Capítulo 6: Minha família

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"Passei tantas noites solitárias que, quando seus sorrisos finalmente alcançaram minha alma, foi como se seus braços envolvessem meu ser num abraço caloroso. Naquele momento, percebi que havia encontrado meu lar..."

Capítulo 6

Chloe

Chloe

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A Kate abriu um sorriso quando me viu sair do quarto e dizer que eu iria acompanhá-la. Ela era tão doce... Seus cabelos levemente ondulados caíam pelos ombros, e seus olhos verdes pareciam sorrir. Era como se não houvesse maldade em seu coração. Eu gostava do jeito sorridente que ela tinha para tudo.O motorista estava esperando em frente à mansão, e eu estava tão curiosa. Entramos no carro enquanto ela comentava sobre algumas marcas de roupa, e eu tentava acompanhar o raciocínio dela, mas a cada minuto ficava mais evidente que eu não entendia nada de moda.— Era um vestido Valentino maravilhoso!— Valentino?— Sim, e com o Louboutin fica fantástico. Eu me senti uma Cinderela desfilando pelas ruas de Paris depois da fada madrinha estilista ter passado na minha vida.— Deve ter ficado lindo...— Linda estará você usando o vestido de noiva mais lindo que alguém já vestiu. Temos que fazer a encomenda o quanto antes, para que você esteja deslumbrante. — Ela sorriu.— Qualquer vestidinho branco já serve...— Não! Isso é um insulto... Você estará uma verdadeira diva. E eu só estou empolgada desse jeito porque gostei de você.Eu forcei um sorriso para ela. — Por favor, nos deixe aqui! — Pediu ao motorista. — E avise aos seguranças do carro de trás que eu não quero ninguém nos seguindo. Estamos fora de perigo, ninguém vai fazer mal nenhum a nós.— Mas, senhorita...— Aposto que seus amiguinhos não querem escutar duas garotas falando de menstruação o tempo todo, não é mesmo? — Ele corou com o comentário envergonhado, e eu contive um sorriso.— Ótimo. E eu abro a porta do carro. — Ela desceu um pouquinho irritada, e eu a acompanhei.Eu nunca imaginei que podia existir um centro de compras como aquele lugar, e agora fazia total sentido o empréstimo do vestido. Eu estava admirada com tantas roupas diferentes nas vitrines das lojas.— Esse cartão de crédito é para você! Eu disse ao Erick para lhe dar um. Além do mais, o que é uma mulher dentro de um shopping, sem um cartão de crédito? — É uma mulher pobre, pensei comigo mesma, mas ao invés de dizer algo que pudesse chateá-la, abri um sorriso sem jeito.— Não. Eu agradeço, Kate. Não preciso de um cartão. — E não precisava mesmo. Havia lido certa vez em uma revista de finanças que o cartão de crédito era a chave para cair em um princípio de dívida.— Claro que precisa. O Erick nem vai se importar. Ele aceitou de imediato a minha sugestão. Vai ficar feliz de ver você sempre de roupas novas. E ele vai pagar a fatura. — Piscou, como se lesse os meus pensamentos. Pobres pensamentos.— Eu gosto de usar as que tenho. Obrigada.Ela me entregou o cartão e disse: — Converse com ele depois, mas por mim, você fica com ele.Dei um sorriso um pouco incrédula e guardei o cartão na bolsa.— Kate, você se dá bem com seus irmãos? — Na verdade, minha vontade era falar: "Conte-me tudo sobre o Thomas". Porém, uma abordagem direta iria assustá-la. A ideia era começar um assunto que levasse a outro. Eu precisava saber tudo sobre aquele homem detestável, principalmente porque seria inevitável conviver com ele, pelo menos até o meu casamento. Depois disso, eu daria um jeito de não precisar me encontrar com ele nunca mais.— Sim. Se você quer saber sobre o Erick... Meu irmão é extremamente carinhoso e muito presente também. Ele sempre cuidou muito de mim. Posso te fazer uma pergunta?