso que vão alcançar e as casas que vão comprar. Quero conhecer os amores das vidas de vocês e os filhos que terão juntos para poder mimá-los e ouvi-los me chamando de Tio Ollie. Eu quero ser o Tio Ollie.

Wendy sorriu, imaginando Oliver cercado de crianças, os filhos que Peter e Robbie teriam com outras mulheres. Seu coração estava despedaçado por isso, mas sabia que, por mais que se desculpasse todos os dias do resto de sua vida, Peter jamais conseguiria esquecer o que ela havia acreditado que fizera. Não havia mais confiança e a garota duvidava muito que algum dia ela voltasse a existir.

Apesar da dor em seu peito, não pôde deixar de perceber que, dentre as crianças imaginárias que flutuavam em sua mente, uma se destacava, com os cabelos loiros como os dela. Não conseguia ver o rosto, não conseguia definir um gênero, mas lá estava. A criança que seria dela, que ela teria com o amor da vida dela, que lhe aceitaria do jeito que era, com asas e defeitos. A criança dela também chamaria o rapaz ao seu lado de Tio Ollie.

― Eu quero seguir uma carreira também. ― ele acrescentou, tentando controlar os pensamentos afetados pela emoção. Dessa vez, Peter não interferiu e ele foi grato por isso. Sabia que estavam seguindo rumo a um lugar onde o amigo estaria em cada palavra que passasse por sua cabeça. ― Quero ter sucesso profissional e comprar uma casa. Azul, com uma cerca branca. ― Robbie deu uma risada, porque Oliver sempre quis ter uma casa azul. Lembrava dos dois, crianças, descrevendo as mansões que teriam quando crescessem. A de Oliver podia ser na Itália ou na China, mas era sempre azul. ― Quero casar com o amor da minha vida. Quero casar com Ellen. ― suspirou, visualizando a namorada entrando em uma igreja. Ela vestiria branco e seu cabelo vermelho brilharia mais do que qualquer outra coisa no lugar. ― Quero ter filhos com ela.

― Três. ― Wendy disse, sem pensar. Todos eles olharam para ela, Peter a encarando pelo espelho do carro. Sem sentir vergonha, ela sorriu para Oliver. ― Sempre imaginei que vocês teriam três filhos. ― Robbie a encarava com a testa franzida e podia sentir a força dos olhos azuis de Peter mesmo que ele não lhe olhasse diretamente. Oliver, por sua vez, agarrou sua mão, o sorriso aumentando e a postura relaxando no assento da caminhonete. ― Sei que você quer ter dois e não faço ideia se Ellen quer ter algum, mas eu lembro de ter visto vocês andando abraçados pelo corredor da escola, logo depois que começaram a namorar, e ter pensado que vocês teriam três filhos depois que casassem. Eu sempre soube que você queria casar com ela. ― os olhos de Oliver fizeram a pergunta silenciosa, que ela respondeu com um dar de ombros. ― Você olhava para ela de um jeito diferente. Ainda olha. É quase como se ela já fosse sua esposa, e vocês dois têm dezoito anos.

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