Aliança Perigosa

Capítulo 26: Danos colaterais

Nunca imaginei que meus próprios sentimentos pudessem se tornar um labirinto confuso. Amava meu noivo, e a perspectiva de um futuro sereno ao seu lado me trazia felicidade genuína. No entanto, por que então a simples lembrança de Thomas deixava meu coração imerso na solidão? Era como se duas forças opostas lutassem dentro de mim, uma clamando pela segurança do conhecido, enquanto a outra ansiava pelo desconhecido, pelo fascínio que só ele trazia. Era uma batalha silenciosa, mas intensa, que me deixava perdida entre o que deveria ser e o que meu coração realmente desejava.

Capítulo 26

Chloe

Eu amava o Erick. Eu o amava tanto que conseguia pensar em como seria o nosso futuro juntos. Não tinha espaço para duvidar daquele sentimento. Então, por que razão, minha mente estava tão inquieta? Silenciosamente, me acomodei no banco do carro, deixando-me envolver por pensamentos fugidios que dançavam em minha mente

Desde a nossa despedida, o aroma amadeirado de Thomas permanecia gravado em minha mente, como uma melodia suave que ecoava em minha alma. Seu toque na minha cintura era uma promessa delicada, uma sinfonia de sentimentos que acendia chamas dentro de mim. E quando nossos olhares se encontravam, o tempo parecia desacelerar, envolvendo-nos em um universo à parte, onde o desejo ardia como o sol nascente, penetrando minha pele com sua intensidade avassaladora.

A adrenalina corria pelas minhas veias, resgatando-me do tédio que era viver numa mansão tão imensa, povoada por figuras estranhas e vazias. 

Erick mantinha-se tenso, os músculos da mandíbula contraídos em uma expressão rígida, seu olhar fixo na estrada à frente, revelando um ciúme palpável que pulsava em seu ser. Cada curva do caminho parecia testemunhar a batalha interna que ele travava, uma tempestade de emoções contidas que ameaçava transbordar a qualquer momento.

-O que foi aquilo lá dentro Chloe? – Sua voz era mais áspera que o normal deixando claro que ele estava muito irritado, uma versão sua que eu conhecia muito pouco. O Erick era gentil e educado e quando não esta bem ficava em silêncio, quase nunca reagia a uma situação.

Eu dei uma pausa, pensando na melhor maneira de responder...

-Aquilo o quê Erick?

-Preciso desenhar para você entender? Você não é burra Chloe. Que droga está acontecendo entre vocês dois?

-Foi só uma dança e nada mais. Você também dançou com a Julie, não foi? – Eu estava ocupada demais para reparar nos detalhes a minha volta. Ele havia mesmo dançado com ela?

-Você é minha noiva, vai ser minha mulher, e de mais ninguém, ouviu? Minha. Eu sei exatamente o que o Thomas está fazendo... Ele quer te tirar de mim.

-Não deveria desconfiar tanto, Erick. Ele se desculpou comigo. Estamos tentando tornar a nossa convivência menos complicada... Eu vou me casar com você, preciso me entender com sua família. Além do mais... Você me convidou para um jantar romântico e acabou levando o seu irmão...

- Deveria estar feliz. Talvez, meu irmão, comece a namorar a garota e mude de vida completamente. Se ele namorar a Julie não terá tempo para implicar com você.

-Mas eu não gosto de mentiras e você sabe disso, Erick. Poderia ter me dito que a intenção era levar o Thomas para o jantar.

-E você concordaria? - Perguntou aos gritos.

-Não. Primeiro porque eu moro na mesma casa que ele, e por isso preciso vê-lo todos os dias. Mas, você é meu noivo e eu sinto saudade de você, principalmente porque você é tão dedicado ao trabalho... A melhor hipótese seria sair para jantar apenas nós dois, como fazíamos antes.

-Sinto que o problema foi ter levado o Thomas para apresentá-lo a Julie... - Comentou sem olhar pra mim.

-Não teve problema nenhum, Erick. Apesar de que eu não acredito que ele seja a pessoa mais indicada para apresentar para a minha melhor amiga, ele mal falou com ela. E nós dois sabemos que ela não faz o tipo dele.

-Claro. Ele passou o maldito jantar olhando para você. Dançou com você... Você faz o tipo dele. Mas, você tem dono. - Ele alterou a voz mais uma vez.

-Eu já entendi a parte que você está com ciúmes, prometo que vou moderar o meu comportamento, só pare de gritar. - Pedi.

-Moderar o seu comportamento? Você tem que parar de falar com ele. Ignorá-lo completamente... E eu não vou mandar de novo.

-Eu não acredito que estou ouvindo isso... Se você não queria que eu me desse bem com sua família porque me trouxe para cá? Será que você não percebe o quanto estou me esforçando para me dar bem com todo mundo e fazer tudo certo? - Falei na intenção de desabafar.

-Eu a trouxe porque minha mãe queria muito conhecer a minha noiva. Mas, minha intenção nunca foi trazê-la para morar com meu irmão. Eu nem queria que vocês se conhecessem. - Gritou novamente.

-Quer que eu vá embora? - Falei sentindo as lágrimas brotarem de meus olhos, aquela situação era um pouco humilhante: - Você poderia ter me dito que não queria que eu viesse... - Comentei.

-E você me perguntou?

Eu abri a porta do carro e desci. Ele estacionou o carro e veio atrás de mim.

- Desculpa se estou morando na sua casa, Erick... Vou resolver isso o quanto antes. - Falei aos gritos.

-Pare! - Segurou-me pelo pulso: - Você viu o que ele está fazendo conosco? Se continuarmos desse jeito, ele vai conseguir exatamente o que quer... Nos separar. - Sua expressão era assustadora.

-Me solta!

-Você não pode deixar isso acontecer. - Puxei meu braço com força sentindo o meu pulso doer.

-O Thomas, não é a melhor pessoa que eu conheço Erick. Mas, eu jamais permitiria que ele nos separasse. Você parece que vai conseguir fazer isso sozinho.

Senti suas mãos tocarem o meus ombros. Ele me segurou com força encarando-me nos olhos: - Você não pode se separar de mim. Iremos nos casar...

-Eu só vou pedir mais uma vez para você me soltar...

Ele tirou os braços do meu ombro e me encarou. Aquele olhar frio e vazio:

-Você não costuma brigar comigo, Chloe...

-Você mentiu para mim. Você quis me levar para o jantar para me usar como troféu, mostrar ao Thomas que somos o casal perfeito. Queria se sentir melhor que ele. Você não imaginava que nós dois iríamos nos entender e agora se sente frustrado porque o seu plano deu errado e quer descontar em mim o seu ciúme idiota. Eu não sei o que é pior... Você não confiar no seu irmão ou na mulher com quem irá se casar. - Virei de costas e entrei pela casa.

-Chloe...

-Não Erick... Não quero ouvir nada de você agora.

Eu segui pelo corredor. Entrei no quarto e tranquei a porta. Sentei sobre a cama, preste a desmoronar. As lágrimas começaram a cair de meus olhos. Eu levantei... Peguei a minha mala e comecei a colocar algumas peças de roupas.