— Claro.— Você se chateou com a maneira que o Thomas lhe tratou?— Eu não esperava um comportamento como aquele, mas não me chateei. O Erick havia mencionado que tinha um irmão, mas sempre que eu perguntei, ele desviou o assunto. Agora entendo o motivo. Acho que o Erick sabia que isso aconteceria. Sobre o Thomas... Creio que ele apenas esteja zelando para o bem da família, imaginando que eu possa ser uma dessas garotas golpistas. — E compreender as suas ações não significava que eu não o odiava por dentro, por ser tão cruel comigo.— Pelo menos você olhou a atitude dele com bons olhos. Eu fiquei bastante envergonhada pela recepção. Mas, o Thomas é uma boa pessoa. Ele pode não saber demonstrar, mas se importa demais com todos nós. Um dia, você será uma senhora Walker também, e então... Ele a protegerá da mesma forma. O Thomas e o jeito torto dele de demonstrar que se importa com as pessoas. — "Eu tenho quase certeza que ele odeia o próprio irmão, mas se você está dizendo que é uma forma de mostrar carinho, quem sou eu para duvidar?" — Pensei.— Por que o Thomas e o Erick não se dão bem? É o que me pareceu desde o início.— Eu não sei o que passa na cabeça daqueles dois. Não me lembro de nenhum momento em que se comportaram decentemente, eles sempre foram assim... Dois moleques que brigaram a vida toda. E hoje agem como se odiassem um ao outro, mas se defendem quando necessário. Você irá acabar se acostumando.— Você tem namorado? — Eu perguntei curiosa.— Não. Mas... Eu conheci um rapaz e gosto dele. Só que é meio complicado. — Seus olhos brilharam de novo e um sorriso largo surgiu nos seus lábios. Ela era tão transparente.— Como assim: "complicado"? O que pode ser mais complicado do que um rapaz rico e bonito apaixonado por uma garçonete?— Uma garçonete linda? Ah... Isso não é complicação. É amor. — Ela mudou a expressão: — O Erick o conhece e foi o primeiro a se opor. Ele se chama Pablo e, pelos olhos conservadores da minha família, não é um rapaz correto. Mas, eu o amo o bastante para não me importar. — Ela abaixou a cabeça, mudando de assunto: — Minha mãe conversou com você sobre se mudar para nossa casa, não foi?— É... Ela falou sim.— E o que decidiu?— Ainda não tomei uma decisão sobre isso, mas não quero causar transtorno a ninguém. Eu moro com uma amiga e estou feliz.— Eu sei que tudo é muito repentino. Mas, tenho certeza que é o melhor que pode fazer. Minha mãe é uma mulher muito solitária e, pelo visto, ela simpatizou com você. Será uma amiga para nós. Logo o Erick irá assumir o relacionamento de vocês perante a mídia e sei que não terá paz. Morando na mansão, será totalmente diferente. Poderemos te proteger.— Eu pensarei a respeito, mas não quero me aproveitar da situação.— Não estará se aproveitando, Chloe. Meus pais têm dinheiro o suficiente para viver os próximos anos sem trabalhar. Mesmo assim, vivem para fazer dinheiro. Creio que cuidar de você não irá deixá-los mais pobres. Acho que sua presença fará bem para todos nós e não se esqueça que você é da família agora. Mesmo que o Thomas não a veja dessa maneira, garanto a você que se vier morar conosco, ele vai se acostumar e, com o tempo, tudo vai ficar bem entre vocês dois. — Ela deu um sorriso.— Kate... Meus pais faleceram tem pouco tempo. Logo tive que hipotecar a casa e vender o que eles tinham. Na época, minha melhor amiga se mudou para cá para fazer faculdade e me convidou para morar com ela. Eu consegui um emprego em um café e foi lá que conheci seu irmão. O que quero dizer é que... Desde o momento, o Erick sabia quem eu era: uma garçonete descuidada. Porém, eu não tinha a menor ideia de quem seu irmão era ou sobre sua vida financeira. Eu estava sozinha. Então, aceitei sair com ele e logo começamos a namorar... Fiquei surpresa quando soube de tudo o que vocês são. E agora... Me sinto culpada.