― Alô? É o Oliver?
― Quem está falando? – o garoto respondeu, a voz baixa, nervosa. Ergueu-se do gramado e olhou de relance para os amigos, que tinham sentado assim como ele quando ouviram o toque do telefone, e pareciam intrigados com a expressão em seu rosto. ― Por que você está com o celular da Ellen?
― Ellen... Ela é realmente bonita, não é, Oliver? É uma verdadeira visão. ― a voz do estranho tinha um tom levemente zombeteiro, como se ele estivesse em uma conversa casual com um velho amigo com quem não falava há muito tempo.
― Quem é você? Quem está falando? ― Oliver olhou para Peter e Robbie, ambos carregando expressões preocupadas.
― Eu avisei você. Avisei todos vocês, aliás. ― pareceu uma frase mais séria, como uma espécie de repreensão, um alerta. Lembrava da voz de sua mãe naquele tom, e não gostava. Oliver Fleshwood não gostava de ser repreendido, porque ele raramente fazia coisas consideradas erradas. ― Mas vocês me ouviram? Não, vocês me ignoraram.
― Olha, eu não sei quem é você ou o que você quer, mas se você fizer alguma coisa com a Ellen... ― ameaças infundadas, brincadeiras de mau gosto, pegadinhas infelizes, era o que ele achava que aqueles bilhetes sem sentido algum eram. No entanto, ali estava ele, do outro lado da linha telefônica: a pessoa que sabia do segredo que eles vinham escondendo há meses. E, tinha de admitir, ele não parecia estar brincando.
― Você vai fazer o que, Oliver? ― uma risadinha soou e Oliver sentiu como se algo estivesse remexendo dentro dele. Aquele som parecia familiar ao extremo, mas seu cérebro não conseguia localizar onde já o tinha ouvido antes. ― Vai me dar um choque?
Oliver ficou em silêncio. Aquela pessoa tinha, obviamente, levado Ellen e estava ali, lhe provocando e lhe jogando o fato na cara, como se tudo fosse um grande jogo e ele tivesse perdido a chance de adivinhar a charada.
"Você acaba frio e sozinho", "É uma verdadeira visão", "Vai me dar um choque?", "Eu adoraria pegar fogo com você"...
Não. Ele, seja lá quem fosse, não iria fazer mal a Ellen, pelo menos não a princípio. A provocação era direcionada a ele, e nada lhe faria acreditar que a provocação a ela não havia sido para lhe atingir. Ellen só seria machucada se ele falasse algo errado ou desse um passo em falso.
A pessoa obviamente tinha interesse em sua namorada. Ela era a única para com quem o suspeito tinha demonstrado alguma compaixão nos bilhetes, e era ela quem tinha sido levada. Oliver sempre considerara que, se perdesse Ellen, seria porque ela deixaria de lhe amar ou porque ele tivesse cometido algum erro terrível. Ele nunca, jamais, considerara que ela pudesse vir a ser arrancada, literalmente, dele. Nunca sequer passara pela sua cabeça que outra pessoa seria responsável por separá-los.
Não, ele pensou. Ninguém iria separá-los, porque ele não iria deixar.
― Tenho certeza que você está me telefonando por um motivo. ― acalmou sua voz o máximo que conseguiu e ficou satisfeito ao perceber o silêncio do outro lado da linha. ― Se quisesse simplesmente assassinar Ellen, tenho certeza que já o teria feito a esta altura. Mas não, você está falando comigo. Então, por que não paramos de perder tempo com perguntas inúteis e vamos direto ao assunto? O que você quer de mim?
― Pergunta correta, Oliver. Sempre o mais inteligente, não é mesmo? ― outra risadinha familiar ressoou e, incapaz de continuar parado, o garoto começou a andar de um lado para o outro. ― Eu quero Ellen. ― o estranho respondeu, a voz mais rouca do que antes e Oliver precisou controlar o tremor que tomou conta de seu corpo, continuando seus passos irregulares. Peter e Robbie já haviam se levantado, assim como Wendy, que estava afastada, chegara mais perto dos três.
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POWER
Ficção AdolescenteP O W E R conta a história de Peter Cartwright, Oliver Fleshwood, Wendy McGarden, Ellen Fawkner e Robert Johnson, cujas vidas passam a se interligar profundamente a partir de um acidente em uma excursão escolar. Aos poucos, os cinco começam a sentir...