Capítulo 19: Paixões proibidas

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"Em nossa imaginação, tecemos sonhos de amores proibidos, inspirados nos grandes romances que povoam nossa mente. Em meio ao silêncio, talvez até aguardemos por eles, ansiando ser consumidos por uma paixão arrebatadora. Contudo, a verdade é que os amores proibidos desdobram-se constantemente na vida real. Nem sempre se traduzem em gestos apaixonados, beijos inflamados ou enredos avassaladores. Às vezes, são apenas olhares furtivos, trocados entre duas almas que queimam de desejo, mas optam por silenciar suas vozes em nome de algo maior. Os amores proibidos da vida real ferem, sangram e, quase sempre, terminam em desilusão."

Capítulo 19

Kate:

Eu só queria ter uma vida normal. Viver como as pessoas normais e fazer coisas simples que as pessoas fazem no dia a dia. Tudo o que eu conhecia era a vida de prisioneira dentro da mansão, presa a conceitos e ideias que eu não acreditava.

Eu nunca me senti no direito de sonhar... Diferente dos meus irmãos, nunca pude fazer as minhas próprias escolhas. Eu sempre fui cercada de tudo aquilo que o dinheiro pode comprar. Desde que fiz doze anos, tive o direito de escolher o meu próprio estilista, nunca me foi negado nenhuma coleção exclusiva de sapatos ou nenhuma maquiagem que o dinheiro do meu pai pudesse adquirir. Mas, conforme eu fui crescendo percebi que eu queria mais... Não era o suficiente me inspirar em Hubert Givenchy ou em Maria Grazia para ter o guarda-roupa perfeito.. Eu queria ser como eles. Queria ser lembrada por deixar a minha marca no mundo, através da minha arte. E foi justamente nesse momento que o primeiro sonho me foi negado: "Esse universo não é para você. O mundo crítico não é para você."

Outras barreiras vieram na sequência... Se eu não podia fazer a minha própria história seguindo o meu maior sonho eu queria pelo menos o direito de escolher a pessoa a qual eu deveria ajudar a seguir seus sonhos. Eu só não estava pronta para isso. Eu sempre soube que um dia meu pai indicaria um dos filhos de seus aliados políticos para se casar comigo. Mas, eu também queria mais... Eu queria romance.

Eu queria sair de dentro das fronteiras daquela casa. Queria conhecer o mundo, ir em festa, conhecer pessoas, me arriscar...

Eu e o Erick sempre tivemos uma boa relação e as vezes eu tinha a impressão que ele era a única pessoa que conseguia me entender. Naquela noite ele concordou em me levar com ele depois que eu fiz inúmeras promessas de que jamais contaria as pessoas sobre o que visse naquele lugar. Eu só queria uma oportunidade para sair...

O cheiro de cigarro e bebida era forte, eu estava realmente assustada de estar em um lugar tão vulgar comparado a minha realidade e apesar de estar curiosa para saber o que meu irmão fazia em um lugar como aquele, eu havia prometido não fazer pergunta.

Era uma festa muito diferente das que eu acostumada a frequentar. Eu observei ao redor, as paredes não eram pintadas, o ambiente não era nenhum pouco harmônico e não era limpo,havia uma mistura de odores que eu desconhecia. Era uma festa de poucas pessoas. Mas, eram pessoas muito estranhas.

Lembro-me que o Erick me deixou sozinha... Uma mulher loira vestida com um short destroyed se aproximou. Ela me olhou-me da cabeça aos pés com uma expressão indefinida e olhou para o Erick com um largo sorriso nos lábios. Ela gostava dele. Ambos seguiram juntos para uma sala do lado de fora e eu fiquei completamente sem saber o que fazer. Me senti desamparada naquele momento e o medo e a incerteza tomaram o meu coração.

Alguns rapazes começaram a me rodear e eu estava extremamente impressionada, eles realmente costumam se aproximar em grupo de uma garota?

Os argumentos de diálogo eram descortês e os enaltecimentos iam ao extremo do deselegante. Talvez eu devesse indicá-los uma deliciosa leitura de Jane Austen para compreenderem a maneira mais louvável de se cortejar uma dama. Nem Heathcliff em seu momentos de maior impetuosidade era tão intratável. Emily Brontë provavelmente estaria hostilizada caso precisasse atualizar O Monte dos Vendavais a uma versão do século XXI. Eu estava sendo atacada com frases que eu desconhecia e olhares que me oprimiam.

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