— Eu não entendo. O Erick já nos contou sobre o romance de vocês dois. Onde quer chegar? Tem alguma dúvida sobre o casamento? — Perguntou demonstrando preocupação.— É que agora... Vocês são legais comigo. E querem me sustentar... E eu estou começando a me sentir mal por isso. E as palavras do Thomas começam a fazer sentido. — Digo enquanto esperava o garçom trazer os pedidos que havíamos feito, eu nem sequer fazia ideia de que um almoço no shopping poderia custar o dinheiro que eu levava a semana toda, somando as horas extras para conseguir, mas para ela parecia casual.— O Thomas lhe disse mais alguma coisa?— Durante a madrugada, eu me perdi dentro da casa. Acabei entrando em uma sala com quadros, e o Thomas me encontrou lá. Ele disse que sabe que quero me aproveitar de vocês e me ofereceu dinheiro para ir embora. Isso me deixou tão pensativa...— Meu Deus! E você contou isso ao Erick? A galeria é um lugar especial para o Thomas, ninguém entra lá. Imagino como ele deve ter ficado nervoso.— Eu não contei ao Erick e não vou. Mas, se eu pensar um pouco e olhar tudo isso com outros olhos... Faz sentido que ele pense assim. E se eu for morar na casa, darei mais razões para que ele desconfie de mim. A garota pobre sustentada pela família do noivo rico.Ela deu um sorriso e segurou na minha mão: — Só o fato de se preocupar com isso, já mostra que você não é uma aproveitadora. Chloe... Esqueça o Thomas. Quero que olhe tudo isso com outros olhos... O Erick já teve muitas namoradas. Sempre garotas interesseiras e baderneiras. Desde chantageadoras a falsas grávidas. Depois disso... Minha mãe passou a agir com mais cuidado em relação às noras. Não quero te assustar, mas pode ter certeza de que ela sabe tudo sobre você, desde a sua conta bancária a multas de trânsito. Ela tem recursos para isso. E quando ela te convidou para morar conosco, não é apenas por você, mas por todos nós. Acredite... Você vai pagar por isso.— O que quer dizer com "Você vai pagar por isso"?— O Erick está muito apaixonado por ti. Tem falado de você o tempo todo. Ela sabe que, mesmo que fosse contra esse relacionamento, não teria sucesso em separá-los. E convidá-la para morar conosco é uma forma de controle. Ela conseguirá se assegurar de que você não fará nada que nenhuma das outras tenha feito... Chloe, meu pai é um homem muito rico. Mas, no meio em que vivemos, dinheiro não é a única coisa que importa e, para um homem que quer arriscar uma carreira política, nada é mais importante que a imagem.— Você acha que eu represento uma ameaça à imagem de seu irmão?— Ele tem tomado cuidado, não é?— Sim. Ele me disse que não quer os jornalistas me incomodando.— Não significa que você representa uma ameaça à nossa família. — Ela sorriu: — Talvez longe disso. Mas, quando se trata da mídia, todo cuidado é pouco. Eu, por exemplo... Estou há meses vivendo dentro daquela casa. Não tenho uma vida como os adolescentes comuns, tudo pela imagem da família e, infelizmente... Se quer se casar com o meu irmão, terá que fazer escolhas difíceis. Minha mãe não está te oferecendo um lar... Ela está pedindo sua liberdade. Pela imagem da família e pelo relacionamento de vocês. Eu quero que você aceite a proposta, mas entenda que não é um ato de caridade. No final das contas, você está oferecendo muito mais do que imagina.— E o que eu faço?— Você ama o Erick?— Sim. Eu o amo muito.— Então, aceite o convite de minha mãe e facilite as coisas para você.

Minha querida leitora do meu coração obrigada por ler mais um capítulo!

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