Capítulo 49: Eu quero protegê-la

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Era avassalador, para minha mente, confrontar a ideia de que alguém de sua estirpe pudesse ser subjugado por uma carga tão desmedida de dor.

Capítulo 49

Qual o lugar onde toda pessoa deveria se sentir seguro? Na própria casa... Eu imagino!

Eu nunca me senti bem dentro daquela mansão. Tive uma infância completamente difícil em meio a pessoas tão obstinadas pelo poder que para alcançá-lo passavam por cima da moral humana. Não tive o melhor exemplo de educação e afeto e em parte sempre os culpei pelo Erick e eu não sermos bons homens.

Naquele momento eu só queria levá-la ao lugar mais seguro que conheço: minha casa. Um lugar onde poucas pessoas sabem da existência e onde eu sempre cuidei de meus devaneios. Longe da cidade, uma linda casa de campo em meio a um pomar de frutas.

Quando comprei aquele lugar eu tinha esperança de um dia ter uma vida comum.

A peguei nos braços e a levei para dentro, eu ainda não conseguia prever quais eram as consequências daquela atrocidade, mas sabia que ela estava ferida, talvez suas feridas emocionais nunca mais se cicatrizarem e isso me apavorava.

Eu a coloquei na cama confortável, foi então que notei as vestes levemente rasgadas que ela vestia, um vestido branco todo sujo, feito de algum tecido reutilizado. Sem jóias ou anéis, muito menos sem a aliança em seu dedo. Eles haviam roubado muito mais do que o dinheiro era capaz de restituir.

-Eu preciso de um banho. - Ela sussurrou. Era claro! Trancada naquele lugar sujo, ela precisava mesmo tomar um banho e se sentir melhor.

Confesso que não sabia como agir... Uma mistura de sentimentos gritava em minha mente e eu não sabia o que dizer...

Eu fui até o banheiro e liguei a banheira com água quente. Fiquei ali observando-a encher enquanto um milhão de coisas passavam pela minha cabeça.

Como alguém tinha tido a coragem de machucá-la?

-Você consegue tomar banho sozinha? - Eu não sabia ao certo como agir.

-Sim. - Ela sorriu. Controle-se, Thomas.

Eu a apoiei até a porta do banheiro, encostei a porta e fiquei sentado sobre a cama...

Aquele quarto despertava lembranças muito profundas sobre meu passado e agora eu entendia bem a razão de pagar alguém para vir toda semana cuidar do lugar, mesmo após anos desde a última vez que eu coloquei os pés ali dentro.

Escutei um barulho do lado de dentro do banheiro. Bati algumas vezes na porta: - Está tudo bem aí dentro? - Perguntei.

Sem resposta. - Chloe? - Porque ela não me respondia? Será que queria me matar do coração?

Eu abri a porta um pouco contrariado e lá estava ela, vestindo apenas uma lingerie debruçada na boca do vaso. E por um momento notei que ela não sabia com que se preocupar primeiro: cobrir o corpo seminu ou parar de vomitar. Peguei uma toalha de banho e a enrolei. Segurei seu cabelo em rabo de cavalo para que pudesse ajudá-la. Ela continuava a vomitar. Depois pegou um pedaço de papel higiênico e limpou a boca. Seus olhos agora focaram em mim: - Isso é muito, muito desconfortável.

-Sente-se melhor?

-Humrum... - Ela resmungou olhando para a banheira.

Eu levantei virando-se de costas: - Eu só vou sair daqui quando estiver tomando o seu banho.

Ela resmungou mais alguma coisa e escutei o barulho dela entrando dentro da água.

-Prontinho. - Murmurou.

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